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Sobre Leo Gonçalves

Leo Gonçalves é poeta, tradutor, curioso de teatro, música, cinema, política, culinária, antropologia, antropofagia, etnopoesia e etnologia, vida, educação, artes plásticas etc.

Próxima parada: ZIP na Casa Una

A ZIP que antes era um evento anual ou menos que isso, foi promovida recentemente a evento itinerante. Isso gerou um resultado incrível, vide o saldo mais que rico para quem esteve no Centro Cultural entre os dias 17 de março e 16 de abril de 2011. Aquilo não foi apenas uma mostra de poemas e de poetas. Muito mais que isso, a Zona de Invenção Poesia & fez jus a este & que lhe sucede. Encontros inusitados, aproximação entre poetas de pelo menos três gerações não apenas mineiros. Reencontros entre aqueles poetas da diáspora mineira (eu incluso) e os que permanecem nas alterosas. Reverberações verbivocovisuais ou, usando a expressão dos curadores, reverbivocovisuais preenchendo espaços com inesperada poesia e uma alegre didática da invenção, tecnologia criativa digna de ser exportada para os quatro cantos do país.

Quem não pôde acompanhar a ZIP que rolou entre março e abril, e mesmo quem pôde, poderá curtir agora a nova sessão, que começou na última quinta-feira. Mas não vá achando que vai ver um evento repetido. A Casa Una recebe até o dia 03 de junho a exposição itinerante que será regada com rodas de conversa, performances, oficinas e muito mais.

Quanto a mim, estarei por lá no próximo dia 12 às 19h30 para um bate-papo ao lado de Marcelo Dolabela. A conversa será intermediada por Chico de Paula e Ricardo Aleixo.

A Casa Una fica na Rua Aymorés, 1451/Casarão – segundo andar.
Você fica sabendo da programação completa no site:

www.casauna.com.br

Lançamento: Silas de Sérgio Fantini

Dia 10 de maio, terça-feira,
às 19 horas.
Restaurante Casa dos Contos
Rua Rio Grande do Norte, 1065, Funcionários
Belo Horizonte – MG

O livro reúne a novela “Diz Xis”, lançada originalmente há 20 anos (e relançada em 2000, pela editora Dubolso, no volume “Materiaes”), e quatro contos onde está presente o mesmo personagem que dá nome à coletânea. Desses quatro, dois foram publicados em 1986, na antologia “Contos Jovens”, da editora Brasiliense; um está no livro “A ponto de explodir” (2008) e o outro é inédito. Com posfácio de Francisco de Morais Mendes e texto de quarta capa de Sebastião Nunes.

Fukushima exemplo contra o nuclear

O sistema nuclear é fundamentalmente insustentável, os acidentes são estatisticamente inevitáveis. Cedo ou tarde, outras Chernobils e outras Fukushimas acontecerão, provocadas por erros humanos, problemas de funcionamento internos, tremores de terra, acidentes de avião, atentados ou acontecimentos imprevisíveis. Parafraseando Jean Jaurés, pode-se dizer que o nuclear traz a catástrofe como a nuvem traz a tempestade.

(Trecho do artigo “Fukushima”, de Michael Löwy, publicado no dia 15 de abril no blog da editora Boitempo e traduzido por mim).

Comentários pós Fliv

Os resultados tão positivos do Festival Literário de Votuporanga têm sido o assunto principal para este Salamalandro que vos fala. Experiências com eventos são sempre arriscadas. Raros são aqueles que caminham de vento em popa até o final, especialmente nas condições em que trabalhamos, com orçamento baixo e contando, muitas vezes, apenas com o entusiasmo de todos.

Ainda há muito chão pela frente, muito o que aprimorar e reformular. Mas nenhum percalço impediu que o Festival acontecesse repleto de surpresas boas e com tantas conversas animadas. Como bem lembrou Ignácio de Loyola Brandão, ter sido um dos pioneiros do evento (que promete crescer daqui pra frente), além dos diálogos subsequentes com tantos bons autores e com um público curioso e cheio de vontade são motivos de muita alegria.

Para mim a grande novidade foi a colaboração com o Clube de Autores para a curadoria do evento. Posso considerar que o êxito da experiência foi alto, não só pelas escolhas, mas também pelos inesperados encontros surgidos entre os próprios autores, a organização e principalmente com o público.

Do convite e as primeiras conversas com Paulo Santos, do Clube de Autores, e com Fabiana Motroni de Almeida (principal interlocutora nessa curadoria) aos encontros ao vivo e a cores na cidade de Votuporanga, há muito o que comentar e agradecer. Se as coisas caminharam bem, isso se deve antes de mais nada à dedicada organização de Karina de Moraes e Cibeli Moretti, as organizadoras do evento.

Eliane Godói, secretária da educação, cultura e turismo de Votuporanga merece ser parabenizada. O trabalho dela é um exemplo a ser seguido: sempre cuidadosa com os detalhes, ela viabiliza com toda a simpatia e capacidade de diálogo os meios para que o turismo fomente a cultura e esta fomente a educação e assim por diante. Eliane sabe que Cultura não é perfumaria.

Agora é nos prepararmos para a Fliv 2012.


Festival Literário de Votuporanga

Começa hoje e vai até o dia 1º de maio o Fliv – Festival Literário de Votuporanga. Tive a honra de participar da curadoria, em parceria com o Clube de Autores. Os bate-papos serão exibidos ao vivo via facebook. Não é necessário estar inscrito para acessar a página. Você pode acompanhar as notícias do evento no: www.flivotuporanga.com.br

Uma semana de muita literatura com a seguinte programação:

25/04 às 20h

Ignácio de Loyola Brandão

26/04 às 17h30

Luiz Roberto Guedes e Lourenço Mutarelli

27/04 às 17h30

Frederico Barbosa e Ricardo Aleixo

28/04 às 15h

Fabrício Carpinejar

29/04 às 17h30

Ana Rüsche, Andrea Catropa e Estrela Leminski

30/04 às 17h30

Katia Canton

01/04 às 15h

Maurício Kubrusly

Um poema de Anderson Almeida

Guerra

Para Leo Gonçalves

Você para –
e se depara
com o guepardo.

Fogo nativo,
na noite
ativo.

Você para –
e o guepardo
repara.

Suas fibras
sem grades
se compassam.

Nas patas,
a pausa
se aperta.

Nos pés,
o passo
passa.

A espádua,
a espada
do guepardo.

A sua,
o olhar
crispado.

Ele dispara
e você, calado,
só encara.

(Seu corpo,
do medo,
isolado.)

Você, quieto,
ao seu embalo
se iguala.

Ele, solto,
a você imóvel
se equipara.

O respeito
mal resvala
a face felina

e o ataque,
cedo certo,
desanima,

e o anteparo
dessa ruga
lhe ampara.

A fera
se equipa
de cautela

e a estátua
em suas patas
se hospeda.

.

II

Outra arma
entre os dois
se aloja.

Fogo-falo,
contra a noite
feito fraco,

a distância,
a armadura
dessa arma.

O abuso
dessa ajuda
os ultraja

e o guepardo
se vira
contra a besta,

que de lá
já aponta
para a fera.

(Fulo,
você folia
por sua guerra.)

O guepardo,
ora irado,
se destaca –

predador
que voa
como pedra.

O estalo
do tiro
não o abala:

ele dispara
a si
contra a bala.

Anderson Almeida (1977), poeta belorizontino, foi premiado em vários concursos de poesia e não publicou nenhum de seus livros. Participou recentemente do livro Intervalo, respiro, pequenos deslocamentos – ações poéticas do Poro. Considero-o um dos mais consistentes da minha geração e para mim é uma imensa honra ter um poema dele dedicado a mim e honra tão grande quanto esta é poder publicá-lo aqui no Salamalandro. Valeu Anderson!