Sábado próximo, dia 21/04, tem lançamento de Pesado demais para a ventania, antologia de poemas de Ricardo Aleixo. O livro sai pela Todavia, editora paulistana que já tem um catálogo bonito. O livro do Ricardo chega em boa hora. Festejemo-lo.
O que: lançamento do livro Pesado demais para a ventania, de Ricardo Aleixo.
Quando: Sábado, dia 21 de abril de 2018 a partir das 16h
Onde: Livraria Crisálida – Avenida Augusto de Lima, 233 sobreloja 25 (Edifício Maletta, segundo piso).
Participo, no próximo domingo, do lançamento desta revista de que tanto gosto da capa ao miolo, das letras pretas ao editorial, das pessoas envolvidas à forma de fazer.
O lançamento acontece das 10 às 13h do dia 28 de junho, em Belo Horizonte, no Sindicato dos Jornalistas (Av. Álvares Cabral, 400). Ouvi dizer que a palavra vai girar por lá, ferir os ouvidos, limpar os canais da audição.
Dividido em 3 partes, o trabalho de fôlego feito por Ricardo Domeneck para a revista Babelsprech já pode ser lido. Lá se faz um panorama variado do que se produz hoje em dia no Brasil, assumindo desde o princípio a dificuldade e a insuficiência da empreitada e cumprindo com a apresentação de uma grande diversidade de linguagens presentes naquilo que podemos chamar de “poesia”. É um trabalho ao mesmo tempo monumental, arriscado, curioso e, por que não dizer, poético. E digo isso, não somente porque tive a honra de figurar entre os citados.
É sempre complexa a tarefa de dar um panorama da poesia contemporânea, de onde quer que seja, sem cair no jogo da canonização antecipada, no jogo da falsa ordenação, no mero juízo de valor, dentre outras coisas. A tentação de fazer o recorte e jogar formol em cima é sempre imensa. Nada mais difícil que falar do que está vivo, pulando e pululando ao nosso redor. Além disso, a grande tradição crítica do Brasil é a de uma busca infundada de uma certa civilidade nacional que, a bem da verdade, não existe e que, principalmente, não é necessária. Tudo isso é possível. Vá lá ver.
Clique nos links abaixo, afie seu inglês, tenha ao lado um bom dicionário e divirta-se:
A sequência de lançamentos de Use o assento para flutuar pode não ter configurado (felizmente não configurou) um best-seller. Mas considero que tudo fluiu de vento em popa. Foram 5 eventos em cidades diferentes, a maioria deles com desdobramentos subsequentes e, sempre, muita boa interlocução.
Funarte/SP
Em São Paulo, organizar o evento na Funarte foi um desafio. Em primeiro lugar, foi a primeira vez que fiz algo meu, por minha completa conta e risco. Queria, além de lançar o livro, aproveitar outras coisas: estrear a performance Poemacumba, ao lado da dançarina Kanzelumuka, explorar um espaço que não fosse tradicionalmente destinado à literatura (a poesia está mais próxima das outras artes que da literatura, essa lição do Pound é sempre um aviso em meus ouvidos). Ocupamos a Sala Guiomar Novaes, sala que sediou, entre muitas coisas incríveis, a gravação do disco Às Próprias Custas S. A., do Itamar Assumpção.
Muitos amigos me perguntaram por que foi que eu quis organizar um evento na cracolândia. De nada adiantou dizer que a Funarte não é a cracolândia. Concluí que os paulistanos desacostumaram de usar sua cidade. Mesmo assim, a noite foi bem movimentada, com convidados ilustres e, alguns, vindos de longe.
Londrix
Em Londrina, a programação esteve intensa. Lançamento, bate-papo sobre performance, conversa com os poETs e Poemacumba fechando toda a programação do Londrix. Aquela é uma cidade extremamente literária, com pessoas interessadas e interessantes. Um lugar de onde tem irradiado um pouco do melhor que se produz(iu) na literatura recente brasileira. Tive a grande honra de estar com minhas amigas Samantha Abreu e Beatriz Bajo, e também com Marcos Losnak, Rodrigo Garcia Lopes, Marcelo Montenegro, Maicknuclear, Fernanda Magalhães, Ronald Augusto, Ricardo Silvestrin, Alexandre Brito, Ricardo Aleixo. Sempre com conversas instigantes e criativas.
Destaco um grande momento: a apresentação da performance-espetáculo. Yá Mukumbi fez uma deliciosa feijoada seguida de um samba de roda que sacudiu a tarde. Ao vestir a minha beca branca, me vi novamente exu. Percebi que devia fazer diferente: fui até a cantora, a própria mãe Mukumbi, pedi minha benção e convidei os presentes a assistirem nossa cena. Kanzelumuka estava radiante. O ngunzu, a energia desse momento foi das mais potentes que experimentei. E confirmei o que eu já supunha: o de que há no poeta um pouco desse papel mercurial, de comunicador, de religador de mundos que está presente nos Pelintras de todo o mundo.
Belo Horizonte
No dia 15 de setembro, participei de dois eventos seguidos: o lançamento do livro, na Casa Una, e o Dia Cage, no edifício Maletta, organizado pelo Ricardo Aleixo (que por sua vez também participou do meu lançamento).
Muito bom revisitar minha própria cidade nesse contexto. Eu cresci às margens do fedorento Rio Arrudas e sempre me vi forçado pela vida a transtornar minhas atividades com coisas que me são alheias. Aparências, jogos sociais, fantasiações, falsas peles. Não se trata de alcançar prestígio pelos meus escritos. Não estou afim de constituir uma suposta “carreira”, pelo que de profissional que há nessa palavra. Quero apenas que minha palavra seja o que sempre foi: uma busca pela terceira margem do rio.
A presença dos meus amigos-poetas (os novos e os antigos) no lançamento do livro foi, para o meu íntimo, uma consolidação do que considero o essencial: poesia-vida a pulsar e impulsionar as relações humanas em meio a um mundo hostil. É por isso que, aconteça o que acontecer, minha poesia vem desse Belo Horizonte que tanto me esforço em contestar, criticar, questionar. Desse Belo Horizonte que, no fundo, sempre será, para mim, uma utopia. Desse Belo Horizonte que sobrevive a todo bolor, todo o pseudotradicionalismo, todo o belorizontem, toda a melancolia, todo o patriarcalismo. Minha Beagá rebelde e viva, conforme vejo no carnaval e em todas as falas libertárias dos de lá. A Beagá da gente que baila. Comprovamos juntos que, para haver amizade entre poetas, não é necessário com isso que se faça políticagens literárias.
O lançamento durante a tarde foi um sucesso, com performances, leituras e gente bonita. Depois de lá, fomos para o Edifício Maletta, onde tudo se completou. Nenhuma melhor homenagem possível do que a John Cage, o que sabia que um som é um som apenas. Um som. Toda a beleza creditada ao som. Sem o sentido. Em meio performances diversificadas, trabalhos plásticos, visuais, sonoros e outros barulhos, apresentei o poema “Ñe’ẽ”. Quem não viu, quem não viveu, perdeu. Mais não posso dizer.
Paraty
Me apaixonei por Paraty. A linda cidade que ainda mal conheço, me recebe sempre com muito carinho, interesse. No dia 20 de setembro, ao desembarcar na rodoviária da cidade, fui recebido por Luiza Faria já cheio de afazeres e conversas agendadas. O céu preparava uma chuva fina. A noite começaria com uma roda de jongo repleta de crianças. Em seguida, uma conversa com Ronaldo do Campinho, Ovidio Poli Junior e Flávio Araújo. Para fechar a noite, lançamento do livro no bar Camoka Botequim Arte Café.
Para minha grande surpresa, ainda ganhei um presente: a estreia mundial (declarei isto aos risos por lá), do vídeo “TRANSatlântico”, realizado por Lia Capovilla e Renato Padovani, com produção de Luiza Faria. No vídeo, vocalizo o poema homônimo do livro.
Esse evento consolida uma parceria iniciada durante a Off Flip de 2011, reforçada este ano e que, tudo caminha para isso, virá com toda força em 2013. Foi uma palhinha. Uma Off da Off. Os eventos de Paraty contaram com o apoio e o patrocínio da Plural cursos e serviços em informática, do restaurante Sabor do Mar, da Letreiros Valentim e do Camoka. Nada mal para um livro que ainda se encontra na pista de decolagem (e talvez nunca vá levantar voo).
Rio de Janeiro
Palavras de acordar o corpo. Eu e José Geraldo Neres demos este nome à noite em que lançaríamos o, dele, Olhos de barro e o, meu, Use o assento para flutuar no CCJF, em plena avenida Rio Branco, na região central do Rio de Janeiro. Naquela noite também choveu. Mas não foi por isso que deixamos de curtir. Afinal, quem mediava a mesa de debate era Elaine Pauvolid, a poeta de O silêncio como contorno da mão. Luiz Horácio Rodrigues e Tanussi Cardoso também participavam da conversa, fazendo o excelente e necessário papel de críticos. Poderia ter sido só mais um papo, mas havia, por detrás daquela conversa um grande entusiasmo. Tanto que o Tanussi acabou nos presenteando com um grande texto no qual (palavras dele) ele não teve que dar tapinha nas costas. A plateia também se entusiasmou e a conversa se prolongaria por horas, não fosse o horário.
Cep Vinte Mil
Para fechar com chave de ouro a programação carioca, participei do Cep Vinte Mil ao lado do meu amigo Renato Negrão. A princípio, eu apresentaria a performance que estou desenvolvendo que levará o título de “Em caso de incêndio”, mas ao contar com a parceria do meu bróder, fizemos um mix de textos meus e dele (o Negrão lançou recentemente seu novo livro Vicente viciado, pela editora Rótula). Ao fundo, um vídeo produzido pelo Negrão e à frente, nossas próprias palavras jogadas no vento. Tivemos a doce participação da Cristhina Santhos, comissária de bordo da noite. Performamos na boa, divertidamente, e tivemos vontade de mais (convidem-nos!).
Lá pelas tantas, voltei ao palco para “ferir os ouvidos” da plateia com um último poema, o “Poética”. Assim fechei aquela noite do Cep e a miniturnê de lançamentos. Mas não acabou de vez: continuo aberto a propostas. Terei prazer em performar e caminhar.
O lançamento belorizontino de Use o assento para flutuar será amanhã, sábado, dia 15 de setembro, das 14h às 17h, na Casa Una (Rua Aimorés, 1451 – Lourdes). Será um dia de programação intensa. Convidei alguns poetamigos que ler, performar, vocalizar poemas meus e deles. A programação começa às 15h e terá:
VO(O – Coro de Vozes Comuns
Marcelo Sahea
Mariana Botelho
Benjamin Abras
Thais Guimarães
Renato Negrão
Michel Mingote
Bruno Brum
O Fan é sempre um acontecimento instigante. Conceitualmente bem estruturado, chegou à sua sexta edição aos trancos e barrancos, superando a (má) vontade política e todo tipo de percalço próprio de tudo o que se tenta fazer culturalmente no país. No seu longo histórico, já teve presenças inesquecíveis como a dançarina senegalesa Germaine Acogny (em 2006) e seu filho Patrick Acogny (em 2009). Inesquecível foi também a enorme exposição da memória da escravidão (em 2002, se não me engano), a revista Roda, o show de Jards Macalé com as Orquídeas.
A programação deste ano não deixa para menos. Homenagem ao Mestre Jonas, leitura-concerto com os poetas Abreu Paxe (Angola), Nina Rizzi (Fortaleza), Ronald Augusto (Porto Alegre) e Sebastião Salgado (Rio de Janeiro), oficinas de dança e de moda, muita música. Destaque especial para a presença da belíssima cantora Susana Baca, a embaixatriz da música afro-peruana e do artista pop senegalês Youssou Ndour, atual ministro da cultura de seu país.
Uma festa para quem (como eu) gosta de diversidade e exuberância.
Clique no link para saber mais e mais sobre o Fan: www.fanbh.com.br
Ricardo Aleixo e Mariana Botelho estarão amanhã, dia 27/08, às 19h na Casa das Rosas participando dos Diálogos Poéticos. Aproveitarão para autografar seus livros Modelos vivos e O silêncio tange o sino.
Dica: Quem estiver em BH na próxima quarta, dia 22 de junho, não deve perder as performances do Ricardo Aleixo e do Marcelo Dolabela, às 10h30, no encerramento da exposição Marginália e experimentação, que integra do ciclo de conferências Sentimentos do Mundo, coordenado pela poeta e professsora Ana Caetano. Aproveitem por mim.