Arquivo mensais:setembro 2007

zé celso & os sertões no rio de janeiro

há mais ou menos um ano atrás, eu e patrícia assistimos à primeira apresentação integral da peça “os sertões” do grupo oficina uzyna uzona, comandado por zé celso martinez corrêa. trata-se de uma obra monumental, apresentada em cinco dias, com cerca de 5h por apresentação. a epopéia de euclides da cunha, em cena, se divide em “a terra”, “o homem I – do pré homem à revolta”, “o homem II – da revolta ao trans-homem”, “a luta I” e “a luta II”. 25 horas de teatro em alta voltagem. poesia, ritual, música, oficina de humanizar. a peça marca para mim uma verdadeira mudança de paradigma. mudança de rumos. último capítulo de uma longa história que começou no dia em que comecei a gostar de arte. última fase da última limpeza que fiz nas minhas “portas da percepção”. assisti à peça depois de haver escrito “uma festa bacana”, poema que traz muitos elementos da peça, assim como uma prosa delirante e inédita que somente a minha namorada conhece, e que li para ela no última madrugada da nossa estada em são paulo, de 25 para 26 de setembro de 2007, logo após assistirmos “a luta 2”. a peça de zé celso me corroborou.

assim como outras peças do oficina, “os sertões” é um capítulo da luta que o grupo trava contra o grupo sílvio santos (ss) há 25 anos. “as bacantes”, “boca de ouro”, “ham-let”. isto porque o teatro está construído exatamente no lugar onde sílvio santos planeja construir um imenso shopping center. uma história sórdida que está documentada no site do oficina e que merece ser acompanhada na íntegra. uma guerra de davi e golias, a velha guerra entre arte e capitalismo.

numa entrevista à revista folhetim, zé celso comenta:

“o teatro oficina é uma coisa muito estranha porque não é mais nem uma metáfora: eu comecei não querendo entregar o teatro, quando voltei do exílio, por uma questão até de birra, porque saí de lá à força, com a polícia invadindo etc. e de repente, eu me vi pensando: “não, eu podia fazer exatamente tudo que eu faço em outro lugar, como posso fazer todas as peças que faço noutro lugar, mas, se eu fizer nesse lugar, eu vou ter mais problemas e, conseqüentemente, esses problemas vão me inspirar mais, porque se trata realmente de ver até que ponto existe um poder na cultura e na arte e qual é o confronto que elas estabelecem com as forças reais da sociedade, até que ponto o teatro tem algum poder.”

agora, no princípio de outubro, a peça “os sertões” se apresenta mais uma vez na íntegra. desta vez, no rio de janeiro, depois de ter passado pelo recife e salvador em uma mini-turnê (que infelizmente não inclui belorizontem) a obra se insere na programação da 8º riocenacontemporânea.

para mais informações:

www.riocenacontemporanea.com.br
www.teatroficina.com.br

release: lançamento do livro com/posições de juan gelman

Lançamento nacional do livro Com/posições de Juan Gelman, em tradução de Andityas Soares de Moura acontece no sábado, dia 29 de setembro a partir das 10h da manhã na Livraria Quixote, em Belo Horizonte.

Sábado, dia 29 de setembro, a partir das 10h da manhã, na livraria Quixote, acontece o lançamento do livro Com/posições, obra de um dos artistas mais participantes no cenário cultural e político da atualidade. Juan Gelman vem se destacando por sua dupla atuação como poeta e jornalista. Autor de mais de 3 dezenas de livros, sua obra vem pouco a pouco aparecendo também no Brasil graças ao esforço de alguns poetas tradutores. É o caso de Andityas Soares de Moura que, tendo traduzido o livro Isso (Editora UnB, 2004) para a coleção Poetas do Mundo, em parceria com Leonardo Gonçalves, lança agora a tradução de Com/posições, um de seus livros mais expressivos.

Com/posições é um livro híbrido, onde o autor recria diversos poetas árabes e judeus antigos fazendo deles ao mesmo tempo parceiros e heterônimos de Juan Gelman. Assim, os autores “traduzidos” vão desde o rei Davi até a poetas árabe-espanhóis da idade média, o período conhecido como Al-Andaluz. Mas a escolha dos poemas ali presentes não é sem razão: o argentino se vale das vozes antigas para falar de sua própria condição de exilado.

A primeira edição desta obra em língua castelhana se deu em 1986 e os poemas foram escritos entre 1984 e 1985, período em que ainda se comia os frutos da ditadura militar argentina (1976-1983), uma das mais sangrentas e cruéis da história. Gelman foi uma das vítimas mais célebres do regime militar. Em 1976, pouco depois do golpe, os militares invadiram a casa do poeta, seqüestraram o seu filho e sua nora, Marcelo e Claudia (que estava grávida) e os levaram a um campo de concentração no Uruguai onde foram mortos e desaparecidos. Gelman continuou vivo, pois já havia conseguido asilo político na Europa e passou a seguir numa busca revoltada e incansável por notícias do neto (mais tarde saberia que era neta) e os restos mortais do filho e da nora. Em 1989 o governo militar encontrou as ossadas de Marcelo e somente em 2000, apareceram notícias de sua neta e Claudia, por sua vez, a despeito da campanha internacional que se deu durante todo o período, segue desaparecida e a causa dada como perdida.

Com este episódio lamentável, Gelman manteve-se em constante revolta e não silenciando jamais as iniqüidades do governo militar. Entretanto, uma marca de sua poesia é uma imensa ternura e uma grande manifestação de amizade para com o seu povo. O escritor Júlio Cortázar, num artigo de 1981, comenta: “Talvez o mais admirável em sua poesia seja sua quase impensável ternura ali onde mais se justificaria o paroxismo do rechaço e da denúncia, sua invocação de tantas sombras por meio de uma voz que sossega e arrulha, uma permanente carícia de palavras sobre tumbas ignotas”.

Gelman vem sendo traduzido para vários idiomas e vem também acumulando diversos prêmios pelo mundo afora. Entre os prêmios principais destacam-se os seguintes: Nacional de Poesia 1993-1996 (Argentina, 1996), Literatura Latinoamericana y del Caribe Juan Rulfo (México, 2000), José Lezama Lima – Casa de las Américas (Cuba, 2003), LericiPEA (Itália, 2003), Pablo Neruda (Chile, 2005), Premio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana (Espanha, 2005). Sobre sua inventividade poética, comenta o poeta paulistano Haroldo de Campos: “Eu considero o Gelman, hoje, um dos maiores poetas da língua espanhola em geral e, também, no nível internacional. Por isso, temos de divulgar a sua poesia.”

O livro, além de trazer na íntegra os poemas “Com/posições” (Com/posiciones, no original), traz também um precioso prefácio do tradutor e uma entrevista com os tradutores brasileiros Andityas Soares de Moura e Leonardo Gonçalves, originalmente publicada em 2005 no Suplemento Literário de Minas Gerais.

Para maiores informações, consulte os sites:

www.crisalida.com.br
www.juangelman.com (este site em espanhol é mantido pelo próprio autor)

negras imagens em movimento

por Regina Barbosa da Silva

Difundir a cultura negra brasileira e promover reflexões sobre as relações étnico-raciais no Brasil por meio de vídeos e filmes. Esse é o objetivo do “Projeto Negras Imagens em Movimento – Espaço Cultural Palmares: Cultura e Ações Afirmativas na UFMG”, resultado de uma proposta feita pela Fundação Cultural Palmares ao Programa Ações Afirmativas na UFMG (veja Box). O trabalho, voltado para comunidades periféricas de Belo Horizonte e arredores, é realizado onde os membros do projeto já mantêm algum contato ou onde são convidados a levar as mostras. A idéia é articular a exibição dos filmes com a realidade das comunidades e com as atividades culturais que elas realizam. Para isso, a equipe faz visitas aos locais, levanta dados sobre os grupos e os movimentos sociais existentes, bem como dos problemas e das questões colocadas pelos moradores.

matéria escrita para o site “tubo de ensaio” da faculdade comunicação (fafich). para lê-la na íntegra, clique aqui.

o limpador de chaminés

na neve um ponto negro vai
chorando ‘arre ‘arre em tom de ai!
onde seu pai & sua mãe hão de estar?
eles foram para a igreja rezar.

porque alegre as urzes me mostro,
e sorrio sob a neve que cai:
me vestiram as vestes da morte,
e me ensinaram o canto em tom de ai.

e porque alegre cantei & dancei
eles pensam que não me ferem:
e vão louvar a deus & seu padre & o rei
que criam um céu da nossa miséria.

é um poema de william blake que traduzi em parceria com o mário alves coutinho em “canções da inocência e experiência” (veja a capa aí do lado). em destaque, os dois versos que mais combinam com a minha revolta neste instante. tão brasil.

com a palavra, o excelentíssimo senador renan calheiros

minha absolvição pelo plenário do senado é uma vitória da democracia brasileira. uma vitória de todos os que continuam acreditando na verdade e no sentido de justiça; uma vitória do senado, que comprovou, através do voto, sua isenção e responsabilidade.

(acho que isto merece resposta. no site dele tem uma sessão fale com renan. sugiro a todos que entrem lá e falem com ele, então: www.falecomrenan.com.br)

monopólio da microsoft gera a maior multa da história

o tribunal de primeira instância da união européia respaldou a maior parte da decisão da comissão européia (CE) de punir a microsoft por abusar de sua posição de domínio e confirmou a histórica multa de US$ 690,3 milhões (497,2 milhões de euros) imposta ao gigante da informática. a corte havia condenado a Microsoft em 2004 por aproveitar-se do monopólio de seu sistema operacional windows para expulsar do mercado outros concorrentes, e que, além disso, não forneceu as informações necessárias para fabricar produtos compatíveis com seu sistema. o departamento de justiça dos EUA disse, por sua vez, que está “preocupado” sobre a decisão “unilateral” da corte de primeira instância contra a microsoft, afirmando que “isso pode prejudicar consumidores e desencorajar a inovação”.

(para ler mais, clique aqui: FDsP)