Arquivo mensais:setembro 2007

uma senhora festa-poema

tá lá no blogue do marcelo sahea: no dia 23/09 acontecerá o mais longo sarau da história, organizado por Menezes y Morais (que até contactou o pessoal do Guiness Book). é o sarau da primavera que já tem em sua programação 100 horas de poesia. das 20h do dia 19 (quarta-feira) à zero hora do dia 23 (domingo) de setembro, no clube da Imprensa, lá em brasília. lançamentos e relançamentos de livros e cds de autores residentes na capital, além de programação cultural paralela. quem estiver em brasília não pode perder.

andityas soares de moura numa vídeo-conferência sobre juan gelman

aí está o meu parceiro e comparsa numa vídeo conferência sobre um de nossos poetas favoritos. o vídeo tem 57 minutos e a conferência é realmente muito instrutiva. vale a pena conferir.

o evento fez parte da série panorama arte e cultura, que é promovida juntamente com a diretoria de arte e cultura da puc minas. o projeto biblioteca digital multimídia é uma parceria da puc minas com o instituto embratel 21 e cerca de outras dez instituições universitárias e culturais. a transmissão foi feita através do portal do conhecimento, com direção e apresentação do professor haroldo marques.

a ditadura militar acabou ou não?

uma cena que não sai na imprensa: um menino de dezesseis anos pega o ônibus para sua casa na periferia de belo horizonte. acontece uma batida policial no meio do caminho. confusão e tiros. um cidadão é atingido. o garoto corre para socorrer e os policiais assustados não querem deixar. o menino nervoso começa a gritar, a insultar. um dos policiais decide: desacato à autoridade. e desce a porrada no menor de idade. assim. em público. na frente de todo mundo. em casa, horas mais tarde, o garoto ouve um sermão da mãe. algumas pessoas dizem que é necessário denunciar, mas a família acha que “essas coisas acontecem”, que é melhor “deixar na mão de deus”.

na verdade, fazendo um diagnóstico, o que deixa a gente revoltado diante dessa situação é que no fundo no fundo, todos estão morrendo de medo. o policial não sabe em quem ele bateu, o garoto não pode denunciar porque a polícia pode ameaçar a família, a família quer entregar nas mãos de deus para não continuar tendo problemas com ninguém, nem com a lei da favela, nem com a do governo. e a revolta só sobe de nível, enquanto quem manda no brasil é uma deusa chamada apatia. até quando, isso é o que eu não sei.

quanto custam os seus sonhos?

para completar minha revolta, meu computador voltou a botar aquele recadinho assim: “seu computador pode estar em risco: você está utilizando uma versão não autorizada do windows.” através da internet, a microsoft entra no seu computador e faz a inspeção para saber se você está usando uma versão pirata ou não. mas no seu aparelho, você coloca: sonhos, desejos, planos, planilhas, organizações, cartas de amor e cartas a você mesmo, paixões, projetos. de certa forma, a sua vida está lá dentro. o risco de que fala aquele recadinho da microsoft é o de ela vir e apagar os seus sonhos como se fosse o vento sobre a areia. já estou substituindo o word pelo writer do open office (o programa é muito mais inteligente e não faz nenhuma chantagem, pelo contrário, me incentiva a colaborar). como meu aparelho é usado por toda a minha família (ao todo 7 pessoas), ainda não tive a coragem de chutar o balde e passar para o ubuntu, como fez a lenise, mas farei isso em breve. paciência tem limites. (para quem não sabe, o ubuntu é um sistema operacional que substitui o windows – e, diga-se de passagem, mais inteligente e colaborativo, também). detalhe para quem leu a mensagem abaixo: o open office (a versão brasileira se chama br office) já transforma o arquivo de word, jpg, excel e tudo mais em pdf, se vc precisar. sem choro nem vela.

você no meio de uma guerra mercadológica

estive ontem em guerra. precisava transformar um arquivo de word em pdf. uma exigência da ufmg para a entrega final das teses de mestrado e doutorado (era um help para um amigo). quebrei a cabeça para solucionar o problema e de repente me dou conta que estava no meio de um mato sem cachorro: a microsoft detém os direitos dos editores de texto e cia. a adobe é a dona dos programas de pdf. é um beco sem saída. claro que não pago para nenhuma das duas. felizmente tem os freepdf e open office – com uma pequena ajudinha dos amigos – para salvar a gente nessa horas. mas é uma luta idiota esta.

coincidência encontrar justo hoje os comentários sobre isso nos blogues amigos do anderson e da lenise (link aí do lado). daí eu fico me perguntando: por que tanto sofrimento? já que esse é um país de gente pobre, acho que todo mundo devia partir era para os softwares livres de uma vez. a vida seria mais simples.

11 de setembro – apontamentos para wtc babel

um esclarecimento: não faço nenhuma apologia à morte de 3.000 pessoas, assim como lamento a existência de 800 milhões de telespectadores idiotizados pelo mundo afora. o que me atentou para certos aspectos desse atentado foi me deparar com a situação de que tudo foi mostrado como um grande espetáculo no qual não nos foi mostrado um mortozinho sequer. a mídia dramatizou à exaustão a ausência dos mortos e seus recados derradeiros. todos se indignaram com um atentado que, se a verdade está estampada de fato nas notícias de imprensa (talibã, al-qaeda, fundamentalismos etc), não passa de uma reação ao abuso do poder pelo mundo afora que não cessou nem mesmo com o fim de ditaduras e as declarações de liberdade dos países. todo esse acontecimento nos faz pensar nos 45 anos de guerra fria e suas rebordosas pelos anos 90 e 2000 afora. o que foi essa influência dos EUA sobre o mundo? fazendo um balanço, foi positiva? existe algo de positivo nela? e os poetas, em relação a isso? eles uivam, cássio? vivemos um mundo novo depois da explosão desse aviãozinho no prédio? e o que foi feito da bomba atômica? ela continua nos ameaçando? se continua, essa bomba é aquela que não encontraram no iraque?

tenho muitas perguntas a esse respeito.

um poema de william burroughs

dia de ação de graças, 28 de novembro de 1986

agradeço pelo peru selvagem e os pombos passageiros, destinados a virar merda nas saudáveis tripas americanas.

agradeço por um continente a espoliar e envenenar.

agradeço pelos índios por garantirem uma módica dose de desafio e perigo.

agradeço pelas vastas manadas de bisões para matar e depelar e depois deixar as suas carcaças à putrefação.

agradeço pelos troféus de caça de lobos e coiotes.

agradeço pelo sonho americano, por inventar lorotas até que elas brilhem à luz do dia.

agradeço pela klu klux klan. aos policiais que matam negros e os contabilizam. às decentes beatas de igreja com suas mesquinhas, interesseiras, feias e perversas caras.

agradeço pelos adesivos de “mate uma bicha em nome de jesus cristo.

agradeço pela aids de laboratório.

agradeço pela proibição e pela guerra contra as drogas.

agradeço por um país onde a ninguém é permitido cuidar da seus próprios problemas.

agradeço por uma nação de dedos-duros.

agradeço, sim, todas as lembranças – ok, deixa eu ver o que você tem nas mãos!

você foi sempre uma dor de cabeça e uma encheção de saco.

agradeço pela última e maior traição do último e maior sonho dos sonhos humanos.

(tradução de leo gonçalves)

deixo o original (Thanksgiving Day Nov. 28, 1986) no vídeo de gus van sant

revista zunái

está no ar a versão virtual da revista zunái (www.revistazunai.com.br) que é comandada por claudio daniel e rodrigo de souza leão, além do projeto gráfico de ana peluso e um conselho editorial de peso. este número, como sempre muito bonito, tem sua iconografia baseada em reproduções do acervo do museu de cabul (afeganistão), destruído em 2002 por milicianos do talebã, e também de objetos saqueados no iraque, durante a segunda guerra do golfo. não podia calhar melhor nas vésperas do 11 de setembro.