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Marginália e experimentação

Dica: Quem estiver em BH na próxima quarta, dia 22 de junho, não deve perder as performances do Ricardo Aleixo e do Marcelo Dolabela, às 10h30, no encerramento da exposição Marginália e experimentação, que integra do ciclo de conferências Sentimentos do Mundo, coordenado pela poeta e professsora Ana Caetano. Aproveitem por mim.

Birago Diop na Modo de Usar & Co.

Os que faleceram jamais se foram
Eles estão na Sombra que se ilumina
E na sombra que se enegrece.
Os Mortos não estão sob a Terra
Eles estão na Árvore que freme,
Estão na Madeira que geme,
Estão na Água que dorme,
Estão na Cabana, estão na Massa
Os mortos não estão mortos.

Birago Diop, “Sopro” (Souffle)

Na franquia eletrônica da Revista Modo de Usar e Co., editada por Ricardo Domeneck, Fabiano Calixto, Marília Garcia e Angélica Freitas, apareceram hoje 3 poemas de Birago Diop, traduzidos por mim.

Pouca gente o conhece, mas a figura de Birago Diop tornou-se um ícone para mim. Amigo de Léopold Sédar Senghor e Aimé Césaire, era um poeta bissexto. Celebrizou-se com seu livro Les Contes d’Amadou Koumba (1947), cujo personagem central é um griot.  Na sua minibiografia na Anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue française, publicada em 1948 com prefácio de Jean-Paul Sartre, Senghor afirma: “é mais conhecido como contista. Mas na África Negra, a diferença entre prosa e poesia é mais uma questão de técnica e quão magra!”

Gosto muito de seu livro Leurres et lueurs (Présence Africaine, 1967). Especialmente os poemas “Souffle” [Sopro] e “Viatique” [Viático], nos quais o fetichismo pulula forte. Aí está um poeta para o paideuma (ou mãedeuma, segundo as tradições africanas) do Poemacumba.

Para você ler os poemas na Modo de Usar & Co., clique neste link:  www.revistamododeusar.blogspot.com

Sexta passada na ZIP

A ZIP / Zona de Invenção Poesia & estava incrível. Uma exposição de poemas-cartaz com alguns dos melhores poetas das gerações vivas, uma interessante mostra de vídeo-poemas, poesia visual, bons livros. Pela noite, presenças memoráveis, conforme você poderá ver no blogue do Ricardo Aleixo e no flyer abaixo.

Quanto a mim, tive a honra de reinaugurar e amadurecer um pouco a performance POEMACUMBA, agora com cenário concebido pela artista plástica Michelle Campos. A instalação Comida de Santo, feita com hóstias. Veja na foto um dos lindésimos de segundos em que  evoquei os nkisis para que a sala se mantivesse em estado de poesia.

Espero pronunciá-los outras vezes.

ZIP – Hoje!

E para quem ainda não se inteirou, aí vai a intimação: a partir das 19h de hoje estará rolando a ZIP – Zona de Invenç~ao Poesia &. Aviso aos sãopaulocêntricos e cariocômanos: esta Zona é um dos melhores acontecimentos de poesia desta república das letras. No comando, um time foda: Ricardo Aleixo, Chico de Paula e Bruno Brum na curadoria, Sabrina Bueno na produção executiva e Raquel Pinheiro na finalização video-instalação e Daniel Mendonça, que colaborará no apoio técnico de áudio. Serão mais de cem poetas entre os que enviarão seus trabalhos e os que estarão presentes.

A inauguração é hoje, quinta-feira, 17 de março de 2011 a partir das 19h no Centro Cultura UFMG. As outras sessões serão sempre nas sextas-feiras, incluindo amanhã.

E numa dessas, eu também estarei lá com mais uma noite de POEMAQUMBA. Fique antena!

Quer saber quem participa da ZIP? A lista é longa, clique aqui para lê-la.

Rock’n poetry no carnaval de Sampa

Para quem for ficar em São Paulo no carnaval, dia 08, terça-feira gorda, a partir das 23h tem Rebelião na Zona Fantasma. Concertopoesia de Ademir Assunção com sua banda: Marcelo Watanabe (guitarra, violão e vocais), Caio Góes (baixo) e Caio Dohogne (bateria).

A paradinha é na Coletivo Galeria. Para saber mais, dê uma olhada no site da www.coletivogaleria.com.br

Vale a pena também dar uma sacada no blogue do Ademir Assunção.

Howl (2010)

Para ler Allen Ginsberg, assim como William Burroughs e Lawrence Ferlinghetti, é preciso esquecer a geração beat. Perdemos muito tempo tentando entender o que foi o movimento poético-cultural datadíssimo que conquista seguidores anacrônicos em pleno século XXI. Tratá-lo como um beatnik é enfileirá-lo na prateleira das coisas domesticadas ou em vias de. Perde-se assim todo o poder operatório da sua linguagem. Não. Ginsberg é como Rimbaud. Sem labels. Deixe o uivo vibrar nos seus tímpanos primeiro. E depois veja o que acontece.

Estou dizendo isso como uma resposta ao apaixonado comentário do amigo Ricardo Domeneck, que transmitiu a notícia deste filme que eu desconhecia. Howl (2010), dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman. No papel de Allen Ginsberg, o ator James Franco interpreta incrivelmente o tom de voz e o estilo sarcástico-bem-humorado.