Arquivo da tag: voz

Caixa Preta

A sequência de lançamentos de Use o assento para flutuar pode não ter configurado (felizmente não configurou) um best-seller. Mas considero que tudo fluiu de vento em popa. Foram 5 eventos em cidades diferentes, a maioria deles com desdobramentos subsequentes e, sempre, muita boa interlocução.

Foto: Adriane Lopes

Funarte/SP

Em São Paulo, organizar o evento na Funarte foi um desafio. Em primeiro lugar, foi a primeira vez que fiz algo meu, por minha completa conta e risco. Queria, além de lançar o livro, aproveitar outras coisas: estrear a performance Poemacumba, ao lado da dançarina Kanzelumuka, explorar um espaço que não fosse tradicionalmente destinado à literatura (a poesia está mais próxima das outras artes que da literatura, essa lição do Pound é sempre um aviso em meus ouvidos). Ocupamos a Sala Guiomar Novaes, sala que sediou, entre muitas coisas incríveis, a gravação do disco Às Próprias Custas S. A., do Itamar Assumpção.

Muitos amigos me perguntaram por que foi que eu quis organizar um evento na cracolândia. De nada adiantou dizer que a Funarte não é a cracolândia. Concluí que os paulistanos desacostumaram de usar sua cidade. Mesmo assim, a noite foi bem movimentada, com convidados ilustres e, alguns, vindos de longe.

Foto: Adriane Lopes

Londrix

Em Londrina, a programação esteve intensa. Lançamento, bate-papo sobre performance, conversa com os poETs e Poemacumba fechando toda a programação do Londrix. Aquela é uma cidade extremamente literária, com pessoas interessadas e interessantes. Um lugar de onde tem irradiado um pouco do melhor que se produz(iu) na literatura recente brasileira. Tive a grande honra de estar com minhas amigas Samantha Abreu e Beatriz Bajo, e também com Marcos Losnak, Rodrigo Garcia Lopes, Marcelo Montenegro, Maicknuclear, Fernanda Magalhães, Ronald Augusto, Ricardo Silvestrin, Alexandre Brito, Ricardo Aleixo. Sempre com conversas instigantes e criativas.

Foto: Beatriz Bajo

 

Destaco um grande momento: a apresentação da performance-espetáculo. Yá Mukumbi fez uma deliciosa feijoada seguida de um samba de roda que sacudiu a tarde. Ao vestir a minha beca branca, me vi novamente exu. Percebi que devia fazer diferente: fui até a cantora, a própria mãe Mukumbi, pedi minha benção e convidei os presentes a assistirem nossa cena. Kanzelumuka estava radiante. O ngunzu, a energia desse momento foi das mais potentes que experimentei. E confirmei o que eu já supunha: o de que há no poeta um pouco desse papel mercurial, de comunicador, de religador de mundos que está presente nos Pelintras de todo o mundo.

Foto: Carllos Bozelli
Foto: Carllos Bozelli
Foto: Carllos Bozelli

Belo Horizonte

No dia 15 de setembro, participei de dois eventos seguidos: o lançamento do livro, na Casa Una, e o Dia Cage, no edifício Maletta, organizado pelo Ricardo Aleixo (que por sua vez também participou do meu lançamento).

Muito bom revisitar minha própria cidade nesse contexto. Eu cresci às margens do fedorento Rio Arrudas e sempre me vi forçado pela vida a transtornar minhas atividades com coisas que me são alheias. Aparências, jogos sociais, fantasiações, falsas peles. Não se trata de alcançar prestígio pelos meus escritos. Não estou afim de constituir uma suposta “carreira”, pelo que de profissional que há nessa palavra. Quero apenas que minha palavra seja o que sempre foi: uma busca pela terceira margem do rio.

A presença dos meus amigos-poetas (os novos e os antigos) no lançamento do livro foi, para o meu íntimo, uma consolidação do que considero o essencial: poesia-vida a pulsar e impulsionar as relações humanas em meio a um mundo hostil. É por isso que, aconteça o que acontecer, minha poesia vem desse Belo Horizonte que tanto me esforço em contestar, criticar, questionar. Desse Belo Horizonte que, no fundo, sempre será, para mim, uma utopia. Desse Belo Horizonte que sobrevive a todo bolor, todo o pseudotradicionalismo, todo o belorizontem, toda a melancolia, todo o patriarcalismo. Minha Beagá rebelde e viva, conforme vejo no carnaval e em todas as falas libertárias dos de lá. A Beagá da gente que baila. Comprovamos juntos que, para haver amizade entre poetas, não é necessário com isso que se faça políticagens literárias.

Foto: Mariana Botelho
Foto: Mariana Botelho
Foto: Mariana Botelho

O lançamento durante a tarde foi um sucesso, com performances, leituras e gente bonita. Depois de lá, fomos para o Edifício Maletta, onde tudo se completou. Nenhuma melhor homenagem possível do que a John Cage, o que sabia que um som é um som apenas. Um som. Toda a beleza creditada ao som. Sem o sentido. Em meio performances diversificadas, trabalhos plásticos, visuais, sonoros e outros barulhos, apresentei o poema “Ñe’ẽ”. Quem não viu, quem não viveu, perdeu. Mais não posso dizer.

Foto: Mariana Botelho
Foto: Mariana Botelho

Paraty

Me apaixonei por Paraty. A linda cidade que ainda mal conheço, me recebe sempre com muito carinho, interesse. No dia 20 de setembro, ao desembarcar na rodoviária da cidade, fui recebido por Luiza Faria já cheio de afazeres e conversas agendadas. O céu preparava uma chuva fina. A noite começaria com uma roda de jongo repleta de crianças. Em seguida, uma conversa com Ronaldo do Campinho, Ovidio Poli Junior e Flávio Araújo. Para fechar a noite, lançamento do livro no bar Camoka Botequim Arte Café.

Para minha grande surpresa, ainda ganhei um presente: a estreia mundial (declarei isto aos risos por lá), do vídeo “TRANSatlântico”, realizado por Lia Capovilla e Renato Padovani, com produção de Luiza Faria. No vídeo, vocalizo o poema homônimo do livro.

Esse evento consolida uma parceria iniciada durante a Off Flip de 2011, reforçada este ano e que, tudo caminha para isso, virá com toda força em 2013. Foi uma palhinha. Uma Off da Off. Os eventos de Paraty contaram com o apoio e o patrocínio da Plural cursos e serviços em informática, do restaurante Sabor do Mar, da Letreiros Valentim e do Camoka. Nada mal para um livro que ainda se encontra na pista de decolagem (e talvez nunca vá levantar voo).

Foto: Luiza Faria
Foto: Luiza Faria

Rio de Janeiro

Palavras de acordar o corpo. Eu e José Geraldo Neres demos este nome à noite em que lançaríamos o, dele, Olhos de barro e o, meu, Use o assento para flutuar no CCJF, em plena avenida Rio Branco, na região central do Rio de Janeiro. Naquela noite também choveu. Mas não foi por isso que deixamos de curtir. Afinal, quem mediava a mesa de debate era Elaine Pauvolid, a poeta de O silêncio como contorno da mão. Luiz Horácio Rodrigues e Tanussi Cardoso também participavam da conversa, fazendo o excelente e necessário papel de críticos. Poderia ter sido só mais um papo, mas havia, por detrás daquela conversa um grande entusiasmo. Tanto que o Tanussi acabou nos presenteando com um grande texto no qual (palavras dele) ele não teve que dar tapinha nas costas. A plateia também se entusiasmou e a conversa se prolongaria por horas, não fosse o horário.

Foto: Elaine Pauvolid

Cep Vinte Mil

Para fechar com chave de ouro a programação carioca, participei do Cep Vinte Mil ao lado do meu amigo Renato Negrão. A princípio, eu apresentaria a performance que estou desenvolvendo que levará o título de “Em caso de incêndio”, mas ao contar com a parceria do meu bróder, fizemos um mix de textos meus e dele (o Negrão lançou recentemente seu novo livro Vicente viciado, pela editora Rótula). Ao fundo, um vídeo produzido pelo Negrão e à frente, nossas próprias palavras jogadas no vento. Tivemos a doce participação da Cristhina Santhos, comissária de bordo da noite. Performamos na boa, divertidamente, e tivemos vontade de mais (convidem-nos!).

Lá pelas tantas, voltei ao palco para “ferir os ouvidos” da plateia com um último poema, o “Poética”. Assim fechei aquela noite do Cep e a miniturnê de lançamentos. Mas não acabou de vez: continuo aberto a propostas. Terei prazer em performar e caminhar.

Foto: Cristhina Santhos

Cep Vinte Mil: em caso de incêndio

Dia 27/9, quinta-feira: Cep Vinte Mil

No dia de Cosme & Damião, faço minha participação neste evento que existe há 22 anos sob o comando geral do Chacal. Será no Espaço Cultural Sérgio Porto (Rua Humaitá, 163) a partir das 20h30. Apresentarei a performance “Em caso de incêndio: queime lentamente” e dividirei a cena com o Renato Negrão.

Além de nós, participam também: Farani Cinco Três, Movimento Cidades (in)visíveis, Matilde Campilho, João Velho, Ana Chagas, Pedro Lage, Cláudio Baltar, Tavinho Paes, Diego Lemos – voz e violão, Ana Beatriz Ferreira Batista, Ismar Tirelli Neto, Gringo Carioca, Paulo Scott e José Henrique Calazans.

Logo mais, você encontrará notícias e informações no www.cepvintemil.wordpress.com

Em BH

O lançamento belorizontino de Use o assento para flutuar será amanhã, sábado, dia 15 de setembro, das 14h às 17h, na Casa Una (Rua Aimorés, 1451 – Lourdes). Será um dia de programação intensa. Convidei alguns poetamigos que ler, performar, vocalizar poemas meus e deles. A programação começa às 15h e terá:

VO(O – Coro de Vozes Comuns
Marcelo Sahea
Mariana Botelho
Benjamin Abras
Thais Guimarães
Renato Negrão
Michel Mingote
Bruno Brum

E eu mesmo.

Vejo vocês lá!

Próximas paradas

Foto: Ana Airam

Emocionante o lançamento do livro, na última terça-feira, com a presenças de amigos para lá de especiais e algumas pessoas vindas de longe, como a minha queridíssima amiga Jéssica Gonçalves, que mora em Houston e, numa rápida circulada no Brasil, enfrentou 9h de ônibus para vir ter comigo e levar o seu exemplar de Use o assento para flutuar. Outro foi o Tázio Zambi, que veio de Aracaju e que já está se tornando parceiro. Mais o Marcelo Ariel, que assina o posfácio do livro, que chegou de Cubatão, o Néres que veio de Santo André. Isso sem falar nos próprios habitantes da Pauliceia que se deslocaram das casas habituais voltadas para a poesia e toparam ir até a Funarte, que fica numa região considerada inóspita (paulistanos: usem a cidade, ela é de vocês!) por muita gente da cidade. Todas essas benevolentes presenças me fazem sentir muita gratidão e os quilates de amizade conquistada em tão pouco tempo que tenho como morador de São Paulo.

Agora, lançado o livro, estreada a performance-espetáculo, saio para uma mini-turnê por algumas cidades. Segue a agenda:

No Londrix – Festival Literário de Londrina:
Sexta-feira, dia 24/8 às 17h30 no SESI Lançamento do Use o Assento para flutuar na companhia de Edison Maschio, Marcelo Montenegro, Marcelino Freire, Felipe Pauluk e Beatriz Bajo (que também estarão lançando os deles).

Sábado, dia 25/08 às 18h no SESI: mediação do bate-papo com os “poETs” (banda formada por Alexandre Brito, Ricardo Silvestrin e Ronald Augusto).

Em seguida, às 19h30, participo da mesa “Literatura, performance e outros meios”, com Maicknuclear, Carol Sanches e mediação da fotógrafa Fernanda Magalhães.

E por fim, no domingo, 26/08, participamos (eu e Franciane de Paula) da festa de encerramento do LONDRIX 2012, com a performance POEMACUMBA. A festa começa ao meio-dia na Vila Cemitério de Automóveis.

Em Belo Horizonte na mostra REDE – Terreiro Contemporâneo de Dança:
Domingo, dia 02/09 no terreiro Ilê Opô Olojukan
POEMACUMBA

Ainda em Belo Horizonte:
Sábado, dia 15/09 na Casa Una (Rua Aimorés, 1451)
Coquetel de lançamento de Use o assento para flutuar

Em Paraty:
Quinta-feira, dia 20/09, na Casa de Cultura:
17h – Roda de Jongo
18h – Bate-papo com artistas locais
19h – POEMACUMBA
19h30 – Cortejo de Maracatu rumo ao bar Camoka Cultural (na região do cais)
20h – Lançamento de Use o assento para flutuar no Camoka.

No Rio de Janeiro:
Terça-feira, 25/09 das 19hs às 21hs no CCJF (Av. Rio Branco, 241 – Centro)
PALAVRAS DE ACORDAR O CORPO
Diálogos com os autores: José Geraldo Neres – Leo Gonçalves
Mediação: Elaine Pauvolid (poeta)
Participação de: Ricardo Riso (crítico literário) Rosane Cardoso (poeta) e Tanussi Cardoso (poeta e crítico literário).

Quinta-feira, dia 27 de setembro
Cep Vinte Mil
No espaço Cultural Sérgio Porto

6º Fan – Festival de Arte Negra

O Fan é sempre um acontecimento instigante. Conceitualmente bem estruturado, chegou à sua sexta edição aos trancos e barrancos, superando a (má) vontade política e todo tipo de percalço próprio de tudo o que se tenta fazer culturalmente no país. No seu longo histórico, já teve presenças inesquecíveis como a dançarina senegalesa Germaine Acogny (em 2006) e seu filho Patrick Acogny (em 2009). Inesquecível foi também a enorme exposição da memória da escravidão (em 2002, se não me engano), a revista Roda, o show de Jards Macalé com as Orquídeas.

A programação deste ano não deixa para menos. Homenagem ao Mestre Jonas, leitura-concerto com os poetas Abreu Paxe (Angola), Nina Rizzi (Fortaleza), Ronald Augusto (Porto Alegre) e Sebastião Salgado (Rio de Janeiro), oficinas de dança e de moda, muita música. Destaque especial para a presença da belíssima cantora Susana Baca, a embaixatriz da música afro-peruana e do artista pop senegalês Youssou Ndour, atual ministro da cultura de seu país.

Uma festa para quem (como eu) gosta de diversidade e exuberância.

Clique no link para saber mais e mais sobre o Fan: www.fanbh.com.br

Changó el gran putas

“Changó, tu pueblo está unido en un solo grito.”
Manuel Zapata Olivela

Às vezes, o inusitado acontece de maneira especial. Eu estava participando do Fliv – Festival Literário de Votuporanga, quando vejo na programação do Fórum de Dança (que costuma acontecer paralelo ao Fliv) o espetáculo Changó el gran putas, apresentado pelo dançarino togolês Vincent Harisdo. Me lembrei imediatamente de ter tomado conhecimento havia pouco do poema homônimo do colombiano Manuel Zapata Olivela.

Ao conversar com o dançarino e seu parceiro, o griot Bachir Sanogo, soube que Olivela havia sonhado ver aquele poema atravessando o Atlântico e ocupando as mentes dos africanos. Harisdo, que é de origem yoruba, comentou o quanto lhe parecia bom ouvir falar de seus deuses ancestrais do lado de cá, entre os descendentes que haviam sido privados da memória de seu povo.

O Changó el gran putas de Vincent Harisdo fala um pouco disto: as belezas imensuráveis das tradições africanas que habitam o corpo e a mente dos seus descendentes em todos os cantos do mundo. O quanto toda essa beleza tem sido escamoteada ao longo dos séculos, e o quanto nós resistimos mesmo assim, produzindo algumas das criações mais admiráveis (e admiradas) do nosso tempo.

O espetáculo, que traz o nome do orixá, é uma criação mestiça. Bachir Sanogo é descendente de uma longa tradição de griots malinkè. Com seus cantos em bambara e mossi, acompanhado de kamel ngomi (o instrumento de cordas que ele toca na foto acima), djembê, dumdum, cabaças e congas, ele sonoriza e dá vida aos passos do dançarino. Me falou de seus ancestrais como um povo vanguardista, pioneiros na domesticação dos cavalos (anterior aos árabes) e nas políticas de respeito à mulher (secularmente anterior às feministas do século XX). Uma das coisas que concluímos foi que, ao aceitarmos a África como nos é dada pela mídia mundial: um lugar de tristeza e dor, digno de pena e criações de ongs para enviar esmolas, estamos aceitando que a África que corre em nosso sangue é também esta.

Vincent Harisdo lembra que “gran putas” não é um palavrão, mas um grande elogio. Algo como “Xangô o fodão” ou “o puta deus Xangô”. Um oriki. Um oriki para nos lembrar que “gran putas” é esse povo que troa xangô pelo mundo afora, a começar pela dupla e seu ngunzu denso.

Para quem quiser conhecê-lo melhor: http://harisdo.free.fr/

Para quem quiser ouvir Bashir Sanogo: www.myspace.com/bachirsanogo
Quem quiser ler o poema de Manuel Zapata Olivela, olha aí o link para baixar o pdf: /chango-el-gran-putas-afro

Dulcineia Catadora Baixo Centro

Dulcinéia Catadora é um coletivo que aparece pelo mundo afora enchendo a rua de poesia e belas cores. Trata-se de uma editora cartonera, com vários livros já publicados em edição caseira, com capas personalizadas feitas em papelão e pintadas a mão por quem teve a coragem de interromper a caminhada e parou para participar de uma das intervenções e/ou pelos catadores da Cooperglicério, que também ajudam na montagem final dos livros. Nesta brincadeira, a cartonera já publicou autores como Joca Reiners Terron, Xico Sá, Douglas Diegues, Marcelo Ariel, Glauco Mattoso, Laerte, Paulo Scott, Manoel de Barros, a turma do sarau da Cooperifa e muito mais. Os livros são vendidos a R$ 6,00 e os lucros são divididos entre os catadores.

Pois ontem, dia 31 de março, eu tive uma sorte dessas. Acompanhei a Dulcinéia Catadora a uma intervenção na Praça Marechal Deodoro, bem ali no pé da Avenida Angélica, embaixo do Minhocão. Tratava-se de mais uma das ações do Festival Baixo Centro, que tem dado significado novo a lugares que quem vive em São Paulo costuma deixar desperdiçado. Na invervenção, além de pintar a minha própria capa de livro, fui convidado a falar poemas no megafone, tarefa que dividi com o poeta Carlos P. Rosa.

Meu abraço agradecido para a Ana Cristina Dangelo e Lúcia Rosa.

Saiba mais notícias da Dulcineia Catadora:

www.noticiasdacatadora.blogspot.com.br

www.dulcineiacatadora.com.br