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navegar é precioso

esteve bom ontem o saravá de celebração dos 120 anos da abolição. um passeio pelo mar de castro alves através das execuções vocálico-sonoras de ricardo aleixo, gabriela pilati, waldemar euzébio, gil amâncio, tatu e gabriela guerra, benedikt wiertz e minha, em homenagem ao poeta aimé césaire, com os poemas “palavra-macumba” e uma seleção de fragmentos do “caderno de retorno à terra natal”.

o evento correu por conta, como eu já disse anteriormente, do lançamento da belíssima edição tipográfica do poema de castro alves, aproveitando o ensejo da data. a concepção do projeto é de flávio vignoli e laura bastos, e já publicou em versão anterior o poema “tabacaria” de fernando pessoa. estava presente também um personagem interessantíssimo: o tipógrafo ademir matias, artesão de uma técnica em extinção. gostaria de reproduzir aqui a edição. mas acho que jamais teria aquele saborzinho que dá, ao folheá-la: um verdadeiro elogio aos cinco sentidos.

mcluhan

confusões inumeráveis e um profundo sentimento de desespero emergem invariavelmente nos períodos de grandes transições tecnológicas e culturais. a nossa “idade da angústia” é, em grande parte, o resultado de se tentar cumprir as tarefas de hoje com as ferramentas de ontem – com os conceitos de ontem.

marshall mcluhan. os meios são as massa-gens (um inventário de efeitos). rj: record, 1969

povo se despede de aimé césaire na martinica

segue abaixo, uma das poucas notícias da morte de césaire em língua portuguesa. na chamada, não encontrei o nome do jornalista que a escreveu. em todo caso, parece ser uma tradução de letra a letra de um texto que saiu, se não me engano na rfi (radio france internationale).

FORT-DE-FRANCE (AFP) — Uma multidão compareceu neste sábado ao velório do poeta Aimé Césaire na Martinica, no estádio de Dillon, em Fort-de-France, onde no domingo serão realizadas as homenagens nacionais.

O caixão percorreu a cidade na sexta-feira, sob aplausos de milhares de pessoas que acompanharam o cortejo fúnebre para dar o último adeus ao pai do movimento “negritude” e principal figura política da ilha durante mais de meio século. Césaire faleceu na quinta-feira, aos 94 anos.

O presidente francês Nicolas Sarkozy irá à Martinica para assistir à cerimônia de enterro do escritor, poeta, autor teatral, ensaísta e homem político de esquerda.

Sarkozy saudou Aimé Césaire como um “símbolo de esperança para os povos oprimidos”.

O velório popular continuará até domingo, quando o poeta será sepultado com honras de Estado, privilégio concedido até hoje na França apenas aos escritores Victor Hugo, Paul Valéry, em 1945, e Colette, em 1954.

meu comentário fica por conta do silêncio brasileiro em torno a este acontecimento, tendo em vista ter sido este um dos personagens decisivos do século xx, não apenas por sua atuação como poeta e ensaísta, mas também como político e como rebelde. o poeta, que foi saudado por andré breton e por jean-paul sartre, morreu como um dos homens mais ilustres e influentes do planeta, um personagem tão importante quanto um nelson mandela da vida.

a existência dele no mundo nos fazia lembrar que a poesia pode, sim, ser instrumento de transformação. e que um poeta vivo mantém viva com ele a memória de tempos imemoriais. tempos que antecedem não só a idéia de mercadoria, dinheiro e exploração do homem pelo homem. tempos que antecedem a própria idéia de poesia.

leia também o comentário de marcelo coelho (da folha de são paulo) e sua tradução do poema “soleil serpent“. [ aqui ]

adeus césaire

hoje eu soube, triste e por uma coincidência, que o poeta martinicano aimé césaire faleceu anteontem, dia 17 de abril. confesso que a notícia me deixou especialmente triste. tenho lido e traduzido tanto os escritos dele que já chego a sentir que é um grande amigo. fazia parte dos meus planos ir a fort-de-france um dia desses e dar nele aquele abraço. lui rendre mes hommages. homenagens à sua longa vida de inteligência e generosidade.

o funeral de césaire acontecerá amanhã, ao final de três dias de cerimônias e celebrações a esse homem que considerava as palavras da poesia as suas “armas miraculosas”.

irmão espiritual de léopold sédar senghor, aimé césaire é autor de algumas dezenas de livros de poesia, teatro, ensaio. sua rebeldia e a intensidade da sua palavra, muito diferentes das de senghor, contagiaram diversas gerações de jovens nos dois lados do oceano atlântico.

césaire morre aos 94 anos. foi prefeito da sua cidade durante 56 anos. viveu a maior parte da sua vida no “pays natal”, onde fugia veementemente da mídia, e também onde recebia os homens mais importantes da frança e do mundo. pode-se dizer sem medo que o mundo hoje é diferente (e melhor) graças a esse senhor. citando um poema meu, césaire “morreu de tanto viver”. mesmo assim, fará falta.

Ginsberg & Pasolini

pasolini

é interessante pensar que há apenas 40 anos atrás, o povo americano não representava apenas uma massa amorfa e sem opinião, limitado pelos ditames da televisão. o americano era um povo rebelde. eu não havia entendido o que michael moore queria dizer quando, no filme “tiros em columbine”, saiu perguntando “onde está o meu país?” (como se tivesse nascido num lugar que não existe mais).

mas numa carta a allen ginsberg, pier paolo pasolini comentava o seguinte:

a tua burguesia é uma burguesia de loucos, a minha, uma burguesia de idiotas. você se revolta contra a loucura com a loucura (distribuindo flores aos policiais); mas como se revoltar contra a idiota?

os americanos representavam a mais romântica rebeldia nos anos 60. estranho que isso tenha acabado. será que ginsberg, hoje, se rebelaria contra a burguesia idiota (como é, aliás, no brasil)? pasolini continua:

todos os homens da tua américa são obrigados, para se exprimirem, a serem inventores de palavras! nós aqui, ao contrário (mesmo aqueles que têm agora dezesseis anos), já temos nossa linguagem revolucionária pronta e acabada, com uma moral implícita. e eu também – como está vendo. não consigo misturar a prosa com a poesia (como você faz!).

o pasolini, nos anos 60, inventou um negócio chamado cinema de poesia, que ele contrapunha ao que ele chamava de cinema de prosa. o tal cinema de poesia que ele fazia é um soco no estômago, um cinema de cores vivas (mesmo quando em preto e branco), repleto de jogos de linguagem e de situações mitopoéticas que reconfiguram o sentido da palavra “poesia”. um cinema exuberante, difícil e indigesto mesmo hoje, quando já se passaram 32 anos de sua morte.

sobre ginsberg, tenho apenas uma lenda, que já diz tudo: certa vez, numa entrevista ao vivo para a televisão, o repórter perguntou a ele: “para você o que é a poesia?” e ele, suscinto: “nudez”. o entrevistador, não satisfeito com a resposta então perguntou: “e o que é nudez?” ginsberg tirou a roupa.

tropa de elite: alguém falou em culpa?

muito curiosa a polêmica lançada pelo filme “tropa de elite”. parece que ele agradou e, ao mesmo tempo, incomodou a gregos e goianos. os partidários da polícia ficaram chateados, as boas mocinhas acharam que ele faz apologia à violência, os malucos acham que o filme é ufanista, há quem diga que como filme é bom, mas que a violência pesada não justifica. por outro lado, há quem diga que, como filme é ruim, mas que o que é dito ali não pode deixar de ser dito, pois é bem o retrato da polícia. falou-se em problemas educativos, falou-se em pirataria, ouvi reclamações que “meu filho anda cantando a música tema do filme, e eu acho isso muito perigoso”.

de minha parte, custei um pouco a ir vê-lo. mas posso dizer que gostei. achei o estilo denso e envolvente, achei que o diretor acertou a mão no tempo da narrativa e nas frases de efeito (“bota na conta do papa” vai entrar pra história). teve gente que andou reclamando que parecia demais com o “cidade de deus” do fernando meirelles. mas cá pra nós: se cinema dependesse de originalidade, hollywood já tinha falido há umas 3 décadas (sendo otimista). eu, pelo contrário, acho mesmo é que o filme será pra sempre um marco no cinema nacional e conquistará, ao lado do “cidade de deus”, muitos seguidores.

particularmente não acho que o filme faça apologia à violência. pelo contrário, acho que ele mostra o quanto a violência é nefasta e triste. supor que uma ficção é uma apologia a qualquer coisa é lamentável para um país que se quer “civilizado”. seria o mesmo que dizer que o “saló”, do pasolini é uma apologia ao nazismo ou que a “ilíada” não deve ser lida por estar vazada de sangue. ora bolas, um bom artista produz coisas que o deixam fora até mesmo da sua moral pessoal, a questão “bem” ou “mal”, tão reducionista e tão corrente no país que se diz “abençoado por deus”.

por outro lado, não dá pra negar uma coisa: conheço um mundaréu de gente que ao ver o filme ficará muito entusiasmado em sair por aí pregando que a coisa tem que ser por aí. mas não é o filme que ensina isso. todos nós sabemos que ninguém entra numa sessão de cinema para aprender como é a vida. quem quiser saber isso, vai no mínimo procurar um jornaleco qualquer desses que circula a rodo pelo país e que dá as ordens no pensamento dos pretensos “cidadãos”. no filme não. não posso responder por todo mundo, mas posso dizer que fiquei orgulhoso de ver que ao menos no cinema, existe a intenção, ainda que seja de um único diretor, de se criar o “mito do policial honesto”. até por quê, acho que policial honesto é coisa que não existe em nenhum lugar que pratica tão fervorosa e convictamente a repressão (se você é brasileiro, você sabe do que estou falando).

pois bem, mas eu vi que teve um bando de burgueses maconheiros que também ficou meio nervosificado com a narrativa. imagina, mexer nos vícios é coisa séria. pode levar a conseqüências químicas. e eu sei que todo mundo prefere virar a cara e fingir que não é com ele. medo de ficar sem o seu sagrado baseado. não serei eu a aliviar a barra da burguesada, apenas quero saber se a galera vai ficar aí dizendo “a culpa é de quem?”, borrando as calças de medo por só porque viu o próprio retrato na tela.

quer saber a minha opinião? foda-se a culpa. (por que ninguém fala no essencial?) chama o povo na responsa pra fazer algo que preste: ensinai as criancinhas. que saber é poder. entreguem óculos para os garotinhos que não enxergam direito, como o matias queria fazer no filme, e fez. e assistam como elas fazem o que não soubemos fazer, já que fomos educados por professores incompetentes. criar o mito do “ensinar para dar poder”. antes que tudo exploda e não tenha volta.

waly sailormoon e a teatralização: trechos de um texto de antônio cícero

uma das publicações mais bonitas de poesia que tive acesso nos últimos tempos é o livro “me segura qu’eu vou dar um troço” de waly sailormoon, publicado em 2003 pela editora aeroplano em parceria com a biblioteca nacional, organizado por heloísa buarque de hollanda e luciano figueiredo. trata-se trabalho do primeiro do baiano que, em 1972 ficou preso no carandiru por causa do porte de uma “mera bagana de fumo”.

“meu primeiro texto teve de brotar numa situação de extrema dificuldade. na época da ditadura, o mero porte de uma bagana de fumo dava cana. e eu acabei no carandiru, em são paulo por uma bobeira, e lá dentro eu escrevi “apontamentos no pav 2”. não me senti vitimizado de ver o sol nascer quadrado. para mim foi uma liberação da escritura”.

nesta edição, há um belíssimo prefácio de antônio cícero, verdadeiro testemunho de admiração e amizade por um dos poetas mais importantes que apareceram na cena brasileira dos últimos 50 anos. fiz uma pequena edição de um trecho que me toca, especialmente agora, neste instante da vida. espero que o cícero não se importe. segue o texto:

a falange de máscaras de waly salomão

(…)

em 2002, waly resume a relação entre a prisão e a escrita, dizendo que “… ver o sol nascer quadrado, eu repito esta metáfora gasta, representou para mim a liberação do escrever que eu já tentava desde a infância.

se desde a infância ele já buscava a liberação que a escritura de “me segura”viria a lhe proporcionar, então, de algum modo, a vida anterior a essa escritura devia ser por ele percebida como uma prisão ou um confinamento: confinamento do qual o carandiru tornou-se o emblema. de que se trata? são muitas as possíveis prisões. em texto sobre “me segura”, intitulado “ao leitor, sobre o livro”, lê-se:

sob o signo de PROTEU vencerás.
por cima do cotidiano estéril
de horrível fixidez
(waly salomão)

de que modo a poesia proporciona a liberação a quem foi confinado? o desprezo pela fixidez do cotidiano, a rejeição dos princípios lógico-formais da identidade e da contradição, a vontade de abolir as fronteiras entre o eu e os outros e o fascínio pela metamorfose são características que trazem à mente a noção de carnavalização. mas, não creio que o termo carnavalização seja adequado para caracterizar a obra de waly. na verdade, aquilo que merecia o epíteto de carnavalizante era a pessoa ou a irradiante presença de waly, inclusive na sua atividade de conferencista e nas suas aparições na televisão, mas não a sua poesia. em relação a esta, prefiro empregar o conceito que ele mesmo elegeu: o de teatralização.

“é que eu transformava aquele episódio, teatralizava logo aquele episódio, imediatamente, na própria cela, antes de sair. eu botava os personagens e me incluía, como marujeiro da lua. eu botava como personagens essas diferentes pessoas e suas diferentes posições no teatro: tinha uma agente loira babalorixá de umbanda, tinha um investigador humanista e o investigador duro. o que quer dizer tudo isto? você transforma o horror, você tem que transformar. e isso é vontade de quê? de expressão, de que é isso? não é a de se mostrar como vítima”.

a vítima é o objeto nas mãos do outro. quem aceita a condição de vítima no presente, quem diz: “sou vítima” está, ipso facto, a tomar como consumada a condição de não ser livre. é contra essa atitude de implícita renúncia à liberdade que waly teatraliza a sua situação. ao fazê-lo, ele a transforma em mera matéria prima para o verdadeiro drama, que é o que está a escrever. a vítima passa a ser apenas o papel de vítima, a máscara de vítima. por trás da máscara há o escritor. mas isso não é tudo, pois o que é o escritor senão o papel de escritor?

waly sailormoon, o marujeiro da lua, diz que: “chego nos lugares e percebo as pessoas como personagens de um drama louco”. mas não se deve cair no equívoco de supor que a teatralização consista simplesmente em opor ao mundo real o imaginário. não é o delírio ou a alucinação que waly aqui defende. não se trata de opor o teatro ao não-teatro. o que ele julga é, antes, que tudo é teatro. ao afirmar que percebe as pessoas como personagens de um drama louco, waly não quer dizer apenas que as interpreta como tais, mas que se dá conta de que são personagens de tal drama. retomando a idéia do theatrum mundi, originada na antigüidade.

mas, se tudo já é teatro, se até o fato é teatro, qual é o sentido da teatralização? por que teatralizar o que já é teatro? é que o fato social é o teatro que desconhece o seu caráter teatral. o processo que leva a esse desconhecimento ocorre, por assim dizer, “naturalmente”: como a peça que se representa no teatro do mundo parece ser sempre a mesma, os atores ignoram que se trate de uma peça, isto é, de obra humana e artificial; ignoram, em outras palavras, que seja uma dentre muitas peças reais ou possíveis, e a tomam por natureza. longe de reconhecer espontaneamente o teatro do mundo como teatro, o indivíduo, no interior da sua cultura, aceita os papéis sociais como dados ou fatos desde sempre já prontos: o que equivale, como foi dito, a tomá-los por natureza, não por teatro.

a atitude de waly é diametralmente oposta a essa. ele nunca esquece que o “fato” social é o teatro que se enrijeceu ou esclerosou a ponto de olvidar a sua natureza teatral: o teatro que se pretende superior ao teatro, que se pretende mais real do que o teatro. na medida em que tem êxito em sua impostura, a “horrível fixidez” daquilo que podemos chamar de “teatro do fato” não somente expulsa ou degrada ao segundo plano as virtualidades ainda não realizadas do presente, que o superam em riqueza, mas, além disso, congela o movimento criativo que, em princípio, exige a abertura permanente a novas possibilidades interpretativas. a teatralização walyniana funciona, portanto, como a água de mnemosune, o antídoto contra a água da fonte de lete, do esquecimento naturalizante e confinante.

(do prefácio de antônio cícero ao livro “me segura qu’eu vou dar um troço”, de waly salomão, publicado em 2003 pela editora aeroplano)

a revista viva voz e "a lata" de patrícia mc quade

saiu recentemente a revista viva voz, resultado da oficina de escrita da professora elisa amorim. das aulas ministradas pela professora, saíram excelentes textos, dentre os quais destaco este verdadeiro retrato da vida contemporânea e do verão que entra.

a lata
por patrícia mc quade

sentiam-se comprimidos, envergonhados, condensados, apertados, oprimidos, sintetizados, humlhados, amassados.

os rostos derrotados eram mais que cansados. e pagavam por isso. todo o peso do mundo exercia pressão por todos os lados. perfeita imitação de uma lata de sardinha. precisavam pagar por isso. humanos desafiando a física. como dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço? e pagavam caro por isso.

os cidadãos dentro da lata sobre rodas suavam. termômetros acusavam: o dia mais quente o verão. poucos sentados. a maioria de pé. todos tremendo juntamente com o motor que roncava. aquela lata cantava de maneira insuportável. por que deus criou nossos ouvidos? e as pessoas pagavam por isso.

gente encostada nas janelas abertas, aproveitando o alívio do vento morno. os outros empilhados, de braços erguidos, sustentando no equilíbrio os corpos uns dos outros. a total coletividade individual, com dificuldade de respirar, agonizava e pagava por aquele ar que cheirava a dia de trabalho e de competitividade por emprego, por dinheiro, por status, por oportunidade e, agora, por espaço. e pagavam pelo não-merecido.

fora da lata começava a chuva mansa que ao toque com o asfalto incandescente produzia um mormaço ainda mais insuportável que o calor do sol. o mormaço queria também o espaço da lata, que já possuía o calor de seu motor e o suor dos corpos, e entrou sem pagar por isso, transformando a lata em uma panela de pressão. e o cozido humana pagava sempre por isso.

a velocidade oscilava em sucessivas paradas para que os sujeitos já compactados descessem e outros embarcassem. a lata cada vez mais carregada e lenta, com a preguiça de uma babosa, se arrasta pelas ladeiras da cidade e em freadas bruscas e arrancadas estúpidas, e o traçado de curvas ondulantes, seguimento retilíneo, tudo isso como regras de um joguete de corpos que obedeciam ao ritmo imposto: para frente, para trás, para a direita, para a esquerda, agora lançamento oblíquo. sem ordem, ao acaso. os corpos obedeciam, amontoados e deprimentes e pagavam a viagem com dinheiro roto, suado, mas sempre pagavam por isso.

(traduzido do castelhano por leo gonçalves)

o salamalandro na biblioteca girapemba

laroiês e evohés! essa semana tive a honra de colaborar para a “biblioteca girapemba”, do blogue “folhas de girapemba” de ana maria ramiro. a proposta dela é bem interessante: em cada apresentação, um poeta fala de sua formação, suas referências e preferências. ao final, uma seleção de 5 poemas preferidos do autor em questão e um do próprio entrevistado. vale a pena conferir. para a proposta já colaboraram: marcelo sahea, claudio daniel, linaldo guedes e thiago ponce de moraes. caprichosa nas cores e escolhas, filha de iya mi, ana está montando uma biblioteca bacana. para esta seleção, ela escelheu o meu “canto para matamba”, que vocês poderão ler lá mesmo, na íntegra. valeu, ana. ótimo jeito de começar a semana.