já está no ar a revista etcetera número 20. como sempre, repleta de belas presenças, belos textos, fatos, entrevistas, poesia, acontecimentos. destaque especial para o comentário sobre o livro leve de marcelo sahea, a entrevista com norma gabriel e a coleção de 51 mendicantos, de paulo de toledo. vida longa à etcetera!
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autofagia
está chegando na praça a revista autofagia. para saber mais informações, consulte o blogue do bruno brum (www.saborgraxa.blogspot.com). é isso aí. a programação você vê aqui mesmo.
programação – lançamento da revista de autofagia
18/05 [quinta] – 19h
debate: “a produção contra-industrial”
com estrela leminski [PR], luciana tonelli [MG], marcelo sahea [RJ] e nicolas behr [DF]
centro de cultura de bh [r. da bahia, 1149 – centro]
19/05 [sexta] – 19h
lançamento da revista e dos livros “cupido: cuspido e cscarrado”, de estrela leminski; “leve”, de marcelo sahea e “umbigo”, de Nicolas Behr.
Livraria Quixote [R. Fernandes Tourinho, 274 – Savassi]
20/05 [sábado] – 20h
Sarautofágico – outras deixas de música e literatura
Música e poesia com participação de músicos e colaboradores da Revista de Autofagia
Pastel de Angu [R. Alphonsus Guimarães, 62 – Santa Efigênia]
saravá, malandro
na próxima terça, dia 21 de março, acontece o saravá de celebração do dia mundial da poesia e do dia internacional de combate à discriminação racial, como mais um episódio do 3º FAN – Festival de Arte Negra. conforme nos explica o jaguadarte, saravá é o nome que haroldo de campos dava aos saraus que ele freqüentava. no palco: grupoPOESIAhoje, benjamin abras, ricardo aleixo, maurício tizumba, renato negrão & mônica aquino, rui moreira.
após o saravá, haverá o lançamento da revista Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro. o salamalandro colabora com uma homenagem ao centenário do poeta senegalês Léopold Sédar Senghor. na revista, ainda: entrevista exclusiva com Moniz Sodré, dossiê do artista plástico Antônio Sérgio Moreira, reportagem sobre a presença das mulheres no funk e no hip-hop.
dia: 21 de março (terça-feira) às 20h
local: centro cultural ufmg – av. santos dumont, 174 – centro
e saravá!
revista etcetera #19 já está no ar
está no ar a revista etcetera#19. belíssima como sempre, traz artigos, poemas, contos e entrevistas sempre de ótima qualidade. para acessá-la, o endereço é www.revistaetcetera.com.br. em outros números, o salamalandro colaborou com poemas. desta vez, tem o artigo “william blake hoje”. mas a revista traz muito mais: artigo sobre o “new journalism”, entevista com o cineasta sérgio bianchi e mais e mais.
angeli: a biografia não autorizada de fhc
a biografia não-autorizada de fhc feita pelo angeli é um grande marco da literatura contemporânea. está disponível neste endereço : www2.uol.com.br/angeli/fhc
pra que serve? para a gente poder se lembrar o que foi o governo anterior, já que temos tão pouca memória.
a divertida história do padre que se pintou
o padre pinto pintou a cara na bahia. o vaticano não gostou. mandaram ele descansar. acho que só os padres jesuítas se deram o direito de dansar com os índios no brasil. será que só no brasil é que já se viu um padre dansar?
o padre pinto pintou a cara, pintou o corpo, cantou com o povo, fez dansa de roda no dia de reis, desmunhecou como no carnaval. foi jurado no concurso de beleza negra, passeata beneficente pela rua. um verdadeiro herói. merecia ser celebrado num livreto de cordel, cantado pelas bandas de axé e de hip hop, virar samba de enredo. um ícone do terrorismo poético. uma verdadeira lenda viva. deveria ser canonizado pelo povo.
que a igreja católica mande ele passear, não assusta a ninguém. afinal, o sonho da maioria dos padres era fazer o mesmo, não? só não fazem por medo do papa. e o medo, todo mundo sabe, é uma das drogas mais pesadas.
e ele ainda disse, com aquele arzinho de pessoa ingênua e do bem: “é melhor se pintar por fora do que se manchar de hipocrisia por dentro”.
deu ontem no O (perda de) Tempo
o jornal o (perda de) tempo publicou ontem no seu caderno magazine uma excelente matéria assinada por bruno loureiro. nela, aparecem comentários de makely ka, zéfere, alguns editores e este salamalandro que vos fala. o assunto é o mercado editorial e sua difícil-dificultosa relação com os poetas nascentes (e/ou vice-versa).
é preciso dizer que loureiro merece louros pelo trabalho. enquanto conversávamos, pude ver que ele perscrutava o assunto com curiosidade, levantando as questões primordiais, como um detetive, e pelo resultado, deu pra ver que ele correu atrás. é raro um jornalista que faz isso. normalmente, eles estão apenas preocupados em reafirmar o que já sabem ou que estão engastados num não-saber-agindo-
como-quem-sabe-porque-a-verdade-jornalística-é-eterna-e-única-acima-
de-todas-as-outras.
mesmo assim, na página impressa, aparecem equívocos e distorções. na legenda sob a minha foto, o editor declara que estou “desiludido com as leis de incentivo e os concursos literários”. ora bolas, eu jamais diria uma bobagem dessas. as leis de incentivo são uma excelente conquista para quem produz e vive de bens culturais. são passíveis de críticas, é claro, como tudo nesta vida (e especialmente no nosso país da batucada). mas eu não diria propriamente que estou “desiludido”. na verdade, podem achar paradoxal, mas eu nem mesmo lamento o estreito espaço que existe para os “neófitos”.
o que eu queria dizer, e não está expresso no artigo, é que o poeta iniciante que se ilude com a idéia de recorrer à lei pode ficar decepcionado com o resultado. e que, se o escritor pretende realmente publicar suas palavras, que recorra a algo mais certo, e isso em linguagem poética quer dizer que ele deve “fazer justiça com as próprias mãos”. é assim há muito tempo, não há nada de mais. pelo contrário, é sinal de a(r)titude. e o papel do artista na nossa sociedade não é o de sair publicando livros por aí: é fazer com que a bomba exploda em algum lugar. e isso não acontece se não houver atitude.
eu poderia ficar aqui citando uma imensa lista de nomes: borges, juan gelman, manuel bandeira, drummond, paul éluard e por aí vai. infelizmente (ou felizmente) todos eles tiveram que bancar o seu primeiro livro. c’est la vie. é como me disse o meu amigo ian guest: “não adianta ficar lutando contra os buracos na calçada”.
concordo com o juan: o simples fato de existir pessoas fazendo poesia já é um ato subversivo, mas isso não quer dizer que essa pessoa vai arranjar editores da noite pro dia porque revelação é uma coisa e subversão, outra muito diferente. e, não dá pra esperar que aconteça como na música, na prosa e nas artes dadas ao consumismo: o escritor precisa mesmo é ralar ralar ralar. não apenas para ser um bom escritor: alguns dos nossos melhores poetas, de pedro kilkerry a sebastião nunes, quase não são lidos.
a lista dos mais vendidos é uma das manifestações do que eu chamo de “desvios psíquicos da imprensa de rapina”: só tem serventia na sociedade consumista. e o público leitor de poesia (multidão de sanchos panças), no momento em que estão procurando versos para ler, não se encaixa nessa dita sociedade. “o sucesso não vem por acaso”, não é seu lair?
mas, enfim, podemos sobreviver a esse jornal. afinal, imprensa é assim mesmo. não se preocupa muito com a exatidão das palavras, muito menos com o que vão pensar (d)os seus entrevistados. e pra terminar bonito essa bonita postagem, vou citar o jorge luís borges (quem diria!) que diz: “passemos à poesia; passemos à vida. e a vida, tenho certeza, é feita de poesia.” (atenção: feita de poesia, não de jornalismo) e para completar os dizeres do velho jorge: “livros são apenas ocasiões para a poesia”. precisa dizer mais?
no ar: a rádio ufmg educativa 104,5 FM
já está no ar a rádio ufmg educativa. freqüência 104,5 FM, para belo horizonte e contagem. a rádio conta com a promissora coordenação de elias santos e já tem uma programação interessante, que inclui boa música (não a que está nos jabás da vida) e informação qualificada, dando visibilidade à produção da ufmg. o sonho de uma rádio como esta vem sendo alimentado há 3 décadas na ufmg e chega em boa hora, já que cada vez mais a universidade se afasta da comunidade e que o sistema de comunicação no país cada vez mais se mostra tendencioso e panfletário em favor das elites monopolizadoras do poder. eugênio bucci, presidente da radiobrás, comenta:
“Na democracia, a comunicação tem a função de abastecer o cidadão com informação de qualidade a que ele tem direito, além de fomentar a participação crítica”
eugênio bucci acredita que a abertura da rádio ufmg educativa é fruto de uma mudança de mentalidade da comunicação pública do país. acho que ele tem razão.
para ouvir a rádio pela internet ou escolher aquele programa que mais te interessa, visite o site www.ufmg.br/online/radio
a mídia de rapina e a ficção (entenda-se, realidade)
essa semana eu me enchi o saco de toda a baboseira nacional em torno ao escândalo marcos jefferson x josé dirceu (porque a lama se resume a isso, com um careca enfeitando no meio). mas me interessa acompanhar palmo a palmo a novela que a mídia vai conseguir fazer a esse respeito. em qual conto eles pretendem fazer a gente acreditar. e o que é pior: a gente vai acabar por acreditar, porque a cultura nacional associa o termo realidade ao que é dito na imprensa e na televisão. por isso, me interessa por demais essa ficção.
enquanto isso, fico de olho no que a “outra imprensa” diz a esse respeito. anteontem, o marcos valério entregou para o relator da cpi uma lista de 79 nomes de pessoas e empresas que receberam grana para a campanha do psdb em 1998. pensei logo: tá aí uma lista que não vai ficar à disposição do povo, pois a imprensa não vai dar nenhum destaque. mas se você quiser saber, clique aqui e saberá. mas se você quiser saber mais detalhes sórdidos, pode também clicar aqui que tem uma longa reportagem explicando tudinho.
mas a minha nota estarrecida não é sobre nenhum escândalo, nem sobre nenhum marcos jefferson, nem sobre o josé dirceu que tá ferrado, todo mundo sabe. nada disto. é que eu ainda não tinha me atentado para um detalhe: o relator da cpi é ninguém menos que o deputado ibrahim abi-ackel. para quem não se lembra, ele foi o ministro da justiça do general figueiredo. o ministro da justiça. na época houve um grande escândalo em torno ao desaparecimento de pedras preciosas e ele era o principal envolvido. o minstro da justiça. hoje deputado e relator da cpi. dá o que pensar.