eu esperava demais essa segunda edição. maravilha. (aguarde novas notícias)
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lançamento do livro “machado de assis tradutor” de jean-michel massa
Machado de Assis Tradutor, livro de Jean-Michel Massa é lançado em Belo Horizonte
O pesquisador francês Jean-Michel Massa vem a Belo Horizonte para o lançamento da tradução de seu ensaio Machado de Assis Tradutor. Ele fará uma palestra sobre a obra do autor brasileiro, em evento promovido pela Pos-Lit – Programa de Pós-Graduação em Literatura, da Faculdade de Letras da UFMG.
Pioneiro do estudo da formação de Machado de Assis e ainda hoje quem melhor conhece seu trabalho de tradutor, Jean-Michel Massa é responsável pela divulgação, em 1965, dos Dispersos de Machado de Assis, em que reuniu boa parte da produção machadiana antes não identificada e/ou confinada em periódicos de difícil acesso e do inventário dos 718 livros que ainda restavam da biblioteca do escritor.
Em Machado de Assis tradutor, J.-M. Massa divulga o resultado de sua minuciosa pesquisa. Identifica e analisa 46 traduções de nosso autor, sendo 3 delas inéditas.
Ao lado de traduções conhecidas, como o romance Os trabalhadores do mar, de Victor Hugo, e o poema “O corvo”, de Edgar Allan Poe, estão listadas e analisadas as demais obras traduzidas, algumas por encomenda, outras por escolha do tradutor. A maior parte é de peças teatrais e poemas de autores variados, mas em que prevalecem textos franceses.
Machado de Assis traduziu com regularidade desde o início de sua carreira até a maturidade. Acompanhar seu percurso como tradutor ajuda a compreender sua formação como poeta, crítico, contista, dramaturgo, cronista e romancista.
Fato marcante é que seu primeiro livro publicado seja uma tradução – Queda que as mulheres têm para os tolos (Typografia Paula Brito, 1861; reedição: Crisálida, 2003) – e que seus trabalhos seguintes sejam adaptações de textos franceses para o teatro, seguido de um livro de poemas, Chrysalidas (Garnier, 1864; reedição: Crisálida, 2000), em que mescla poemas próprios com traduções de A. Dumas Filho, M. de Staël, H. Heine, A. Mickiewicz, Dante Alighieri, La Fontaine, entre outros. É uma verdadeira antologia das literaturas européias.
Em seguida à publicação do ensaio, Jean-Michel Massa publicará, em outubro, o livro organizado e anotado por ele, Três peças francesas traduzidas por Machado de Assis. Trata-se de traduções (inéditas) de Machado de Assis.
Machado de Assis Tradutor de Jean-Michel Massa
Crisálida Editora, 2008.
Tradução: Oséias Silas Ferraz
128 páginas preço: R$ 24,00
Local: Faculdade de Letras da UFMG (Auditório Sonia Viegas)
Av. Antônio Carlos, 6777 – Campus da Pampulha
Data: 08 de setembro, segunda-feira, 19 horas
programa petrobrás cultural (informe-se)
um acordo entre a petrobrás e o ministério da cultura abre novos rumos para a atual edição do programa petrobrás cultural. a novidade é que os interessados em enviar projetos não terão mais que aprová-los previamente na lei rouanet.
O “Acordo de Cooperação Técnica Ministério da Cultura – Petrobras” cria uma etapa semifinal no processo de análise/seleção do PPC, durante a qual o MinC analisará, sob os critérios e requisitos da lei Rouanet, os projetos finalistas do PPC, conferindo (ou não) a eles a aprovação na Lei Rouanet. Essa nova etapa será inserida após o final do trabalho das comissões de seleção e antes da decisão final pelo Conselho Petrobras Cultural, que definirá os projetos vencedores e uma lista de suplentes.
Dessa forma, todos os projetos vencedores, quando anunciados, já estarão aprovados na lei de incentivo fiscal, tendo então prazo de 30 dias improrrogáveis para a apresentação da documentação exigida pela Petrobras para a contratação, sob pena de convocação de projetos suplentes (que, conforme explicado acima, também já estarão devidamente aprovados na lei de incentivo).
quem quiser mais informações, prepare-se. na próxima quinta-feira, dia 28 de agosto, às 16h30, haverá um chat com a gerente de patrocínios da petrobrás, eliane costa, e o responsável pela seleção pública do setor de Literatura, giuseppe zani. a primeira hora irá tratar das questões relativas ao setor de criação literária: ficção e poesia.
fique atento às notícias no site da petrobrás:
http://www2.petrobras.com.br/CULTURA/ppc/index.asp
a utopia brasileira e os movimentos negros
acabo de ler um dos melhores livros que tive em mãos nos últimos tempos: a utopia brasileira e os movimentos negros do poeta e antropólogo antônio risério. não fosse estar atarefadíssimo nos últimos dois meses, teria lido o livro numa talagada só. mesmo assim, muita gente deve ter me visto andando por aí feito um louco, caminhando pelas ruas com o livro na frente, às vezes apressado para chegar no próximo compromisso, mas lendo sofregamente – ansioso para saber o próximo passo, a próxima palavra, o próximo beliscão. confesso que quando vi pela primeira vez na livraria o título “a utopia brasileira e os movimentos negros”, tive um certo desânimo: mais um livro avaliativo sobre o movimento negro no brasil. além disso esse papo de “utopia brasileira”… sei não. olhei com certa desconfiança, mas fui especialmente atraído pelo nome do autor. e não me arrependi. risério é, para quem não o conhece, no mínimo um dos caras que, com seu livro “oriki, orixá”, mais me fez a cabeça nos últimos anos. você lê um pouco sobre ele na revista zunái. o impacto desse novo livro é tão forte pra mim, que ainda preciso digerir um pouco. em breve, quero colocar aqui a minha resenha. enquanto não faço isso, deixo vocês com o índice do livro. segundo o marcelo terça, era um dos poemas que eu devia ter lido no sarau do dia 13 de maio lá no balaio de gatos. recitado outro dia pelo amigo helder quiroga, a sugestão se mostrou interessante.
A UTOPIA BRASILEIRA E OS MOVIMENTOS NEGROS
por um olhar brasileiro
mestiçagem em questão
mulato, o visível e o invisível
em busca de ambos os dois
a morte dos deuses nos EUA
presença de exu
sob o signo do exorcismo
sincretismo e multiculturalismo
trilhos urbanos
palavras, palavras, palavras
imagens, tambores e melodias
a escola brasileira de futebol
movimentos negros ontem
movimentos negros hoje
a nova história oficial do brasil
toque final
Fahrenheit 451
Existe mais de uma maneira de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas carregando fósforos acesos. Cada minoria, seja ela batista, unitarista; irlandesa, italiana, octogenária, zen-budista; sionista, adventista-do-sétimo-dia; feminista, republicana; homossexual, do evangelho-quadrangular, acha que tem a vontade, o direito e o dever de esparramar o querosene e acender o pavio. (…) Beatty, o capitão dos bombeiros em meu romance Farenheit 451, explicou como os livros foram queimados primeiros pelas minorias, cada um rasgando uma página ou parágrafo desse livro e depois daquele, até que chegou o dia em que os livros estavam vazios e as mentes caladas e as bibliotecas para sempre fechadas.
milton césar pontes: viver de poesia
de um tempo pra cá, sempre que vou ao edifício maletta, seja de noite ou de dia, encontro com milton césar pontes. ele está sempre vendendo seus livros, falando obscenamente sobre todo tipo de assunto. coisas do mundo, de preferência.
a figura dele me lembra paulo leão. não que eles escrevam coisas parecidas. leão era um poeta materialista, um beatnik do terceiro mundo. e o milton é um sujeito abstrato, sonhador, um sedutor. não que eles se pareçam fisicamente. quando conheci paulo leão, ele já estava bem gasto e andava muitas vezes como indigente pelas ruas da cidade. meio rosto amassado pelo ônibus que o pegou bêbado atravessando a rua. e o milton, embora um bêbado assumido, é um jovem bonitão, com planos românticos de escolher a própria morte numa noite em que será odiado pelos companheiros de copo.
leão estava mais para um françois villon, um poeta indigente e ladino que lutava para viver do que escrevia. e o milton é um sonhador romântico, um byron bebum, um shelley chulé, um ladino performer. e também luta para viver do que escreve, como fazia leão, vendendo seus poemas desavergonhadamente nas mesas dos botecos da cidade. e os dois levam a poesia a sério. vendem o que arrancam de dentro com muita dor.
nunca vi o milton perguntando pra ninguém se gosta de poesia. muito menos o leão. já vi muito poeta nas imediações do maletta me perguntando isso. e o que eles vendiam não tinha poesia em lugar nenhum. nem no modo de apresentá-la, muito menos no impresso. pode ter certeza: se me perguntarem se gosto de poesia por aí, direi que não. mas o milton faz poesia com o corpo, com o despudor, com sua voz de radialista mal empregada em falar poemas. ele almeja, como todo poeta que se preze, poder escrever “poeta” na hora de preencher nos dados pessoais o lugar destinado à profissão.
eu me comovo com a causa. sinceramente e sem ironias, me comovo de verdade com a causa. talvez a glória de paulo leão tenha sido conseguir o título de poeta ao menos no atestado de óbito (os tabeliões queriam colocar “indigente”). milton consegue ir mais longe. é um empreendedor. faz de seus livros um projeto de vida. publica, arruma saídas, meios, soluções práticas e financeiras.
outro dia me veio com uma proposta: “você compra o seu lote através da planta, agora também pode comprar livros. na planta!” e me estendeu todo o projeto de um livro que estava prestes a sair. tinha já a capa, alguns poemas do miolo, um comentário publicado pelo jornalista e poeta alécio cunha no hoje em dia. a pessoa investia irrisórios R$20. e em breve, o livro indo para a gráfica, o leitor receberia em suas mãos um livro prontinho, novinho em folha.
fiquei emocionado com a idéia. achei de uma simplicidade e de uma sabedoria! fiquei me lembrando dos inúmeros poetas que chegam até a mim perguntando como se faz para se publicar um livro de poemas, como arrumar grana, se dá grana. admiro muito isso. talvez eu o imite algum dia, à minha maneira.
não quero discutir aqui a qualidade dos seus versos. pode reclamar quem quiser: pra mim, isso tudo que contei faz do milton um grande poeta. e eu o admiro por isso.
revista de autofagia n.2
tenho uma paixão especial pelas revistas de literatura/poesia. gosto dos dossiers, das entrevistas, dos poemas que aparecem ali. é um evento à parte na vida de quem publica nela, pois ela tem um destino que foge ao controle do autor, ao contrário do que aconteceria se fosse um livro. tem momentos em que acho mais digno de comemoração uma publicação em revista do que um livro.
a revista de autofagia n.2, é pra mim um exemplo disto. abri-la e encontrar todo um dossier, incluindo entrevista, comentários e poemas de renato negrão foi para mim uma surpresa maravilhosa. considero o negrão um dos caras mais criativos com quem já convivi e lamento muito que ele não seja ainda suficientemente lido/conhecido/comentado pelo brasil/mundo afora, não tanto por ele, mas mais pelos leitores que saem perdendo de verdade.
mas na revista não tem só isso não. lá, você encontra também: bernardo amorim, espaço cubo, sandro eduardo saraiva, elisa andrade buzzo e otras cositas mais.
há muito tempo que eu esperava ver o número publicado e quando eu perguntava para o makely ou para o bruno, seus editores, sentia que eles passavam por algo bem parecido com o que passei nos tempos de estilingue: uma dificuldade para além da vontade de quem faz. realmente, manter viva uma revista de poesia no brasil não é brincadeira. por isso eu concordo plenamente com o makely, que escreveu no editorial: “a segunda edição de uma revista de poesia no país já é motivo de comemoração”. tem que querer muito para coisa sair. quando sai, fogos e todo tipo de artifício ainda é pouco.
por isso, comemoremos com muitos vivas e laroiês! e que venha o número 3.
vídeo-conferência sobre léopold s. senghor (para quem não viu)
para quem não viu a vídeo-conferência que apresentei semana passada na puc virtual, já está disponível para baixar no site da tv ponto com [link aqui]. se não quiser baixar, mas estiver afim de ver aqui mesmo no salamalandro, ajeite-se na cadeira e fique à vontade. é só apertar o play.
a videoconferência “negritude, magia e política: a poesia de léopold sédar senghor”, com o poeta e tradutor leonardo gonçalves, fez parte da série panorama arte e cultura, que é promovida juntamente com a diretoria de arte e cultura da puc minas. o projeto biblioteca digital multimídia é uma parceria da puc minas com o instituto embratel 21 e cerca de outras dez instituições universitárias e culturais. a transmissão foi feita através do portal do conhecimento, com direção e apresentação do professor haroldo marques.
carne viva aos vivos
a minha ida a brasília no último novembro foi, talvez, a semana mais importante do meu 2007. dentre as muitas coisas boas que fiz (pouco a pouco elas vão aparecendo aqui), destaco um momento, alguns pouquíssimos minutos, em que estivemos na companhia de marcelo sahea, e pudemos trocar presentes. ganhei dois belos livros: “carne viva” e “leve”. dois livros delicados, tão pequenos que quase cabem na palma da mão e com um conteúdo de rasgar o ventre!
pois é. esse sahea, que é um dos melhores poetas da minha geração (e olha que me considero parte de uma geração privilegiada!), tomou uma excelente iniciativa: ele acaba de disponibilizar o seu primeiro livro “carne viva” para baixar. eu recomendo. o processo é simples e barato: basta ir até o site do marcelo (www.sahea.net) e clicar lá no link. quer mamata maior?
bem, se não estiver conseguindo, clique aqui que o marcelo te explica.