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release: lançamento do livro WTC BABEL S. A. de leo gonçalves
O poeta belorizontino Leo Gonçalves lança nesta próxima segunda-feira, dia 19/01 às 19h o seu poema WTC BABEL S. A., com apresentação da performance “no fundo todos querem alcançar o céu” e noite de autógrafos
Primeiro livro do selo “Edições Barbárie”, WTC BABEL S. A. será lançado na próxima segunda-feira. No ato do lançamento, o poeta Leo Gonçalves apresenta a performance “no fundo todos querem alcançar o céu” e em seguida, haverá noite de autógrafos. O evento acontece na Cia. da Farsa (Rua Caetés, 616 – Centro)
WTC BABEL S. A., poema que dá título ao livro (lançado em formato plaquete), é um contundente grito de protesto contra os abusos ocorridos na política do presidente George W. Bush (que estará cumprindo nessa segunda-feira o seu último dia de mandato). Resultado de experimentações formais feitas por Leo Gonçalves, WTC BABEL S. A. é um poema híbrido, repleto de imagens do mundo contemporâneo, Imagens que vão da sátira mordaz ao mais vivo grito por um mundo mais humano.
Comenta o crítico mineiro Fábio Lucas: “WTC BABEL S. A. é um poema-apelo a clamar pelos olhos abertos e pelos ouvidos atentos, a fim de bem colher as imagens do mundo cruel, travestido em boletim publicitário. A linguagem multi-centrada em vários idiomas representa valiosa sátira da subcultura globalizada, que ensina o culto de bezerros-de-ouro plantados nos recantos do planeta”.
Para o Ato de lançamento, o poeta aposta na força da palavra falada e prepara a perfornance “no fundo todos querem alcançar o céu”, na qual ele falará o poema acompanhado de sua parafernália visual.
Leo Gonçalves (33 anos) é poeta, tradutor e ensaísta. Autor do livro “das infimidades”, vem publicando em diversos jornais e revistas do Brasil. Traduziu a comédia “O doente imaginário” de Molière (livro que teve sua segunda edição em 2008 pela editora Crisálida), o livro de poemas “Canções da Inocência e da Experiência” de William Blake (em parceria com Mário Alves Coutinho e também publicado pela editora Crisálida, 2005) e o livro “Isso”, do poeta argentino Juan Gelman (em parceria com Andityas Soares de Moura, publicação da editora UnB, 2004).
O lançamento ocorrerá no espaço da Cia. da Farsa, companhia de teatro dirigida por Alexandre Toledo. Situado na Rua Caetés, 616, no centro da cidade, o espaço promete excelentes acontecimentos culturais para o ano de 2009.
Orelha do livro:
“Se o “poema falado” não é um conceito novo, com WTC BABEL S. A., Leo Gonçalves inaugura o “poema gritado”. Através de um hábil manejo da língua (ou das línguas), elabora uma ácida e irônica crítica ao governo norte-americano. Crítica que serve como eixo a mover os fios de um mundo desbaratado. Rebela-se diante deste mundo inventado e desafia também a métrica, através de um texto cujo único fim é o de mover o leitor-ouvinte, que a partir desse mesmo instante se converte em protagonista do poema que, em essência, não é outra coisa senão uma manifestação clara e corajosa do amor pela vida acima de tudo”. (María José Pedraza Heredia)
Serviço:
Lançamento do livro WTC BABEL S. A.
Local: Cia. da Farsa – Rua Caetés, 616 – Centro
Dia 19 de janeiro de 2009 às 19h
contatos:
leo gonçalves: 31 9824 5939
jéssica gonçalves: 31 8463 1269
A ciência parcial da palavra
O livro Com/posições de Juan Gelman, foi publicado em 2007 pela editora Crisálida, em tradução de Andityas Soares de Moura. Além dos poemas que Juan publicou sob esse título, o livro traz também uma entrevista que o poeta concedeu a mim e ao Andityas na ocasião do lançamento do livro Isso (no início de 2005), publicada originalmente no Suplemento Literário de Minas Gerais e disponível aqui no Salamalandro. Em setembro de 2006, no dia exato do lançamento de Com/posições, escrevi esse artigo que permaneceu inédito, mas que na minha opinião, passado todo o tempo que você pode contar, continua atual.
A ciência parcial da palavra
Leonardo Gonçalves
É possível que nunca o tema da Torre de Babel tenha surgido com tanta força como na atualidade. Vivemos num mundo onde as fronteiras não impedem o contato entre pessoas de diferentes nações e idiomas. A tecnologia digital nos possibilita uma aproximação que nenhum fabricante de lentes ou telefones jamais pôde supor. Essa proximidade tem algo de Babel, pois ao mesmo tempo em que se comunica, também se incomunica. E o próprio ato de comunicar-se, transforma-se facilmente em tormento, em desacerto, em erro.
Babel, de acordo com o Gênesis, significa “confusão”. O castigo para a audácia humana. A incomunicabilidade como punição para que o homem se disperse pelo mundo. No entanto, somos testemunhas de que a variedade lingüística não é empecilho para a comunicação. Os amantes, os internautas e os poetas sabem disto muito bem. E o contrário também acontece: pessoas de um mesmo idioma muitas vezes se compreendem mal. Os políticos, as famílias e muitos leitores de poesia conhecem isso de perto.
Se não é o idioma que separa a compreensão da incompreensão, haverá algo que o determine? Continue lendo A ciência parcial da palavra
prêmio governo de mg de literatura/2009
no dia 04 de dezembro último, abriram-se as inscrições para o prêmio governo minas gerais de literatura 2009. esta é a segunda edição do programa lançado no ano passado. o governo destinará R$212.000,00 para as premiações. entre os detalhes desta nova edição, está a inclusão de critérios mais definidores para cada categoria, uma maior transparência na seleção e a simplificação dos formulários de inscrição. se liga: o prazo de inscrição é até o dia 30 de janeiro de 2009.
saiba mais no site da secretaria estadual da cultura:
www.cultura.mg.gov.br
uma ótima dica
lançamento: revista roda nº 6
acho que ainda dá tempo: será lançada hoje a revista roda nº 6, comandada pelo mestre-sala ricardo aleixo. no novo número, uma porção de belezuras: homenagem aos 70 anos de nascimento e 40 de poesia e provocaçãm de sebastião nunes. na homenagem, um dossiê com entrevista, poemas, comentários de caras como bruno brum, glauco mattoso, ademir assunção. além de um poema de affonso ávila com o nome de “são sebastião da bocaiúva”. para quem já conhece a poesia desse cara que já é considerado um mestre de todas as gerações que vieram depois dele. além disso, a revista roda traz poemas do angolano abreu paxe, o cubano nicolás guillén, o mineiro paulo kauim e muito mais.
e em meio a este “muito mais”: o meu ensaio “os sessenta anos da anthologie – um livro inventa o presente“. uma espécie de homenagem aos 60 anos da primeira edição da anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue française [antologia da nova poesia negra e malgaxe de língua francesa] organizada em 1948 pelo poeta e (então futuro) presidente do senegal léopold sédar senghor. meu ensaio traz também traduções de alguns poemas presentes na anthologie.
o lançamento acontece hoje, dia 16 de novembro, às 18h, no estande do Lira, instalado no 9º encontro das literaturas, no chevrolet hall.
crisálida de blogue novo
a crisálida, editora para a qual eu trabalho e colaboro sempre que posso, está de blogue novo. divirta-se: www.crisalidaeditora.blogspot.com
o doente imaginário, informe à imprensa
A Editora Crisálida lança segunda edição (bilíngüe) do clássico teatral O doente imaginário, de Molière
Chega às livrarias a 2ª edição da comédia O doente imaginário de Molière, com revisão e posfácio do tradutor Leonardo Gonçalves. A peça, que teve sua primeira edição em 2002, é relançada no momento em que está indicada para o vestibular da UFU (Universidade Federal de Uberlândia).
O doente imaginário é a última comédia escrita e encenada por Molière, no ano de 1673. Segundo relatos da época, na quarta noite da peça, enquanto o autor representava o papel principal, começou a ter crises por causa de uma tuberculose avançada e veio a falecer algumas horas depois em sua casa. Este fato, que tornou-se um marco na história do teatro, é lembrado sempre que se fala em O doente imaginário, a exemplo da encenação feita desde 1996 pelo grupo Galpão desta mesma comédia, que em sua tradução recebeu o título de Um Molière imaginário.
Mestre na arte do riso, Molière é considerado um dos maiores autores teatrais de todos os tempos, ao lado de William Shakespeare e Aristófanes. Escreveu suas peças na época do rei Louis XIV, o grande rei absolutista da França, autor da célebre frase: “O Estado sou eu”. Entretanto, seus personagens e cenas anunciam uma nova forma de ver o mundo: um mundo onde o homem comum é compreendido e onde a aristocracia não é a única agente das decisões políticas de um povo. A mesma visão de mundo que chegaria ao poder com a revolução francesa no final do século XVIII.
Mas O doente imaginário não é um mero registro de uma época histórica. Como toda grande obra de arte, a peça trata de temas que estão sempre na ordem do dia para o ser humano. Em princípios do século XXI, quando se fala na impostura do capitalismo, vendas de placebos, remédios miraculosos para as doenças incuráveis do homem, hipocondria vendida em vitrines e propagandas de televisão, o tema central da peça O doente imaginário (um homem que se orgulha de suas doenças imaginárias resolve dar a mão da filha em casamento para um médico a fim de ter um médico em sua própria casa) é de uma atualidade impressionante.
A segunda edição do livro, revista e com seu posfácio reescrito já era um projeto do tradutor. “Tenho um orgulho especial deste livro, por ter sido minha primeira tradução a se tornar de fato um livro”, afirma Leonardo Gonçalves, “mas esperava uma oportunidade para revisar certas passagens que me pareciam ainda inconsistentes na primeira edição”. Ao longo dos anos, Leonardo vem adquirindo desenvoltura na arte de traduzir, ao mesmo tempo em que aprofunda seus conhecimentos de língua francesa na sala de aula (hoje ele é professor de francês) e na faculdade de letras da UFMG. Além de Molière, Gonçalves vem traduzindo diversos autores (não apenas da língua francesa), tais como o poeta inglês William Blake, o argentino Juan Gelman, o novaiorquino Allen Ginsberg, Gérard de Nerval, Paul Verlaine, Pedro Almodóvar, Léopold Sédar Senghor e Aimé Césaire.
O livro tem obtido boa distinção no cenário cultural brasileiro. Foi adotado algumas vezes na pós-graduação da faculdade de letras UFMG, indicado em 2006 para a prova do T. U. (Teatro Univesitário) e adotado duas vezes no vestibular da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e no supletivo daquela mesma cidade. A tradução de Leonardo Gonçalves também foi montada em Belém do Pará com título adaptado para “O hipocondríaco” pelo grupo “Palhaços trovadores”.
Além das revisões na tradução, o livro traz também um estudo sobre a época e o teatro de Molière. Trata-se de um posfácio rico em documentos literários do século XVII. No texto, assinado pelo tradutor, compreende-se por que um autor que é considerado um clássico por excelência foi em sua época e ainda é, hoje em dia, criador de um conjunto de situações que subvertem as relações de poder dentro da sociedade.
Artista dos costumes e vícios mais delicados do homem, Molière dedicou toda a sua vida ao teatro, renunciando aos privilégios da família e tornando-se um dos maiores símbolos da arte do palco ao longo dos séculos. Foi autor, administrador da sua trupe, encenador, diretor, ator não só em suas peças, mas em dezenas de outras.
Esta comédia fecha com chave de ouro a sua produção e vem somar-se à longa série de obras que satirizam a medicina. O tema é de grande atualidade: faz pensar nos limites da nossa ciência e na arrogância dos detentores de conhecimentos especializados.
Trechos da orelha do livro:
“A tradução de Leonardo Gonçalves evidencia dois dos motivos pelos quais aquela aristocracia foi incapaz de perceber que sofria ataques tão fortes quanto os que, às vésperas da Revolução Francesa, seriam mais tarde desferidos pelo mais autêntico herdeiro de Molière, Beaumarchais (As Bodas de Fígaro). A elegância do estilo, dos jogos de palavras, da musicalidade, obedeciam ao que o público da velha ordem esperava do teatro, mesmo se faziam isso sem perder de vista a compreensão do público plebeu. Ao mesmo tempo, suas peças eram obras-primas do ilusionismo teatral, brincando com permanente entra-e-sai de personagens que fazia com que o público muitas vezes tivesse informações de que nem todas as personagens dispunham. Da soma destes dois jogos, podemos concluir que, deste seu nascimento, O doente imaginário foi autêntica peça “de classes”, apta para ser compreendida de maneira diferente por grupos sociais diferentes, numa antecipação da força estética e política que, no século XX, teriam comediantes do cinema como Carlitos”.
Marcelo Castilho Avellar
“De todas as peças de Molière, O doente imaginário é sem dúvida a que eu prefiro; é ela que me parece a mais nova, a mais ousada. (…) Eu não conheço prosa mais bela. Ela não obedece a nenhuma lei precisa; mas cada frase é tal que não poderíamos mudar nenhuma sem estragá-la. Ela atinge sem cessar uma plenitude admirável; musculosa como os atletas de Pugget ou os escravos de Michelângelo e como que inflada, sem inchaço, de uma espécie de lirismo de vida, de bom humor e de saúde. Não me canso de relê-la”.
André Gide
Livro: O doente imaginário
Autor: Molière (Jean-Baptiste Pocquelin)
Editora: Crisálida
ISBN: 978-85-87961-35-8
Preço: R$ 28,
Contatos:
Editora Crisálida / Oséias Silas Ferraz:
www.crisalidaeditora.blogspot.com
Leonardo Gonçalves:
www.salamalandro.redezero.org
suplemento literário de mg – set/08
reproduzo abaixo a minha colaboração recém publicada no suplemento literário de minas gerais n° 1314, setembro de 2008. o texto que escrevi é sobre o livro algo indecifravelmente veloz de andityas soares de moura, publicado em janeiro deste ano pela edium editores, em portugal. você pode também ler o texto e todo o jornal (em formato pdf), clicando [aqui].
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O VÔO DESLOCADO DE ALGO INDECIFRAVELMENTE VELOZ
Existem escritores que, nascidos em certo lugar, mereceriam outra nacionalidade. Um caso clássico é Joseph Conrad, um polonês que celebrizou-se com romances escritos em língua inglesa. Outro é T. S. Eliot: um estadunidense de Missouri que tornou-se o poeta mais inglês de seu país. Também passaria facilmente por um inglês, não fosse o idioma, Jorge Luís Borges. E daí para o francês Gérard de Nerval, lembrado pelo filósofo Emil Cioran como um possível poeta alemão. Aliás, o próprio Cioran, um romeno que renunciou ao seu idioma natal para escrever somente na língua de Rousseau, que não era francês, mas suíço. Nem estou falando de autores como Luís de Camões e Gil Vicente, que colaboraram tanto para a literatura portuguesa quanto a castelhana.
Eu ia começar este artigo meio à moda de Juan Gelman: Havia uma vez/um poeta português/ Nascido numa cidade pequena/de Minas Gerais chamada Barbacena. Mas eis que a brincadeira me flagra no susto, exatamente no instante em que tenho em minha frente um exemplar de Algo indecifravelmente veloz, antologia poética de Andityas Soares de Moura publicada no começo de 2008 na cidade de San Mamede de Infesta, Portugal, pela Edium editores. Continue lendo suplemento literário de mg – set/08