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ZIP – Hoje!
E para quem ainda não se inteirou, aí vai a intimação: a partir das 19h de hoje estará rolando a ZIP – Zona de Invenç~ao Poesia &. Aviso aos sãopaulocêntricos e cariocômanos: esta Zona é um dos melhores acontecimentos de poesia desta república das letras. No comando, um time foda: Ricardo Aleixo, Chico de Paula e Bruno Brum na curadoria, Sabrina Bueno na produção executiva e Raquel Pinheiro na finalização video-instalação e Daniel Mendonça, que colaborará no apoio técnico de áudio. Serão mais de cem poetas entre os que enviarão seus trabalhos e os que estarão presentes.
A inauguração é hoje, quinta-feira, 17 de março de 2011 a partir das 19h no Centro Cultura UFMG. As outras sessões serão sempre nas sextas-feiras, incluindo amanhã.
E numa dessas, eu também estarei lá com mais uma noite de POEMAQUMBA. Fique antena!
Quer saber quem participa da ZIP? A lista é longa, clique aqui para lê-la.
Dica: POEMOBILES
Foi lançado na última quinta-feira, dia 02 de dezembro, mais uma histórica edição dos POEMOBILES de Augusto de Campos. O projeto original, criado nos anos 1960 pelo artista multimídia Julio Plaza, foi maravilhosamente refeito pelo artista gráfico Vanderley Mendonça, que comanda o selo Demônio Negro. Até onde sei, quem quiser adquirir seu exemplar, deverá se adiantar: trabalho com grandes características artesanais, não durará muito no mercado.
Corre lá: www.annablume.com.br/demonionegro
Fica a dica
Saiba mais no: www.baladaliteraria.zip.net
Modelos vivos – Ricardo Aleixo
O esperadíssimo Modelos vivos, novo e recheado livro de poemas de Ricardo Aleixo, já se encontra disponível. Chegou até aqui com um time de especialíssimo de amigos: o próprio Ricardo pilota a lírica, claro. No projeto gráfico, o camarada Bruno Brum. E o editor, Oséias Silas Ferraz, da editora Crisálida. Uma beleza.
O lançamento em Belo Horizonte será em duas etapas:
1) Dia 11 de setembro a partir das 11 horas no Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 781 – Savassi)
2) Dia 14 de setembro, às 19h30, também no Café com Letras. Ricardo Aleixo apresenta sua leitura-concerto Música para modelos vivos movidos a moedas e abre uma pequena exposição de poemas visuais de sua autoria.
Se eu estiver em BH, quem quiser me ver nos referidos horários, apareça lá. E tomara que role logo um lançamento em São Paulo. Quando houver, aviso.
Saiba mais no www.jaguadarte.blogspot.com
Babilak Bah e o seu Enxadigma
Enxadigma, enxadário, curacões, corpoletrado, ou a gente se raoni ou a gente se sting. O divertido vocabulário de Babilak Bah é uma verdadeira festa e se parece com a parafernália sonora que ele mesmo vem criando há alguns anos. Quem não conhece, não devia perder mais tempo: procure, fuce, ouça, leia. Ou então, vá vê-lo no próximo sábado, dia 05 de dezembro:
Babilak Bah e Quarteto de Enxadas lançam: Enxadigma + Corpoletrado (livro de poemas do Babilak) + Curacões (vídeo documentário sobre um tema recorrente e interessante: o cu).
Sábado, dia 05 de dezembro às 21h
no Teatro do Oi Futuro Klauss Vianna (Av. Afonso Pena, 4001)
(Babilak se apresentará em breve também em Recife e em Barcelona, aguardem)
Para ouvi-lo é no:
Novo site da Livraria e Editora Crisálida
Uma editora não é apenas uma empresa que publica livros. Se o propósito é publicar livros voltados para o humano, uma editora precisa ser mais que uma publicadora: é necessário ser um local de debates, de conversas, interlocuções e formação. Local de fervuras.
Quem me conhece sabe o quanto devo à Crisálida, enquanto formadora, do bom que tenho em mim hoje em dia. Oséias Silas Ferraz foi quem primeiro me abriu as portas para o mundo editorial, publicando pela primeira vez uma tradução minha (a saber: O doente imaginário de Molière, em 2002) e que depois me convidou para publicar Canções da Inocência e da Experiência, traduções que me ensinaram mais do que todas as disciplinas de literatura na UFMG.
É com essa alegria e essa gratidão que dou aqui a notícia do seu novo site. É um espaço dinâmico, onde o leitor poderá obter obras tanto do acervo da livraria (que trabalha com novos e usados) quanto da editora. É claro que visitar o site nem se compara com o prazer de pisar lá na sobreloja do Edifício Maletta, bater um papo com os livreiros, encontrar as obras que você tanto queria ver guardadinhas lá na estante sem nenhuma virtualidade. Mas não é todo mundo que pode. Então o negócio é aproveitar e clicar aí:
benjamin abras em dose dupla
hoje e amanhã, participo de duas performances de benjamin abras.
na primeira, que acontece hoje, 28 de maio, a partir das 20h na livraria usina das letras, no palácio das artes. falarei um dos poemas do livro falanges, que será lançado em meio às celebrações da semana da abolição.
na outra, a surpresa: os que forem amanhã, dia 29 de maio a partir das 20h ao tambor mineiro (rua ituiutaba, 339 – prado) serão os primeiros a me ver desempoeirar o violão na performance corpo tambor, onde benjamin emprega dança afro em meio a sonoridades inusitadas. tocarei ao lado de mateus valadares a peça musical que também se chama corpo tambor, de nossa autoria.
saiba mais no blogue do benja: www.benjaminabras.blogspot.com
deu hoje no hoje em dia
Leonardo Gonçalves mescla poesia e geopolítica
Alécio Cunha
REPÓRTER
Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, tem seu último dia de poder na Casa Branca. No dia seguinte, toma posse o democrata Barack Obama, primeiro presidente negro a ocupar este cargo. O poeta belo-horizontino Leonardo Gonçalves, tradutor de Juan Gelman, William Blake e Molière, aproveita o último instante de Bush na presidência norte-americana para lançar um livro-bomba.
A plaquete “WTC Babel S.A”, publicada pelas Edições Barbárie, será lançada segunda, às 19 h, na sede da Cia. da Farsa (Rua dos Caetés, 616. Centro), com direiro à performance “No Fundo Todos Querem Alcançar o Céu”, gestada pelo poeta numa interação entre texto, voz e imagens.
Os versos deste livro foram elaborados no decorrer do ano passado e são uma provocante reflexão sobre os rumos da nação dita mais poderosa do planeta, sobretudo após a explosão do World Trade Center, em Nov a Iorque, e a reação bélica promovida por George W. Bush e seus asseclas, invadindo o Afeganistão e o Iraque.
“Eu cresci vendo imagens fortes da Segunda Guerra Mudial, fotos de corpos no Holocausto nazista, da carnificina nos campos de batalha. Estra nhei a ausência de corpos no World Trade Center. Houve censura, nenhum corpo foi mostrado. Priorizou-se a imagem da explosão, do choque dos aviões, a força do simulacro, longe do real, bem próxima da sociedade do espetáculo”, frisa Gonçalves.
O incômodo gerou o longo poema, que começa remetendo o leitor ao universo onírico de Walt Whitman, poeta criador de uma linguagem fundante da literatura norte-americana, em textos como “Eu Canto o Corpo Elétrico”: “americanos cantam o corpo elétrico/e quem cantará o corpo eletrônico bytes bits pixels? qual ciborgue tomará a palavra no terceiro milênio?já existem as máquinas de pensar/e quem fabricará a máquina de fazer poemas?’, indaga o autor.
Influenciado principalmente pelos versos livres, pulsantes e, claro, essencialmente políticos da cena beat norte-americana, em especial, Allen Ginsberg, autor de “Uivo’ e “A Queda da América”, Leonardo Gonçalves está muito satisfeito com o resultado desse livro. “Há um trabalho muito cuidadoso com a linguagem, está bem mais evoluído do que trabalhos anteriores meus”, afirma.
“WTC Babel S.A” deve ser lido como um contundente grito de protesto contra os abusos ocorridos na política do presidente George W. Bush. “É o resultado de experimentações formais, um poema híbrido, repleto de imagens do mundo contemporâneo, que vão da sátira mordaz ao mais vivo apelo por um mundo mais human”, salienta Gonçalves.
O poeta conta que escreveu este livro já pensando em sua estrutura verbal, sem, em nenhum momento, deixar de lado a preocupação com a palavra escrita. “Eu elaborei o livro imaginando como seria seu tempo exato de leitura”, frisa, assumindo a sempre desejável conexão entre o oral e o escritural.
Entusisasta da obra de Leonardo Gonçalves, o crítico literário Fábio Lucas (“Mineiranças”, ‘Do Barroco ao Moderno”) assim se expressou sobre os versos potentes do autor de 33 anos. “ É um poema-apelo a clamar pelos olhos abertos e pelos ouvidos atentos, a fim de bem colher as imagens do mundo cruel, travestido em boletim publicitário. A linguagem multicentrada em vários idiomas representa valiosa sátira da subcultura globalizada, que ensina o culto de bezerros-de-ouro plantados nos recantos do planeta”, escreve.
Leonardo Gonçalves não esconde sua postura cética diante da entrada em cena, a partir de terça-feira, do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Foi uma grande conquista no plano simbólico, mas não podemos nos esquecer que ele continuará governando os mesmos milhões de americanos que, um dia, votaram em Bush”, frisa. “Os Estados Unidos são uma nação puritana e é falsa a idéia que eles vendem de que lá é a terra da liberdade. Não existiu durante o governo de George W. Bush o direito pleno às liberdade individuais”, salienta, lembrando o episódio nefasto das torturas na prisão de Guantamano.
Num dos poemas mais instigantes de seu livro, Leonardo Gonçalves mostra como seus versos podem estar em plena sintonia com o mundo: ‘eu canto o fundo falso/eu sou o fundo falso/eu sou a fechadura/ e a chave do mistério divino/eu sou o mistério divino/por isso canto o corpo histérico/e rebolados das groupies desvairadas/enlouquecidas por minha saliva/que espalho sobre o chão do terreiro/e inauguro com elas/o meu próprio mistério/pois é mister cantar”, assegura o autor, consciente de que lirismo e contundência não são vocábulos excludentes neste planeta.