Arquivo da categoria: Poesia & arredores

Um andar sobre o mar

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Cineinstalação da videoartista Cris Ventura criada para o Espaço Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, pela qual o público poderá transitar livremente, criando sua própria narrativa fílmica.

“O antigo prédio Águas Correntes, em uma cidade litorânea, resiste aos fortes ventos, ao intenso sol, à maresia e seu sal. Seus habitantes de diferentes épocas são envolvidos emocionalmente com o espaço. Suas paredes, quinas, janelas, portas parecem ter gravadas em si imagens, reminiscências e rastros daqueles que por lá viveram. Como esquecer aquele pôr do sol de 21 de junho de 1938? E o amanhecer de um dia de primavera de 1976? Convidamos o público a mergulhar e deixar-se à deriva nessas imagens, no ambiente íntimo do eu lírico dos poemas Mar Absoluto, de Cecília Meireles; Difícil Ser Funcionário, de João Cabral de Melo Neto; Fama e Fortuna, de Ana Cristina César; Elegia 1938, de Carlos Drummond de Andrade; Transatlântico, de Leo Gonçalves.”

SERVIÇO
Data: 8 a 21 de outubro
Horário: terça a sábado, das 10h às 21h, e domingo, das 16h às 21h, com sessões de hora em hora
Local: Palácio das Artes – Espaço Mari’Stella Tristão – Avenida Afonso Pena, 1.537, centro, Belo Horizonte. Telefone: (31) 3236-7400. Site: http://fcs.mg.gov.br/programacao/um-andar-sobre-o-mar/
Entrada: gratuita, limitada a 25 pessoas por sessão

FICHA TÉCNICA
Direção: Cris Ventura
Assistente de direção: Renata Oliveira
Produção: Cris Ventura
Direção de arte: Clareana Turcheti
Cenografia: Caio Rodrigues
Trilha sonora: Barulhista
Design e animação: Cata Preta
Fotografia/câmera: Arthur B. Senra
Still: Jenfs Martins
Atores: Cris Moreira, Renato Parara, Saulo Salomão e Silvana Stein
Automação e programação: Italo Travenzoli e Kayran Gandhi
Edição e finalização: Hamilton Júnior
Consultoria técnica: André Hallak
Assessoria de imprensa: Débora Fantini – Barco

Realizado por meio da 6ª Edição do Filme em Minas – Programa de Estímulo ao Audiovisual – categoria “Formato Livre”. Patrocínio da CEMIG, da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e do Ministério da Cultura – Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio cultural da Fundação Clóvis Salgado, do Centro Universitário Una e do Agosto Butiquim.

Leminskanções

Leminskanções: disco duplo, com Estrelinski e os Paulera

Hoje Paulo Leminski faria 70 anos. 70 anos em pleno auge do sucesso editorial. 70 anos bem vividos dentro de cada poeta que perambula pelo Brasil.

Era ele que dizia:

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência.

Estrela Ruiz Leminski, a linda filha dele então teve a seguinte sacada: que nada melhor do que acabar a adolescência lançando seu primeiro disco. Por isso, hoje, dia 24 de agosto de 2014, Leminskanções foi disponibilizado para download gratuito. O disco é duplo e está incrível. No lado Essa noite vai ter sol, canções compostas pelo Paulo, no lado Se nem for terra, se transformar, aquelas parcerias bacanas que já eram hits da sua cabeça.

Intérprete das canções do pai, Estrela reuniu também um time de primeira para cantar com ela e sua banda “os Paulera”. Arnaldo Antunes, Zeca Baleiro, Na Ozzetti, Zélia Duncan, Serena Assumpção e outros que você poderá descobrir indo lá fazer o download.

É conhecida a faceta de compositor de Paulo Leminski, mas sabe-se mais por ouvir falar do que por ouvir cantar. Suas músicas mais famosas, por terem sido gravadas por grandes compositores, acabam passando despercebidas, atribuídas a quem as canta. É o caso de “Verdura”, que foi gravado no começo dos anos 1980 por Caetano Veloso. A música e a letra foram compostas por Paulo Leminski. “Luzes” (aquela música pirada que traz o verso “essa noite vai ter sol”) foi gravada nos anos 1990 por Arnaldo Antunes e uma outra de que não me esqueço (embora cantada por uma intérprete mesmo) é “Filho de Santa Maria”. Me lembro deleitante dela na voz de Zizi Possi. Todas de autoria do polaco loco paca!

Ouvi o disco pela primeira vez na semana passada e hoje na doce companhia de quem o fez ou esteve nas suas entrelinhas (ou seriam estrelinhas?). Desde que baixei, não sai do repeat. Vai lá baixar também, que na internet nada é pra sempre:

www.leminski.com.br

Revista Coyote nº. 25

Revista Coyote nº 25 - Londrina - Primavera - 2013

Sexta-feira. 11.7.2014. Noite de lua cheia. Chego em casa e encontro meus exemplares da revista Coyote nº. 25, que eu esperava ansiosamente.Neste número tem a tradução que fiz do ensaio “Do pornotempo e outros instantes ejaculados” do Heriberto Yépez. A edição (como sempre) ficou primorosa e com ótimos trabalhos: Federico García Lorca, Edgar Vasques, Carla Diacov, Luiz Bras, John Ashbery, Ade Scndlr, Gustavo Pacheco, Felipe Pauluk, Les Stone, Lara Mantoanelli Silva, Bernardo Brandão, Joseph Brodsky e Adelaide Do Julinho. Isso sem falar nos editores Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes. Uivos para a Coyote, essa revista longeva e resistente.

Procure seu livreiro e peça o seu. Distribuição nacional (em livrarias) pela Editora Iluminuras.

*

Do pornotempo e outros instantes ejaculados
(trechos)
Heriberto Yepez

1.
Quando a bomba de Hiroshima caiu, o que espatifou foram nossos conceitos lineares e cíclicos do tempo. A partir de então, o tempo ia ter um caráter radioativo, instável, decompondo-se cada vez mais de maneira irregular, perdendo partículas, ficando mais leve, desfazendo-se, e por isso mesmo, ameaçando tudo o que contém em si. Vivemos tempos amargos dos quais se pode esperar apenas re-runs e radioatividade.

3.
A existência do presente é a prova de que o tempo está avariado.

5.
Blake depois do junk-food: a Eternidade está apaixonada pelas Sobras do Tempo.

11.
Num mundo em que a autodisciplina da ética profissional é a moralidade mais alta, a impontualidade é o grande pecado mortal. O relógio de pulso é o Grande Irmão.

16.
O tempo não caminha: sai de moda. A moda é outra das categorias capitais de nossa civilização. As estações naturais foram substituídas pelas temporadas da moda. Nosso tempo está tão fragmentado que ninguém perceberia que o tempo é cíclico a não ser pela mudança física que as modas impõem ao planeta. A moda é a grande regularidade das nossas culturas. Já teríamos esquecido há cinco décadas do sentido periódico dos fenômenos se não fosse pelo eterno retorno do casaco.

7.
Nosso tempo se expande em forma de obesidade e se contrai em forma de anorexia. A única viagem possível ao passado é a dieta; ao futuro, a gula.

1.
Os antigos e os poetas conceberam a ideia de um tempo reversível. Tal como inumeráveis mitos primitivos, Rilke e Carpentier, por exemplo, imaginaram situações nas quais o metal regressava dos artefatos que o homem havia feito até suas minas subterrâneas, como em um grande rewind cósmico. Um devir ao contrário, um tempo caranguejo que caminha para trás. Nós, os modernos, por outro lado, concebemos um tempo que vai rumo ao futuro (ao contrário do tempo caranguejo). Mas tanto um como o outro são mitos fantásticos, mera ficção-filosófica. Nem o tempo vai normalmente rumo ao passado, nem tampouco rumo ao futuro (que o futuro não existe é algo que até os punks já sabiam). De fato, a ideia de que caminhamos rumo ao futuro é mais absurda que a suposição de que o tempo regressa ao passado. O tempo não viaja a nenhum lugar. O tempo permanece sempre sobre si mesmo. O tempo não avança: trava. Isto explica, por outro lado, a comprovável imobilidade de nossas vidas.

Poesia brasileira na Babelsprech

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Dividido em 3 partes, o trabalho de fôlego feito por Ricardo Domeneck para a revista Babelsprech já pode ser lido. Lá se faz um panorama variado do que se produz hoje em dia no Brasil, assumindo desde o princípio a dificuldade e a insuficiência da empreitada e cumprindo com a apresentação de uma grande diversidade de linguagens presentes naquilo que podemos chamar de “poesia”. É um trabalho ao mesmo tempo monumental, arriscado, curioso e, por que não dizer, poético. E digo isso, não somente porque tive a honra de figurar entre os citados.

É sempre complexa a tarefa de dar um panorama da poesia contemporânea, de onde quer que seja, sem cair no jogo da canonização antecipada, no jogo da falsa ordenação, no mero juízo de valor, dentre outras coisas. A tentação de fazer o recorte e jogar formol em cima é sempre imensa. Nada mais difícil que falar do que está vivo, pulando e pululando ao nosso redor. Além disso, a grande tradição crítica do Brasil é a de uma busca infundada de uma certa civilidade nacional que, a bem da verdade, não existe e que, principalmente, não é necessária. Tudo isso é possível. Vá lá ver.

Clique nos links abaixo, afie seu inglês, tenha ao lado um bom dicionário e divirta-se:

parte 1: www.babelsprech.org/tuerme-der-nachbarn-2-brasilien-13/

parte 2: www.babelsprech.org/tuerme-der-nachbarn-2-brasilien-23/

parte 3: www.babelsprech.org/tuerme-der-nachbarn-brasilien-33/

Revista Mitocôndria

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Foi lançada no dia 10 de maio a revista Mitocôndria – a cultura que respira a cidade 01. Coordenada pela jornalista Janaina Cunha, conta com uma equipe dream team. Ricardo Aleixo, como editor adjunto e colaborador, além ainda de Chico Cereno, Ice Band, Simone Castro, Magali Simone, Daniela Mata Machado, Black Josie e muitos outros. Já no número 1, traz o melhor do que a vida noturna pode nos oferecer: dança, teatro, festa, García Marquez, Hip Hop, Graffitagens, A admirada Grace Passô e muito e sempre mais.

Tive a honra de ser citado e comentado, com fotografias da participação que fiz ao lado de Bruno Brum no sarau do Memorial, no dia 29 de março de 2014, além de ter poemas (meus, do Bruno e do Wagner Merije) distribuídos ao longo das páginas da revista. É que a ideia é trazer à tona tudo o que respira, tudo o que pira e que a mídia – já tão soterrada e saturada de mais do mesmo – não quer dizer. Janaina dá a letra:

A poesia não tem tempo, história ou argumanto. Não é bela nem ruim. Não demanda erudição. A poesia é cotidiana, como pausas em ambiente de histeria coletiva – mesmo quando abrasiva. É fato em si, tangível embora dinâmico, pela capacidade de assumir contornos flexíveis, como a própria estrutura que a originou. E nesse ritmo a Mitocôndria abre caminho para os poetas, sem a responsabilidade de atribuir-lhes mérito ou demérito. Sem avaliar trajetória ou pertencimento. Porque o poeta não é feito de; apenas sente que é e assim se faz. Os aspectos formais são posteriores a isso.

Para conseguir exemplares, você deve escrever para
revistamitocondria@gmail.com ou ligar para (31) 3267-2419.

Sarau do Memorial – com Leo Gonçalves e Bruno Brum

Sarau do Memorial

Sábado, dia 29 de março, eu e Bruno Brum participaremos do Sarau do Memorial. Na ocasião, falaremos um pouco da nossa trajetória como poetas e como poetas-tradutores, comemorando especialmente os dez anos da primeira edição dos nossos primeiros livros: das infimidades (meu) e Mínima ideia (do Bruno).

Interessante é como nossos trabalhos (meu e do Bruno) tão diferentes entre si, encontram pontos de contato constantemente. Da ideia do minimínfimo ao gosto pela tradução, passando pelos olhares sobre o mundo ao redor e os influxos que nos levaram à produção do meu Use o assento para flutuar e do Mastodontes na sala de espera, dele, tudo isso escapando das mais imediatas influências mútuas. Como disse: temos algo em comum embora sejamos totalmente diferentes.

Durante o evento, falaremos poemas antigos e inéditos. O papo vai ser bom. E reto. Poesia viva. Quem estiver em BH, apareça lá.

Local: Memorial Minas Gerais Vale – Casa da Ópera
(Praça da Liberdade, s/n˚, Esquina com Rua Gonçalves Dias
Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil)
Quando: sábado, dia 29/03/2014 às 11h e às 13h
Entrada franca (sujeita à lotação do espaço)

Saiba mais no www.memorialvale.com.br