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Revista Olympio | Literatura e Arte

Já está circulando desde maio a revista literária independente Olympio. O projeto foi idealizado por Maria Esther Maciel, que formou com José Eduardo Gonçalves, Julio Abreu e Maurício Meirelles. A ideia é de fortalecer a transversalidade, publicando (como aparece neste primeiro número) o trabalho ensaístico, poético, ficcional, bem como trabalhos em artes visuais. Merece destaque especial o “Retrato”, escrito por Joselia Aguilar sobre a obra fotográfica de Maureen Bisilliat. Também aparecem, entre as artes visuais, os trabalhos de Eustáquio Neves, Leonora Weissmann e Julia Panadès.

O número está belíssimo, com poemas de Edimilson de Almeida Pereira, Letícia Féres, Simone de Andrade Neves. Ensaios de Iris Monteiro, Maria Angélica Melendi, Eliane Robert Moraes e Douglas Diegues. E mauita coisa mais que não vou citar aqui a exaustão.

Colaboro neste número também. Neste caso, com a tradução de um delicioso texto de Georges Perec, com o título: “Notas referentes aos objetos que estão sobre a minha mesa de trabalho”.

A revista está sendo distribuída pela Autêntica. Querendo saber mais informações sobre como adquiri-la, o link é aqui: Revista Olympio | Literatura e Arte – 01

Retendre la corde vocale: anthologie de la poésie brésilienne vivante

Em outubro de 2016, foi publicada na França a antologia Retendre la corde vocale: anthologie de la poésie brésilienne vivante [Retesar a corda vocal: antologia da poesia brasileira viva]. Organizada e traduzida por Patrick Quillier, a obra reúne autores de sete gerações, de Ferreira Gullar (1930-2016, vivo ainda quando foi lançada) a Reuben da Rocha (1984-). O recorte realizado é especial porque é único e diversificado. A narrativa proposta por Patrick é interessante por estar fora dos vícios típicos da vida intramuros, das fofocas da aldeia, das passáveis histórias para boi dormir que os poetas contam uns aos outros enquanto se lambem ou se cospem. Reúne autores de diversos cantos do país, sem estar à caça necessariamente de representantes de cada estado ou de cada identidade. São ao todo 29 poetas que ele traduz com surpreendente maestria, ele que também traduziu as obras completas de Fernando Pessoa para a Pléiade (aquela do papel bíblia). Patrick é um dos raros (e admiráveis) exemplos de poetas ouvintes. Aqueles que estão à escuta do mundo e também à escuta dos outros poetas, como o vi pessoalmente, nas plateias (ele sendo um dos poetas convidados) de várias das leituras de poesia no Festival Voix Vives de la Méditerranée de 2017.

Apesar de lançada no ano passado, somente agora a tenho em mãos. Trata-se de um alentado bouquin de 264 páginas, em formato 29,5×15 cm, com os poemas impressos apenas em francês, na maioria das vezes sem a disponibilidade de uma página inteira para abrigá-los individualmente.

Tive a alegria de acompanhar uma pequena parte do processo de sua feitura. Ao ficar pronto, recebi e li imediatamente os originais enviados pelo tradutor. Fiquei espantado com a qualidade do feito e, desde então, guardo para mim (e o realizo finalmente agora) o plano de traduzir o “Prelúdio”, para que mais poetas e leitores possam ter acesso no Brasil. Espero ser útil.

Não quero deixar de agradecer, aqui mesmo, o trabalho magistral do Patrick Quillier, a generosidade dos editores Françoise e Pierre, da Maison de la Poésie Rhône-Alpes e a hospitalidade das editoras Sandrine Giraud e Juliette Combes Latour da editora Les Temps des Cerises. Sem falar na carinhosa cessão das obras que ilustram o livro, feitas por Gerard Serrée (que tive o prazer de conhecer pessoalmente em 2016) e do cuidadoso trabalho feito pela designer Chloe Garrigues (não é só a antologia, confiram o catálogo da editora, é coisa fina!). Todas essas, são coisas pelas quais não dá para passar ileso. Merci.

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PRELÚDIO – por Patrick Quillier

Nas músicas antigas e tradicionais, o prelúdio era esse momento que precedia a música propriamente dita, durante o qual se afinava o instrumento, para que soasse bem, por um lado, para instalar, por outro, aquilo que os gregos chamavam de ethos da música, ou dito de outro modo, a atmosfera ligada à maneira que ela seria empregada. Emprestando de um poema de Leo Gonçalves o verso “retesar a corda vocal”, para fazer dela o título desta antologia, assinalamos a esses propósitos liminares a tarefa perigosa de preludiar várias atmosferas, ou dito de outro modo, ao ethos singular de cada um dos poetas apresentados neste livro. Ora, para tal, dificuldade suplementar, convém antes que este prelúdio dê a ouvir, tanto as razões das escolhas de suas vozes, como as da ausência neste concerto, de outras vozes tão singulares quanto.

De modo puramente arbitrário, como nos propomos desafios, foi decidido receber aqui somente os poetas ainda em vida no momento da confecção do livro. Isso não quer dizer que não está viva a poesia daquelas e daqueles que pertencem às gerações representadas aqui, mas já se foram. Claro que não! Nós ouvimos, tão presentes quanto as dos vivos de hoje, as vozes dos vivos de ontem, por exemplo, para citar apenas alguns desses ausentes, nascidos após os anos 1920, e tão fortemente presentes nos espaços mais preciosos da memória: Hilda Hilst (1930-2004), ela que dizia “O pássaro desenha/em seu voo estranho/um círculo de luz”, ou ainda: “Melhor vale um cachorro vivo que um leão morto.”; Roberto Piva (1937-2010), com suas pernas que sonhavam “suspensas sobre o abismo”; Orides Fontela (1940-1998), ela que dizia “res/pirar/o mais perto/do pássaro”; Paulo Leminski (1944-1989), ele que se dizia “um cachorro louco/que deve ser morto/a pedra a pau a pique”; Torquato Neto (1944-1972), que se dizia “pronome/pessoal intransferível” nascido sob o signo de um “anjo louco”; Adão Ventura (1946-2004), esse negro a quem o câncer minou o sangue, seu sangue entretanto “sempre mais forte/tão forte quanto as imensas pedras/que [seus] ancestrais transportaram/para edificar os palácios dos reis”; Ana Cristina César (1952-1983), ela que dizia, antes do seu suicídio: “tenho uma vida branca/e pura que me espera”; Hilda Machado (1952-2007), cujo suicídio não apagou o eco de sua voz, sua voz “murmúrio de anjo”…

Outras vozes de autores sempre vivos teriam podido tomar lugar neste concerto, pois elas também nos acompanham, mas toda escolha é cruel, principalmente por parte de quem tem que fazê-la. Mil perdões, entre outros a: Adélia Prado (1935-), que confessa que a poesia se apossa dela “com sua roda dentada” para forçá-la “a escutar imóvel/seu discurso esdrúxulo”; Leonardo Fróes (1941-), grande tradutor, e grande amigo dos pássaros como de sua língua, diante do eterno (“no delírio urbano ressoa/sem função social senão deixar/que a boca filosofe assobiando/e o ouvido obediente perceba”); Antonio Cícero (1945-), com seus cantos filosóficos, justamente (“Eis o poeta cego./Abandonou-o seu ego./Abandonou-o seu ser./Por nada ele verseja./Bem antes do amanhecer/em seus versos talvez se veja/diverso de tudo o que seja/tudo o que almeja ser.”); Paulo Henriques Britto (1951-), e sua palavra desprovida de toda grandiloquência, “esfinge estilizada,/sugerida apenas, como convém/a um monumento, ou cenotáfio, ao nada.”; Edson Cruz, (1959-), seus poemas mestiços, sua palavra generosa, sensível e lapidar, cuidadosa “das coisas sem voz/dos seres sem vez”; Carlito Azevedo (1961-) com suas “salvas de arrepio”; Claudia Roquette-Pinto (1963-), tão atenta ao “som de cascos ancestrais”, à “rima lívida nos lábios, à “dor sem voz”; Paula Glenadel (1964-) ventríloqua de sua própria voz “de epifania”; Eliane Marques (1970-), e os batuques de seus poemas negros (“tal seu ofício/ofício negro/hera em cada mano”); Marcelo Sahea (1971-), esse virtuose da poesia verbivocovisual (“por que assim/do útero ao caixão?/por que não/outro percurso?/por que não/na contramão?/por que não/ser inconcluso?”); Veronica Stigger (1973-) e os estouros satíricos de seus poemas breves (“Juro: não queria ter atirado no dragão”.); e, entre os mais jovens, os promissores Victor Heringer (1988-), renovador provável da epopeia em seus poemas narrativos e discursivos; e Italo Diblasi (1988-), poeta áspero e percussivo (“paremos, portanto, de fingir/que Nietzsche estava errado/quando enlouqueceu às portas/de explicar esse caralho”)… E tantos outros, pois o Brasil é rico de numerosas vozes. Seria preciso vários tomos, como o fez outrora, pela poesia francesa do século XX, o caro Pierre Seghers.

Há, portanto, no presente volume, 29 vozes a ouvir. Todas a sua própria maneira, retesaram a corda vocal para afiná-la à singularidade de seu timbre respectivo. O primeiro poeta deste livro faz referência à morte de Oswald de Andrade, no dia 22 de outubro de 1954 e a seu enterro dois dias depois. Ferreira Gullar, o mais velho dos poetas aqui presentes, ao render-lhe homenagens parece, por esse caminho, inaugurar também uma nova era na história da poesia brasileira. Nós lhe oferecemos um lugar de peso, em razão de sua importância e de sua originalidade, tanto em relação a seus predecessores quanto em relação a seus contemporâneos, e está aí a razão pela qual demos integralmente a tradução de seu longo e famoso “Poema sujo”. Quanto a Oswald de Andrade, nascido em 1890, ele foi um dos poetas mais importantes do modernismo brasileiro, autor do Manifesto Antropófago (1928), onde pregava não a rejeição das culturas estrangeiras, em particular as europeias, mas sua apropriação, assimilação e devoração de toda espécie.

No começo de nosso livro, a página desta que notadamente foi chamada de antropofagia é virada. Para tanto, a questão da cultura brasileira, das culturas brasileiras, deveríamos aliás dizer, não está caduca. Ouviremos aqui diversas gerações que colocam essa questão em termos sempre renovados. Vozes como as de Regina Célia Colônia, companheira de estrada do destino de certos povos ameríndios, e de Eliane Potiguara, militante da afirmação pacífica das identidades indígenas pelo viés de sua defesa e ilustração, nos permitem por exemplo compreender o formidável rumor, sempre vivo, das culturas antigas do país. Quanto a Josely Vianna Baptista, ela dá para essas culturas do país um lugar de escolha na fenomenologia de algum modo selvagem, para retomar um conceito de Merleau-Ponty, que ela elabora em sua obra. Quanto a eles, poetas como Cuti, Ricardo Aleixo, Ronald Augusto, Edimilson de Almeida Pereira, Leo Gonçalves, mostram, eles que pertencem a diversas gerações, que as vozes da negritude não cessam de ter que se fazer ouvir nesse país onde o racismo institucional é assassino. Vocês ouvirão as batidas rítmicas dos rituais transmitidos por herança africana ainda vivazes no Brasil, por exemplo, nos poemas-candomblés de Cuti, a homenagem rendida por Ricardo Aleixo aos grandes nomes da Negritude, a evocação das divindades iorubás por Ronald Augusto, a oração chamada de “ofó” balbuciada por Leo Gonçalves…

Ademais, a ressonância de episódios históricos que modelaram a memória coletiva do Brasil marca certos poemas apresentados. Notaremos, por exemplo, a referência recorrente aos bandidos populares do sertão, os cangaceiros, através da evocação de alguns dentre eles como Lucas da Feira (em Sebastião Nunes), Virgulino (Cida Pedrosa) e sua companheira Maria Bonita (Ricardo Domeneck). Nenhuma dessas referências se parece com a outra, uma vez que seus dispositivos nunca são os mesmos, que as conotações diferem e que as senhas que se perfilam em plano de fundo são definidas pelas especificidades próprias a cada geração. Eis aí, aliás, um ponto característico do presente livro: pode ser lido, apesar das ausências, como um levantamento revelador dos traços distintivos de diversas gerações, que vão de Ferreira Gullar, nascido em 1930, a Reuben da Rocha, nascido em 1984, dito de outro modo, exatamente trinta anos após a morte de Oswald de Andrade mais de cinquenta anos após o nascimento do autor do “Poema sujo”. O último poema do livro, escrito por esse jovem autor, pode aliás ser lido como a expressão da incessante renovação operada pelas sucessivas ondas humanas.

Uma primeira geração é representada pelo poeta engajado Ferreira Gullar (1930-), o poeta virtuose Augusto de Campos (1931), e o engraçadíssimo poeta fantasista Zuca Sardan (1933-). Uma segunda geração, tão diversa quanto, é constituída aqui pelo extraordinário poeta satírico Sebastião Nunes (1938-), a poeta de um só livro (mas que livro, esse que contém, cristalizada, toda a cultura ameríndia!), Regina Célia Colônia (1940-), e a excepcional poeta lírica Elisabeth Veiga (1941-). Uma terceira geração se compõe aqui de Lu Menezes (1948-), poeta da cosa mentale escandida no corpo do tempo, Eliane Potiguara (1950-), cujos cantos lancinantes fazem reviver velhos cantos xamânicos, e Cuti (1951-), um dos primeiros grandes cantores da poesia afro-brasileira. Podemos reagrupar numa quarta geração as vozes de Adriano Espínola (1952-), que sintetiza os modernismos e abre a via para o pós-modernismo, de Salgado Maranhão (1954-), autor de uma obra exemplar de sinergia para retomar um termo utilizado a seu tema por Ferreira Gullar, de Regis Bonvicino (1955-), “infatigável renovador”, áspero observador das realidades modernas, e de Josely Vianna Baptista (1957-), cujo trabalho tão original sobre as relações entre linguagem e mundo é de uma grande potência. Uma quinta geração reagruparia aqui os poetas seguintes, todos nascidos nos anos 60: Ricardo Aleixo (1960-), adepto de uma poesia ação instalada no cerne dos interstícios e das interconexões de todas as ordens; Ronald Augusto (1961-), grande ritmista de palavras na forja alquímica do poema; Edimilson de Almeida Pereira (1963-), exemplo brilhante de poeta antropólogo preocupado com a mestiçagem das culturas; Cida Pedrosa (1963-), poeta engajada na cidade e promotora do “poemaponte”; Marcos Siscar (1964-), o poeta da lucidez, o poeta atento “às infinitas semelhanças entre as palavras justapostas e as vidas apagadas”; e Renato Negrão (1968-), poeta da vida urbana, com seu verbo percussivo e revigorante, hábil em desfazer as categorias que atuam nas ideias prontas. Os poetas nascidos na primeira metade dos anos 70 formariam uma sexta geração, ainda mais claramente inscrita no pós-modernismo que ela submete a tensões, torsões, provas. É assim que Angélica Freitas (1973-), Marcus Fabiano Gonçalves (1973-) e Dirceu Villa (1975-) fazem dela uma arma satírica contundente, ela com a mais jubilosa das irreverências, o segundo com a acuidade impiedosa do humor negro, e o último se valendo de todas as fontes que lhe fornecem sua impressionante maestria da língua e sua imensa erudição. Quanto a Leo Gonçalves (1975-), sua forma de retesar a corda vocal é particularmente singular, pois ele insufla a seus poemas-manifestos a grande variedade de sopros herdadas das tradições africanas. A sétima geração de nosso pequeno concerto faz ouvir as vozes de Ricardo Domeneck (1977-), poeta que consegue colocar juntas a ironia e o fervor, narrativa e reflexão, pós-modernismo e atemporalidade, de Marília Garcia (1979-), em quem a autobiografia e a reflexão filosófica formam uma espécie de geografia mental inovadora, de Fabiana Faleiros (1980-), com textos e performances provocadores e faceciosos, de Érica Zíngano (1980-), voz acerba e jubilosa, e de Juliana Krapp (1980-), cujo universo poético denso e estranho poderia parecer operar um ultrapassamento original dos impasses do pós-modernismo. Menção especial a Reuben da Rocha (1984-), anunciador de práticas e de temas novos, talvez em prelúdio a outras publicações.

O mundo da comunicação globalizada veicula sobre o Brasil ora um carregamento de clichês tropicais, ora uma onda infinita de informações trágicas: miséria extrema; violência; principalmente contra ameríndios e negros; desflorestamentos; corrupção endêmica e institucionalizada, etc. Ao mesmo tempo, o Brasil é apresentado como “uma potencia emergente” no concerto econômico mundializado.

Esta antologia pretende apresentar uma outra realidade do Brasil, aquela que fazem viver, em sua diversidade, a própria abundância, mas também sua surpreendente e admirável energia, poetas, mulheres e homens, de várias gerações e vindos dos quatro cantos do país, assim como da diáspora.

Vozes de mulheres, vozes de homens, com timbres, tessituras e ritmos diferentes, nos convidam a escutar neste volume a emocionante e revigorante polifonia de todo um povo, dos quais eles não cessam de “retesar a corda vocal”. A tradução se propõe dar a ouvir em nossa língua esse hino plural à vida que triunfa, apesar de terríveis adversidades.

*Patrick Quillier
Poeta, compositor, tradutor, universitário, nascido em 1953. Publicou dois livros de poemas pela Éditions de la Difference: Office du murmure (1996) e Orifices du murmure (2010). Foi premiado no concurso internacional de composição musical Fernando Pessoa” (Lisboa, 1985) por seu oratório Além da dor (a partir de textos de Fernando Pessoa). Traduziu não somente esse último (sobretudo para as Œuvres poétiques lançadas em 2001 na coleção Pléiade), mas também os portugueses Herberto Helder, Mário Cesariny, Alexandre O’Neill, António Osório, Pedro Tamen, António Franco Alexandre, Helder Moura Pereira, e alguns outros, dentre os quais o angolano Lopito Feijó. Ensina literatura geral e comparada na Universidade de Nice-Sophia Antipolis. Trabalha atualmente num grande afresco épico para a humanidade da qual ele apresenta fragmentos em performances, que ele realiza sozinho ou em colaboração com o músico tradicional Sérgio Morais.

(Tradução de Leo Gonçalves)

RETENDRE LA CORDE VOCALE
Anthologie de la poésie brésilienne vivante
Organisée, traduite et présentée par Patrick Quillier
Bacchanales nº 55 – octobre 2016
Revue de la Maison de la poésie Rhône-Alpes/Le Temps des Cerises.
ISBN: 978-2-37071-036-9
(À venda nas melhores livrarias francesas)

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