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Sobre Leo Gonçalves

Leo Gonçalves é poeta, tradutor, curioso de teatro, música, cinema, política, culinária, antropologia, antropofagia, etnopoesia e etnologia, vida, educação, artes plásticas etc.

Leo Gonçalves no Jornal de Poesia

Lá pelo ano de 1996, navegava-se de um jeito bem diferente pela internet. Não havia google, nem sites de relacionamento tão acessíveis, emails eram para poucos. Mas já havia o Jornal de Poesia, um site criado e mantido pelo poeta cearense Soares Feitosa. Era de fato um grande feito, pois já naquela época, ele havia conseguido reunir o mais amplo acervo de poesia da língua portuguesa. Me lembro de explorar esse site com entusiasmo, trocando ideias com meu amigo Marcelo Terça-Nada! e colaborando com poemas que ainda não estavam por lá. Eram os anos dourados da internet e tudo era muito promissor. Hoje, o site é um dos mais completos do Brasil e conta ainda com uma “banda hispânica” e com a parceria da Revista Agulha, que é comandada pelos poetas Claudio Willer e Floriano Martins.

Esta semana, fui agraciado com uma página no jornal. Ainda em fase de construção. Minha presença do Jornal de Poesia começa com os ensaios “William Blake Hoje”, publicado originalmente no caderno Pensar, do Estado de Minas e “Antologia antilhana: um livro inventa o presente”, ensaio que publiquei em 2008 na revista Roda – Arte e cultura do Atlântico Negro, na ocasião dos 60 anos da Anthologie de la nouvelle poésie nègre et malgache de langue française, organizada por Léopold Sédar Senghor.

Em breve haverá mais no site: poemas e outros apetrechos. Para dar uma chegadinha, é só clicar no link aí embaixo.

www.jornaldepoesia.jor.br/leonardogoncalves.html

POEMACUMBA inaugurada

Apresentei, no dia 07 de novembro, como parte do Simpoesia III – na Casa das Rosas – a performance POEMACUMBA. Nesta proposição, vocalizo meus poemas que melhor resvalam no lado banto da língua. Orinquices, feitiços, ofós, curas, fetiches. Evocações de sons e vozes ancestrais para encher o ambiente de ngunzu, hal, axé.

Esta performance (anime) é o segundo trabalho onde coloco em prática os princípios do verbo atuante, que vêm sendo desenvolvidos por mim e pelo poetadançarino  Benjamin Abras.

Work in progress, pretendo parafernalizá-la para apresentar outras vezes e decepcionar outras plateias.

(foto: Erin Moure)

Simpoesia 2010

Começa nesta sexta, dia 05 de novembro, o Simpoesia 2010, III Simpósio de Poesia Contemporânea. Durante os três dias do evento, teremos a presença de poetas do Brasil e do mundo em meio a lançamentos de livros, leituras e performances. Entre os vários convidados, teremos Bruno Brum, Arjen Duinker (Holanda), Eva Batlickova (República Tcheca), Antônio Vicente Pietroforte, Ismar Tirelli, Claudio Daniel e muitos outros.

Eu também participarei. Apresentarei, no dia 07, a minha performance Poemacumba, às 18h.

O Simpoesia III acontece na Casa das Rosas e é organizado por Virna Teixeira. Para saber mais notícias, é no seguinte endereço:

www.simpoesia.com

Saudações à Dilma Roussef

Não quero esconder a minha felicidade em ter pela primeira vez uma mulher na presidência da república. Não que o gênero seja importante no caso. Por exemplo, imaginemos que a mulher eleita fosse a Roseana Sarney ou a Mônica Serra… acho que não cairia bem. E como diz meu amigo Ricardo Aleixo, o que muda é só o que há entre as pernas de quem manda.

Estou orgulhoso é de ter pela primeira vez uma ex-guerrilheira na presidência da república. Alguém de carne e osso que realmente lutou contra um regime que destruiu a memória do país, desapareceu, matou e desumanizou milhares de brasileiros. Que colocou o Brasil como capacho do capitalismo exploratório norteamericano. E outros tanto ques.

Mas não votei em Dilma Roussef por causa disto. Votei porque ela representa um projeto que tem melhorado o Brasil. Temos agora uma presidente habilidosa e capaz. A que melhor garantirá o desenvolvimento da democracia brasileira ainda tão frágil e mal resolvida em seus 21 aninhos de existência.

Em tempo: estar entusiasmado com a vitória de uma candidata, não significa manter-me cego às falcatruas e politicagens que todo governo até aqui tem feito. A oposição mais forte ao governo Lula não tem sido de grande força, com PSDB de um lado com sua política retrógrada e uma esquerda da esquerda com um radicalismo pouco inteligente, blindado. Mas acho que para ver a coisa melhorar, será necessário que cada vez mais nos saibamos políticos nós mesmos e façamos nós mesmos aquilo que queremos diferente. Em todo caso, a prática tem mostrado que lutar contra os desacertos de governos petistas tem resultado mais frutífero.

E agora, mãos à obra.

Nova Música Instrumental Mineira

A notícia não é nova, mas ainda dá tempo. Está rolando agora, em BH a Mostra Nova Música Instrumental Mineira. Uma parceria entre a produtora Ultrapássaro e o Slow Food Piquenique.

Para quem não sabe, Minas possui uma das produções musicais mais criativas e consistentes no Brasil hoje. Pelo festival já passaram Rodrigo Torino, Rafael Macedo, Benjamin Taubkin, André Rocha, Juarez Moreira e muitos outros, entre oficinas e concertos que acontecem em meio a um delicioso piquenique nos parques da cidade.

Amanhã, dia 24 de novembro, teremos o grupo Madeirame e Maurício Ribeiro, no parque Lagoa do Nado às 11h. E para o próximo sábado, dia 30, a partir das 16h, no Parque Mangabeiras, tem João Antunes Quinteto e o grupo de percussão Prucututrá.

Para mais informações, é no:
www.mostrainstrumental.wordpress.com

Da liberdade de imprensa

De tudo que vem ocorrendo em torno às eleições de 2010, o que mais tem chamado a minha atenção é a atuação inédita da mídia brasileira e sua relação direta com a opinião e os votos dos eleitores. Este é um momento ímpar, em que a falaciosa imparcialidade dos jornalistas está sendo exposta com toda a força. E, dentre os fatos inéditos, há a baixa repercussão da campanha massiva de difamação por parte da imprensa. Parece incrível que, todas as capas e editoriais lançados pela Veja, a Folha de S.Paulo, o Estadão, o grupo Globo, tenham servido para baixar apenas 5% dos votos de Dilma Roussef em relação ao que vinha sendo demonstrado pelas pesquisas de opinião. Em outros tempos, essa baixa repercussão parecia ser impossível-impensável.

Umas duas semanas antes do primeiro turno, o presidente Lula declarou em público que a imprensa deveria assumir que atua como um partido de oposição e que não tem nada de imparcial no que publica. Isso provocou uma reação imediata e provocativa por parte dos conservadores. Jornais e revistas apareceram dizendo que o presidente queria acabar com uma suposta “liberdade de imprensa” existente no país. Mas, contradição das contradições, a capa de uma das revistas de maior circulação apareceu com o seguinte anúncio com ares de “denúncia”: “a liberdade sob ataque”. Como ilustração da capa, a estrela do PT fincada sobre o artigo da constituição que garante a liberdade de imprensa. Evidentemente, se houvesse algum tipo de cerceamento de tal liberdade, a revista seria recolhida e proibida. Não foi bem o que vimos.

De qualquer modo, o assunto gerou muita polêmica. Ambos os lados da história se posicionaram, discutiram. A revista Carta Capital, partidária assumida do atual governo, também lançou seus impropérios, claro, na defensiva. “Vale, porém, discutir as implicações da liberdade de imprensa, e de expressão em geral. É do conhecimento até do mundo mineral que a liberdade de informar encontra seus limites no Código Penal. Se o jornalista acusa, tem de provar a acusação. E informar significa relatar fatos. Corretamente. Quanto à opinião, cada um tem direito à sua”, afirma Mino Carta em seu editorial de 27 de setembro. E para acender a fogueira das discussões, Sandra Cureau, vice-procuradora-geral da Justiça Eleitoral, exigiu da revista “a entrega da documentação completa do relacionamento publicitário com o governo federal”.

Por outro lado, uma reação pareceu honesta e louvável: o jornal Estado de S. Paulo colocou em seu editorial: “Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, (…) apoia[mos] a candidatura de José Serra à Presidência da República”. Acredito ter sido esta a primeira vez que um jornal conservador assumiu tal postura na história da democracia brasileira. A Folha, que disputa mercado com o Estadão, não teve uma postura tão digna. Continuou acusando o governo de ser contra a liberdade de imprensa.

Apesar de tanto discurso acusatório, quem acabou por cercear a liberdade de informação foram os próprios acusadores. O site Falha de S. Paulo, paródia da Folha, que trazia críticas e denúncias, foi tirado do ar após uma ação na justiça. O argumento era de que o site fazia “uso indevido da marca”. Para infelicidade do acusador, o site proibido ganhou logo uma versão colaborativa, que dificilmente será tirada do ar.

Mas o fato mais escandaloso (e talvez insuficientemente repercutido no cenário nacional) foi a demissão da jornalista, psicanalista e poeta Maria Rita Kehl do Estadão. O argumento deste foi que houve um “delito de opinião”. É que ela descreveu, em sua coluna semanal, algumas das grandes conquistas do atual governo. Continue lendo Da liberdade de imprensa

Seu nome – Fabrício Corsaletti

Ouvir o Fabrício Corsaletti falar seus poemas na Casa das Rosas dia desses foi uma das gratas surpresas com poesia em São Paulo. Perguntado sobre os poetas contemporâneos que ele mais admira, falou de Angélica Freitas para quem escreveu “Pobre Angélica Freitas”. É muito bom ver esse ar de despretensão numa poesia tão densa. Fico feliz que seus livros estejam saindo hoje por uma grande editora, a Cia das Letras.