Arquivo mensais:julho 2018

Roda BH de Poesia 4

A cada edição, a Roda reúne dez poetas e artistas. Sentados ao redor de uma grande mesa de bar, a cada momento uma poeta levanta-se e apresenta seu poema, música, texto ou performance, e assim segue os outros, com o giro da roda.

Na próxima sexta-feira, dia 19 de julho, participo da Roda BH de Poesia IV, ao lado dessas pessoas lindas e admiradas que aparecem no flyer acima:

Ohana HoHo
Nívea Sabino
Claudia Manzo
Fabiana Soares
Bruna Kalil Othero
Leandro Zere
Pedro Bomba
Denilson Tourinho
Leo Gonçalves
Edelson Pantera

Tá bom de anotar na agenda para não perder.
Vai ser no 1000tons (Rua Mármore, 825 – Santa Tereza)

Como traduzir um rosto | oficina de tradução poética

“traduzir é inumano. nenhuma língua ou rosto se deixa traduzir.”
Juan Gelman

A arte da tradução é a arte do impossível. Cada língua e cada lugar possuem suas particularidades, seus próprios recortes da matéria viva chamada “realidade”. Se traduzir é um desafio já no ponto de partida, o desafio da tradução poética e suas correlatas em prosa se avizinha às artes do impossível.

A proposta desta oficina é, portanto, a de realizar experimentos com tradução de poesia, explorando, no ato tradutório, as subjetividades e os elementos de linguagem próprios da poesia. A experiência com a tradução nos permite explorar, para além da própria tradução em si, as inúmeras possibilidades e técnicas de criação poética, bem como as reflexões sobre o que pode um poema.

*

Os tempos atuais requerem uma percepção que ultrapasse os limites do que está ofertado para os observadores que somos, sempre muito passivos diante das notícias e informações que nos chegam do mundo. Adotamos visões superficiais e descarnadas sobre outros povos e outros lugares. A relação que cada indivíduo do planeta estabelece com os outros lugares e povos liga-se sobretudo, às paisagens. Compreender o que ocorre no ver e no sentir de um povo diferente é abrir-se para o novo, tal como o é também a leitura do poema.

Cada poema numa língua estrangeira é como um rosto distante que nos olha sem que compreendamos o que ele quer nos dizer. Trazer para a nossa língua o dito e o não dito de um poema, é parte dos grandes desafios do mundo atual. É pensando nisto que o filósofo martinicano Édouard Glissant desenvolve seu conceito de plurilinguismo: não se trata de saber vários idiomas, mas de “escrever em presença de todas as línguas”. A consciência de que o poeta habita um mundo onde também existem incontáveis línguas diferentes da sua compõe também o poema, nesses tempos de mundialização que é também massacrante, mas não só: é também a oportunidade do encontro e de um diálogo inédito entre os povos do planeta.

Traduzir poesia é também, por outro lado, momento de lazer. Despreocupar-se dos problemas do mundo para debruçar-se sobre as palavras, seus ritmos, seus jogos, seus interstícios. Buscar compreender o que ela diz e o que não diz. Mas também: dizer o que se compreende e o que não se compreende.

José Paulo Paes, um dos melhores e mais profícuos tradutores brasileiros em seu tempo, dizia traduzir porque não entende o original. Traduzir é o melhor modo de descobrir o que está oculto por trás das palavras de um poema escrito em outro idioma. Outro tradutor fundador, Augusto de Campos, declarou certa vez que traduzir é um modo de tornar-se outro, como fazia Fernando Pessoa com seus heterônimos. Sentir pelas palavras do outro, trazendo-as para a língua portuguesa. Guimarães Rosa dizia que toda escrita é uma espécie de tradução: quem escreve traduz de um lugar inaudito coisas sem nome. Mas para Robert Frost, “poesia é o que se perde na tradução”. Eis o desafio.

Grandes poetas traduziram: de Gonçalves Dias a Haroldo de Campos. De Machado de Assis a Clarice Lispector. De Álvares de Azevedo a Manuel Bandeira. De Carlos Drummond de Andrade a Sebastião Uchoa Leite. E a lista não tem fim.

Traduzir poesia é (pode ser) um modo de experimentar. Um modo de dar respiro às palavras de um autor. Seguindo o pensamento de Juan Gelman: “Traduzir é inumano. Nenhuma palavra ou rosto se deixa traduzir. É preciso deixar essa beleza intacta e colocar outra para acompanhá-la: sua perdida unidade está adiante.”

A proposta de “Como traduzir um rosto” seria, portanto, esta outra forma de se fazer poesia. Um processo. Um procedimento.

*

Há tempos espero o momento de realizar esta oficina. Estou contente com a oportunidade oferecida pela PBH. “Como Traduzir um Rosto” acontecerá na próxima semana, entre os dias 10 e 13 de julho. As inscrições são gratuitas, mas as vagas são limitadas.

Quem quiser se inscrever ou obter mais informações, pode entrar em contato.

telefone: 31 3277 8658
email: bpij.fmc@pbh.gov.br

Revista Olympio | Literatura e Arte

Já está circulando desde maio a revista literária independente Olympio. O projeto foi idealizado por Maria Esther Maciel, que formou com José Eduardo Gonçalves, Julio Abreu e Maurício Meirelles. A ideia é de fortalecer a transversalidade, publicando (como aparece neste primeiro número) o trabalho ensaístico, poético, ficcional, bem como trabalhos em artes visuais. Merece destaque especial o “Retrato”, escrito por Joselia Aguilar sobre a obra fotográfica de Maureen Bisilliat. Também aparecem, entre as artes visuais, os trabalhos de Eustáquio Neves, Leonora Weissmann e Julia Panadès.

O número está belíssimo, com poemas de Edimilson de Almeida Pereira, Letícia Féres, Simone de Andrade Neves. Ensaios de Iris Monteiro, Maria Angélica Melendi, Eliane Robert Moraes e Douglas Diegues. E mauita coisa mais que não vou citar aqui a exaustão.

Colaboro neste número também. Neste caso, com a tradução de um delicioso texto de Georges Perec, com o título: “Notas referentes aos objetos que estão sobre a minha mesa de trabalho”.

A revista está sendo distribuída pela Autêntica. Querendo saber mais informações sobre como adquiri-la, o link é aqui: Revista Olympio | Literatura e Arte – 01