um poema de joão cabral

o baobá como cemitério

pelo inteiro senegal,
o túmulo dos griots,
misto de poeta, lacaio
e alugado historiador,
se cava no troco obeso
de um baobá do arredor:
ele é a só urna capaz,
com seu maternal langor,
de adoçar o hálito ruim
todo o vinagre e amargor
que, debaixo da lisonja,
tem a saliva do cantor.

(João Cabral de Melo Neto em Agrestes )

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