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servidão – dica para o seu fim de semana em bh

o espetáculo servidão [livre adaptação da novela “of human bondage”, de somerset maughan, dirigido por carlos gradim e encenado por luiz arthur, cynthia paulino, samira ávila e alexandre cioletti] estréia hoje, sexta-feira, dia 05 de outubro, no

 

Odeon Espaço Cultural (r. tenente brito melo [paralela com a barbacena], 254 – barro preto). 

zé celso & os sertões no rio de janeiro

há mais ou menos um ano atrás, eu e patrícia assistimos à primeira apresentação integral da peça “os sertões” do grupo oficina uzyna uzona, comandado por zé celso martinez corrêa. trata-se de uma obra monumental, apresentada em cinco dias, com cerca de 5h por apresentação. a epopéia de euclides da cunha, em cena, se divide em “a terra”, “o homem I – do pré homem à revolta”, “o homem II – da revolta ao trans-homem”, “a luta I” e “a luta II”. 25 horas de teatro em alta voltagem. poesia, ritual, música, oficina de humanizar. a peça marca para mim uma verdadeira mudança de paradigma. mudança de rumos. último capítulo de uma longa história que começou no dia em que comecei a gostar de arte. última fase da última limpeza que fiz nas minhas “portas da percepção”. assisti à peça depois de haver escrito “uma festa bacana”, poema que traz muitos elementos da peça, assim como uma prosa delirante e inédita que somente a minha namorada conhece, e que li para ela no última madrugada da nossa estada em são paulo, de 25 para 26 de setembro de 2007, logo após assistirmos “a luta 2”. a peça de zé celso me corroborou.

assim como outras peças do oficina, “os sertões” é um capítulo da luta que o grupo trava contra o grupo sílvio santos (ss) há 25 anos. “as bacantes”, “boca de ouro”, “ham-let”. isto porque o teatro está construído exatamente no lugar onde sílvio santos planeja construir um imenso shopping center. uma história sórdida que está documentada no site do oficina e que merece ser acompanhada na íntegra. uma guerra de davi e golias, a velha guerra entre arte e capitalismo.

numa entrevista à revista folhetim, zé celso comenta:

“o teatro oficina é uma coisa muito estranha porque não é mais nem uma metáfora: eu comecei não querendo entregar o teatro, quando voltei do exílio, por uma questão até de birra, porque saí de lá à força, com a polícia invadindo etc. e de repente, eu me vi pensando: “não, eu podia fazer exatamente tudo que eu faço em outro lugar, como posso fazer todas as peças que faço noutro lugar, mas, se eu fizer nesse lugar, eu vou ter mais problemas e, conseqüentemente, esses problemas vão me inspirar mais, porque se trata realmente de ver até que ponto existe um poder na cultura e na arte e qual é o confronto que elas estabelecem com as forças reais da sociedade, até que ponto o teatro tem algum poder.”

agora, no princípio de outubro, a peça “os sertões” se apresenta mais uma vez na íntegra. desta vez, no rio de janeiro, depois de ter passado pelo recife e salvador em uma mini-turnê (que infelizmente não inclui belorizontem) a obra se insere na programação da 8º riocenacontemporânea.

para mais informações:

www.riocenacontemporanea.com.br
www.teatroficina.com.br

espetáculo teatral: a virgem dos desamparados


nos dias 04 e 05 de julho (quarta e quinta da semana que vem), às 20h, os alunos do 6º período da escola de artes cênicas ufmg estréiam com a peça “A Virgem dos Desamparados” de pedro almodóvar e fermín cabal. a montagem tem a coordenação/direção de elisa belém e a tradução é minha.

o espetáculo é gratuito e acontece na ZAP 18.

endereço:
rua joão donada, 18 – bairro serrano
(siga o mapa que está neste link ou vá de 4403A – zoológico)

cep 20.000 comemora 17 anos hoje

para quem estiver no rio: o cep 20.000 comemora hoje os seus 17 anos de poevídeomúsicartinvenção.

endereço novo, anota aí:

teatro do jockey
rua mário ribeiro, 410 (pra quem for de carro)
rua bartolomeu mitre, perto do hospital miguel couto (pra quem for a pé)

hoje, 19 de junho, às 20h.
confira mais detalhes no blogue do chacal: www.chacalog.zip.net

diálogo infinito

– te amo.
– eu também.
– mas você tem medo de mim.
– não. só não gosto que brigue comigo.
– prometo não brigar mais.
– ótimo.
– e você?
– eu o quê?
– promete que não vai fazer mais aquilo?
– aquilo o quê?
– aquilo.
– aquilo? ah, sei. prometo. não farei mais aquilo.
– vai sim. você vai fazer tudo de novo. você não muda. você é sempre igual.
– não vou não.
– vai sim. eu te conheço. você sempre faz aquilo. eu te odeio.
– mas você não tinha dito que me ama?
– sim. te amo.
– mas você disse que me odeia.
– não. eu te amo.
– eu também.
– mas você é esquisito comigo.
– só não gosto que você brigue comigo.
– prometo não brigar mais…
– promete?
– prometo. e você?
– prometo.
– promete? aquilo?
– é. aquilo.
– duvido.
– não duvide. detesto que você duvide de mim.
– mas eu duvido. duvido mesmo. você não muda. você é sempre igual. você não muda.
– não mudo é?
– não.
– então?
– sim?
– não.
– ah! não falei? você é sempre o mesmo.
– e você não?
– eu… eu não suporto mais isso.
– então pare.
– não me mande parar. detesto que me mandem parar…
– então não pare.
– também não diga isto. detesto que finjam as coisas apenas para apaziguar.
– e eu detesto que você brigue comigo.
– não estou brigando!
– está sim.
– não. não estou.

ad infinitum.

campanha de popularização do teatro

em belo horizonte, todo mundo sabe: para quem não sai para a praia no verão, tem a campanha de popularização do teatro. há pouca movimentação cultural para além disso na cidade. os artistas esquecem a existência, as galerias fecham (a maioria), os músicos vão para o litoral baiano, só alguns poetas ficam por aqui fazendo o mesmo de sempre: reclamar e tomar café. uma cervejinha de vez em quando também.

mas a campanha de popularização do teatro, também conhecida como campanha das kombis, é um projeto interessante. não é um festival. não é uma celebração. não é uma iniciativa governamental. tenho a impressão de que é quase um protesto público dos atores que dizem “hei, nós existimos”. e, vendendo seus ingressos a um preço único e módico (este ano está custando R$7,00), o teatro mineiro contemporâneo, pouco a pouco, acabou por tomar um fôlego, produzindo peças que vão além das meras comédias de pornografia para a família e piadas baratas sobre o homossexualismo com péssimos atores.

este ano a campanha está na 32ª versão. pouca coisa dura tanto tempo nesse país da batucada. a cena belorizontina fica fria o ano inteiro. então, no calor do verão, os atores se empenham e apresentam dezenas de peças que atendem a todos os gostos e de todas as qualidades. a idéia é tão interessante que não entendi ainda por que os artistas das outras áreas não criaram algo parecido para eles. imagino que um projeto assim voltado para a música, a poesia, mesmo para as artes plásticas, poderia ser o princípio de um acontecimento inédito no país: a possibilidade real de interação entre artistas e público.

já ouvi dizerem que na verdade esta é uma “campanha de vulgarização do teatro”. mas mesmo isso acabou por tornar-se uma desculpa esfarrapada. é certo que a maioria das peças primam pelo mau gosto, a falta de preparação dos atores, enredos e temas apelativos e comédias de riso tragicamente fácil. mas pude ver algumas peças nesta temporada que me reafirmaram o que eu já sabia: existe teatro bom em bh (eu não era capaz de dizer isto há dez anos atrás). ainda não é a maioria, infelizmente. mas com três grandes escolas na cidade e alguns grupos premiados, como é o caso do galpão, giramundo, luna lunera e cia espanca, podemos finalmente esperar fortes emoções. mas independente da qualidade, precisamos jogar fora os preconceitos e constatar ao menos esta verdade: a iniciativa da classe teatral é um grande exemplo a se seguir.

luna lunera e a peça "não desperdice sua única vida ou…"

patrícia me levou para ver essa peça na semana passada e desde então não me sai da cabeça. até pensei em escrever algumas palavras inteligentes sobre o assunto, mas o editor-chefe da revista veja achou que pegaria mal. “não é bom oferecer coisas inteligentes para as pessoas”, ele me disse. e o jerônimo ainda acrescentou: “além do mais, não se deve falar bem de peças de teatro. falar bem não vende nem balinha na esquina. bom é quando você fala mal da peça, que aí causa polêmica e vende muito mais.”

mas como eu não queria vender nada, só queria puxar assunto com os leitores, achei que pelo menos podia colocar aqui nesse blogue um convite para vocês irem assistir. está na campanha de popularização do teatro até o dia 19 de fevereiro. assistam e comentem comigo.