diálogo infinito

– te amo.
– eu também.
– mas você tem medo de mim.
– não. só não gosto que brigue comigo.
– prometo não brigar mais.
– ótimo.
– e você?
– eu o quê?
– promete que não vai fazer mais aquilo?
– aquilo o quê?
– aquilo.
– aquilo? ah, sei. prometo. não farei mais aquilo.
– vai sim. você vai fazer tudo de novo. você não muda. você é sempre igual.
– não vou não.
– vai sim. eu te conheço. você sempre faz aquilo. eu te odeio.
– mas você não tinha dito que me ama?
– sim. te amo.
– mas você disse que me odeia.
– não. eu te amo.
– eu também.
– mas você é esquisito comigo.
– só não gosto que você brigue comigo.
– prometo não brigar mais…
– promete?
– prometo. e você?
– prometo.
– promete? aquilo?
– é. aquilo.
– duvido.
– não duvide. detesto que você duvide de mim.
– mas eu duvido. duvido mesmo. você não muda. você é sempre igual. você não muda.
– não mudo é?
– não.
– então?
– sim?
– não.
– ah! não falei? você é sempre o mesmo.
– e você não?
– eu… eu não suporto mais isso.
– então pare.
– não me mande parar. detesto que me mandem parar…
– então não pare.
– também não diga isto. detesto que finjam as coisas apenas para apaziguar.
– e eu detesto que você brigue comigo.
– não estou brigando!
– está sim.
– não. não estou.

ad infinitum.

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