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uma senhora festa-poema

tá lá no blogue do marcelo sahea: no dia 23/09 acontecerá o mais longo sarau da história, organizado por Menezes y Morais (que até contactou o pessoal do Guiness Book). é o sarau da primavera que já tem em sua programação 100 horas de poesia. das 20h do dia 19 (quarta-feira) à zero hora do dia 23 (domingo) de setembro, no clube da Imprensa, lá em brasília. lançamentos e relançamentos de livros e cds de autores residentes na capital, além de programação cultural paralela. quem estiver em brasília não pode perder.

andityas soares de moura numa vídeo-conferência sobre juan gelman

aí está o meu parceiro e comparsa numa vídeo conferência sobre um de nossos poetas favoritos. o vídeo tem 57 minutos e a conferência é realmente muito instrutiva. vale a pena conferir.

o evento fez parte da série panorama arte e cultura, que é promovida juntamente com a diretoria de arte e cultura da puc minas. o projeto biblioteca digital multimídia é uma parceria da puc minas com o instituto embratel 21 e cerca de outras dez instituições universitárias e culturais. a transmissão foi feita através do portal do conhecimento, com direção e apresentação do professor haroldo marques.

um poema de william burroughs

dia de ação de graças, 28 de novembro de 1986

agradeço pelo peru selvagem e os pombos passageiros, destinados a virar merda nas saudáveis tripas americanas.

agradeço por um continente a espoliar e envenenar.

agradeço pelos índios por garantirem uma módica dose de desafio e perigo.

agradeço pelas vastas manadas de bisões para matar e depelar e depois deixar as suas carcaças à putrefação.

agradeço pelos troféus de caça de lobos e coiotes.

agradeço pelo sonho americano, por inventar lorotas até que elas brilhem à luz do dia.

agradeço pela klu klux klan. aos policiais que matam negros e os contabilizam. às decentes beatas de igreja com suas mesquinhas, interesseiras, feias e perversas caras.

agradeço pelos adesivos de “mate uma bicha em nome de jesus cristo.

agradeço pela aids de laboratório.

agradeço pela proibição e pela guerra contra as drogas.

agradeço por um país onde a ninguém é permitido cuidar da seus próprios problemas.

agradeço por uma nação de dedos-duros.

agradeço, sim, todas as lembranças – ok, deixa eu ver o que você tem nas mãos!

você foi sempre uma dor de cabeça e uma encheção de saco.

agradeço pela última e maior traição do último e maior sonho dos sonhos humanos.

(tradução de leo gonçalves)

deixo o original (Thanksgiving Day Nov. 28, 1986) no vídeo de gus van sant

revista zunái

está no ar a versão virtual da revista zunái (www.revistazunai.com.br) que é comandada por claudio daniel e rodrigo de souza leão, além do projeto gráfico de ana peluso e um conselho editorial de peso. este número, como sempre muito bonito, tem sua iconografia baseada em reproduções do acervo do museu de cabul (afeganistão), destruído em 2002 por milicianos do talebã, e também de objetos saqueados no iraque, durante a segunda guerra do golfo. não podia calhar melhor nas vésperas do 11 de setembro.

andityas soares de moura

meu amigo andityas acaba de publicar este poema na revista portuguesa oficina de poesia e me mandou por email. também quero compartilhá-lo com vocês.

Língua de fogo do não

Não se pode escrever o poema.

Os tempos são duros, inflexíveis.
Taciturnos até. Dão “bons dias”
por obrigação e recato.

Não se pode sequer ler o poema.

As pessoas andam cabisbaixas,
Riem à toa – como patetas – e morrem.
Morrem como quem nunca quis nada.

Não se pode nem mesmo pensar o poema.

É proibido.
É indecente o poema.

O poema não produz dividendos. Não distribui lucros. Não faz dormir melhor. O poema não sorri nas campanhas eleitorais.

O poema não gosta de telenovela e nem está preocupado em como estacionar no shopping-center.

O poema não quer ter filhos, se casar e planejar férias anuais. Não tem e nem faz economias.

O poema não deixa e não anota recados.

O poema não investe em ações, não paga imposto de renda e não sabe como se portar à mesa com dignidade e fineza.

O poema não acredita na Previdência Social.

O poema não toma banho todos os dias. Não paga a escola das crianças. Sequer ajuda a financiar os cursos de inglês de que elas tanto precisam para subir na vida.

O poema não tem cartão de crédito e nem religião. Jamais freqüenta bailes de debutantes e nunca foi visto nas festas de Natal da empresa.
O poema não vai ao barzinho da moda.

O poema nunca está no escritório.

O poema não faz visitas sociais. Não tem celular e não confia nas urnas eletrônicas. O poema não está deprimido.

O poema falta às sessões ordinárias da Academia de Letras.

O poema não come todas.

O poema não é tributável. Nem atóxico, inodoro ou inquebrável.

O poema não sabe ficar quietinho.

O poema não pode ser preso.

Nem torturado, morto, estuprado, sequestrado, mutilado, roubado, operado, sodomizado, reeducado, dopado, humilhado, bombardeado, conquistado, saqueado, raptado, ameaçado, multado, eletrocutado, queimado, furado, cegado, crucificado, desmembrado, enforcado, guilhotinado, pisado, garroteado, picado, partido, moído, quebrado, cortado, empalado, frito, cozido, assado, esquecido, vencido, lavado, desintoxicado, trucidado, massacrado, escravizado, humanizado, podado, censurado, amarrado, enganado, corrompido, comprado, convencido, julgado, condenado, apenado, difamado, injuriado, caluniado, desacreditado, distorcido, adulterado, anulado ou apagado.

O poema também não pode ser calado.

O poema é um comilão, um vagabundo, um inútil mesmo.

Isso é o que ele é.

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Infame ter de se concentrar para sentir
o pejo de um mundo sem poesia.

lançamento do jornal dez faces

no dia 24 de agosto, acontece o lançamento do jornal dez faces, editado por marcelo dolabela, camilo lara, luciana tonelli e cia. e foi a convite de luciana que colaborei para este número 10 com um poema meu. para quem não puder ler o convite acima, o evento acontece no matriz (terminal turístico jk – bhmg) a partir das 20h. a partir das 22h tem a apresentação das bandas patife band, ballet, herói do mal, los borrachos e caveira, my friend. apareçam. não é todo dia que rola poesia com rock’n roll nesta cidade.