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poema passageiro: mostra sesc artes 08
começou hoje, na cidade de são paulo, a proposição “poema passageiro”, inventada por ricardo silveira. e vai até o dia 20 de outubro. serão 9 poetas, 1 por dia, exibindo seus vídeo-poemas a cada hora nas tvs instaladas em alguns ônibus da cidade. além disto, esta proposição ganhou um “bônus”: os mesmos poemas estarão na linha verde do metrô e nas livrarias nobel e siciliano. a programação é a seguinte:
11/10 chacal
12/10 rodrigo garcia lopes
13/10 ricardo domeneck
14/10 marcelo montenegro
15/10 ricardo silveira
16/10 angelica freitas
17/10 bruna beber
18/10 marcelo sahea
19/10 ana rüsche
20/10 leo gonçalves
mostra sesc artes 08
começou ontem, dia 08 de outubro, e vai até o dia 19 a mostra sesc artes 08 em são paulo. um amplo projeto, incluindo muitas artes e arteirices de todas as linguagens. quem conferir aqui, verá que está tudo muito bonito. mas pra mim, a novidade que deixou muita gente aí rindo à toa são as três proposições do ricardo silveira. umas idéias super simples e bem humoradas que farão muitos paulistanos conviver com poesia durante 9 dias:
participo desta última com um clip-poema que circulará nas tvs de alguns ônibus de são paulo. ao meu lado, além do ricardo trickster silveira, que me deu a honra do convite, tem bastante gente boa: ana rüsche, angelica freitas, bruna beber, chacal, marcelo montenegro, marcelo sahea, ricardo domeneck e rodrigo garcia lopes. e na área das letras, ainda tem mais.
quem quiser conferir lá no site, uma clicadinha aqui vai bem:
www.mostrasescdeartes.com.br
www.poesiafora.blogspot.com
jerome rothenberg aqui & ali
(aproveitando uma dica do heriberto yepez)
há bem pouco tempo que venho me enveredando pelos estudos da etnopoesia. acho lamentável não encontrar muitas fontes sobre o assunto em língua portuguesa. fiquei bem feliz quando encontrei numa livraria um livro chamado “etnopoesia no milênio”, da editora azougue. da mesma forma, passeando pelo incrível site do ubu, encontrei um excelente manancial (coordenado pelo próprio jerome) sobre a ethnopoetics, oferecido para os leitores de língua inglesa. foi lá que achei o “sketch on ethnopoetics” de heriberto yepez para traduzir.
acredito muito numa poesia que chamarei “de pesquisa”, a qual encontro as primeiras prefigurações no brasileiro sousândrade, nas galáxias de haroldo de campos e em jerome rothenberg.
rothenberg é mais um que entra para a bloguesfera. ele lança seus delírios de lá da california no poems & poetics. no prospecto que ele inseriu na barra ao lado de seu espaço, um pouco daquilo que os blogueiros dizem ou diriam se tivessem lembrado de fazê-lo.
nesta era de internet e blogue, abre-se a possibilidade para uma livre circulação de obras (poemas e poéticas no nosso caso) para além de um nexo comercial ou acadêmico. eu passarei a postar algumas das minhas próprias obras, tanto novas quanto velhas, de difícil ou impossível acesso, e também, como der na telha, postar obras de outros meio à maneira de uma antologia ou revista aberta. eu tomo isto para estar na tradição dos poetas de publicação autônoma, retornando a Blake & Whitman & Dickinson, entre numerosos outros.
o poems & poetics está no:
www.poemsandpoetics.blogspot.com
além disso, você encontra mais sobre a ethnopoetics no:
www.ubu.com/ethno
etnopoesia no milênio
a etnopoesia, muito mais do que uma interseção entre a antropologia e a poesia, é uma mudança de paradigmas. o ocidente perdeu muito tempo com a discussão “o que é poesia”, sempre enxergando-a como um braço dos ensinamentos gregos. com isto, foi esquecido algo simples e óbvio para qualquer pessoa interessada nessa camada sutil que paira sobre as coisas sobre a qual deram o nome, repito, de “poesia”: que a poesia pode estar em qualquer coisa ou lugar.
o trabablho de jerome rothenberg começou quando, em 1967, lançou um livro sui generis chamado “technicians of the sacred”, onde fazia uma grande antologia de poemas-textos-dizeres de xamãs & pajés do mundo inteiro. desde então, a revolução que ele vem propondo é convulsiva, transbordante. ao lado de seus próprios poemas, já publicou antologias de poetas judeus, poetas dos campos de concentração nazistas, poesia xamã das américas, antologias renovadoras onde figuram poetas do mundo inteiro, tais como um poeta-xamã-esquimó, um antigo e anônimo escriba do egito, pound, poetas concretistas, maria sabina, os poetas da negritude e por aí vai.
este livro, “etnopoesia no milênio”, é o primeiro do autor (talvez mesmo sobre o tema) a ser traduzido e/ou publicado no brasil (40 anos de atraso!).
quem quiser ler coisas de/sobre Rothenberg, eis alguns links:
rothenberg antologizado e entrevistado por rodrigo garcia lopes
revista de autofagia n.2
tenho uma paixão especial pelas revistas de literatura/poesia. gosto dos dossiers, das entrevistas, dos poemas que aparecem ali. é um evento à parte na vida de quem publica nela, pois ela tem um destino que foge ao controle do autor, ao contrário do que aconteceria se fosse um livro. tem momentos em que acho mais digno de comemoração uma publicação em revista do que um livro.
a revista de autofagia n.2, é pra mim um exemplo disto. abri-la e encontrar todo um dossier, incluindo entrevista, comentários e poemas de renato negrão foi para mim uma surpresa maravilhosa. considero o negrão um dos caras mais criativos com quem já convivi e lamento muito que ele não seja ainda suficientemente lido/conhecido/comentado pelo brasil/mundo afora, não tanto por ele, mas mais pelos leitores que saem perdendo de verdade.
mas na revista não tem só isso não. lá, você encontra também: bernardo amorim, espaço cubo, sandro eduardo saraiva, elisa andrade buzzo e otras cositas mais.
há muito tempo que eu esperava ver o número publicado e quando eu perguntava para o makely ou para o bruno, seus editores, sentia que eles passavam por algo bem parecido com o que passei nos tempos de estilingue: uma dificuldade para além da vontade de quem faz. realmente, manter viva uma revista de poesia no brasil não é brincadeira. por isso eu concordo plenamente com o makely, que escreveu no editorial: “a segunda edição de uma revista de poesia no país já é motivo de comemoração”. tem que querer muito para coisa sair. quando sai, fogos e todo tipo de artifício ainda é pouco.
por isso, comemoremos com muitos vivas e laroiês! e que venha o número 3.
algo indecifravelmente veloz
na onda livros livros livros, a linda notícia: algo indecifravelmente veloz, antologia de poemas do parceiro andityas soares de moura está sendo lançada em portugal pela editora edium. e vai repleto de louvações: “um dos nomes mais representativos da nova vaga da poesia brasileira”, se vê lá no blog da editora. andityas, que já tem seu lentus in umbra publicado e traduzido na espanha, esteve na cidade do porto no último dia 12 para o lançamento. e não deixa pra menos: sua tradução do livro dibaxu de juan gelman também acaba de sair pela mesma editora. parabéns. 2008 começa mesmo em alta rotação.
saiba mais, clicando aqui: www.ediumeditores.blogspot.com
heriberto yépez
Conheci a poesia do mexicano Heriberto Yépez por acaso. Certa tarde chegou no meu endereço postal uma filipeta eletrônica de uma editora anarquista mexicana (Anortecer), divulgando um livro cujo título me intrigou no ato: Por una Poética Antes Del Paleolítico y Después de la Propaganda. Mandei uma mensagem de volta, propondo um escambo: eu mandaria meu livro Zona Branca e eles me mandariam o livro de Yépez. Meu faro não me decepcionou. Resolvi traduzir alguns dos poemas, irônicos, críticos, ultracontemporâneos.
VIOLENTAM UMA GAROTA
com uma vassoura
e a deixam sem roupa e sem pele
para untar-se com o creme ponds
que acabara de comprar no
supermercado do Estado
arrombada
em um beco que já viu de tudo
menos isso
uma mulher pelada
ou melhor
esfolada
violentada até pelos olhos
com as unhas arrebentadas
como janelas de um trailler
capotado na freeway
o beco já viu de tudo
menos isso
o que resta de uma mulher
com os lábios negros
todavia pensando
aonde terá caído
o batom
que há pouco
comprara
no Barateiro*
lançamento do livro “cada” de bruno brum
