Ateliê: A lente objetiva do poema

Ateliê: A lente objetiva do poema, com Leo Gonçalves

Nos dias 04, 11, 18 e 25 de junho, das 14 às 18h, acontece o ateliê: A lente objetiva do poema.

Trata-se de um projeto antigo que visa compartilhar com os participantes a experimentação poética sempre partindo de princípios “objetivos”. Para isso, trazemos elementos ligados às mais diversas linguagens, concretizando as propriedades intermídia que a poesia já traz em si: poesia música. poesia – artes visuais. poesia cinema. poesia performance. poesia dança. Trabalho com a ideia de ateliê justamente porque o espaço será destinado ao processo. Seja esse processo: o aprendizado, o intercâmbio de conhecimentos, a imersão num ambiente coletivo de criação, a produção em ambiente de invenção.

Serão ao todo 4 encontros de 4 horas, abordando os aspectos verbivocovisuais e também buscando a reflexão e a ação sobre o fazer poético.

*

Paul Valéry: “Poesia & pensamento abstrato”. “Costumamos opor a ideia de Poesia à de Pensamento (particularmente o pensamento abstrato). Muitos creem que o trabalho do intelecto não combina com o da inocência, a graça e a fantasia da poesia. […] Esta é uma antítese que colocamos sem reflexão.”

Ezra Pound: “A música começa a atrofiar quando se afasta demais da música, a poesia começa a atrofiar quando se afasta demais da música”.

John Cage: “Poesia não é prosa simplesmente porque poesia é, de um modo ou outro formalizada. Não é poesia por causa de seu conteúdo ou sua ambiguidade mas porque ela permite a introdução de elementos musicais (tempo, som) no mundo das palavras. Assim, tradicionalmente, informação, não importa o quanto de conteúdo traz (por exemplo, os sutras e shastras da Índia) eram transmitidas através da poesia.”

Jerome Rothenberg: “Uma mudança na visão é uma mudança na forma. Uma mudança na forma é uma mudança de realidade.”

Heriberto Yépez: “Um poema deve ser o despertar de uma zona desconhecida do cérebro”.

Torquato Neto: “A poesia é a mãe das artes”.
*
Oficina: A lente objetiva do poema – com Leo Gonçalves
Local: Rua Coriolano, 345
Início: 21 de maio das 14 às 18h
Número de encontros: 4 (quatro)
Vagas: 12
Investimento: 350,00

Interessados devem entrar em contato pelo email leogonsalves@gmail.com ou através do formulário de contato deste blog: https://salamalandro.redezero.org/contato/

Use el asiento para flotar

Use el asiento para flotar :: Traducción de Fernando Reyes Trinid :: Cisnegro - Lectores de alto riesgo

Já estão em minhas mãos os exemplares de Use el asiento para flotar, uma plaquete com 6 dos poemas de Use o asssento para flutuar, meu livro mais recente. A tradução é de Fernando Reyes, e a edição foi realizada por Andrés Cisneros. A publicação traz para a cidade do México um pouco do que venho produzindo e coroa (para minha alegria) a inesquecível estada, a acolhida carinhosa que recebi dos mexicanos desde que cheguei aqui, no dia 15 de março para o Festival Internacional de Poesia Ignacio Rodriguez Galván.

Dois programas para la Ciudad de México

12671735_987405248009290_8502019676400175075_o

Nesta semana, participo de dois eventos na Ciudad de México. O primeiro deles acontece na quinta-feira, dia 31/03 a partir das 20h na Pulquería. Vários poetas farão uma homenagem a Ramsés Salanueva, com performances e leituras de poemas.

Participantes: Orquídea Dolores Reyes, Marielle Roman Tik, Sergio Alarcon Beltran, Daniel Olivares Viniegra, Leo Gonçalves, Armando Alanís, Alonso Díaz de Anda, Andrés Cisneros de La Cruz, Bárbara Oaxaca, Fernando Reyes Trinid, Gabriela Jimenez, Adriana Tafoya, Irma Leticia Quiroz, Jesús Garrido
Jonathan Goroztieta, Juan Carlos Valdovinos, Editorial Fridaura, Jorge Contreras, Marytere Caracas Estrada, Rovictor Oviedo, Yuri Zambrano Giaçin Tokkánul, David Cano, Lorenzo Cisneros Hernández Topete (Cuba), Beto Tafoya, Jorge Cano.

*

Em seguida, na sexta-feira, dia 01 /04 a partir das 18h, participo do evento Clavería 22 – 1 ano. Eu e os poetas Fernando Reyes, Pedro Carpintero e Mario Belafonte faremos leituras  de poesia e minificções.

Neste segundo evento, lançaremos uma pequena publicação com poemas meus traduzidos por Fernando Reyes e projeto gráfico de Andrés Cisneros (que também assina o cartaz acima).

*
Programa:
Homenaje a Ramsés Salanueva
Quinta-feira, dia 31/03 a partir das 20h
Local: Pulquería (Avenida Insurgentes, 226 – Colonia Roma – Ciudad de México)

Clavería 22
Sexta-feira, dia 01/04 a partir das 18h
Local: Clavería 22 (Avenida Clavería, 22 – Colonia Clavería, Del. Azcapotzalco. Ciudad de México)

VI Festival Internacional de Poesía Ignacio Rodriguez Galván

12688124_168399486870569_8253049903198393245_n

De 16 a 22 de março, participo do VI Festival Internacional de Poesía Ignacio Rodríguez Galvan, que acontece na cidade Tizayuca, México. O evento terá diversas atividades que incluirão saraus, debates, uma visita à cidade sagrada de Tehotihuacán e muito mais. Espero poder dar notícias por aqui ao longo do festival.

Poemas para ouvir

Há algum tempo que planejava inserir coisas novas na página do soundcloud do Salamalandro. Hoje, repassando alguns poemas, decidi colocar alguns online. São gravações bem caseiras e descompromissadas, mas que já dão para começar uma conversa, para ferir uns ouvidos, para fazer girar a roda do poema. Os textos escolhidos foram publicados originalmente em “Use o assento para flutuar” (2012), mas incluí também a tradução “Language of Aruanda” na voz do tradutor Dan Hanrahan e o registro de “Canto para Matamba”, realizado em novembro de 2011 na Casa das Rosas (SP). Espero que vocês se divirtam com os poemas como eu me divirto ao falá-los.

 

 

Let’s howl!

12549028_1548518012136162_1897262088710914172_n

Com uma atmosfera intimista, o evento traz os escritores Leo Gonçalves,Joaquim Bührer e o guitarrista e compositor Robsongs, que irão conduzir a noite de quarta-feira, inspirados na poesia e na arte da cultura Beatnik.

Iniciando os trabalhos deste 2016 que promete ser árduo, participo nesta quarta-feira, dia 13 de janeiro, do sarau Let’s howl, organizado pela Lua Palasadany e pelo Guilherme Ziggy. Quero aproveitar para saudar os poetas Amiri Baraka (aproveitando a onda beat do evento) e Juan Gelman, que faleceram há dois anos em datas próximas.

Quando: 13 de janeiro (quarta-feira) – 20h00
Onde: Kabul Bar – Rua Pedro Taques, 124 – Consolação

Ingressos:
R$15:00 Sem nome na lista
RS 10:00 Com nome na lista ou confirmação no evento.

MULHER VIP até às 22h00

Rebeldes e revoltados

Rimbaud

Estamos em tempos de revolta. Caiu na rede, jogou palavras ao vento, à esquerda ou à direita, feminista ou machista, racista ou antirracista, fascista ou progressista, direitista-conservador ou anarquista libertário, passando por todas as nuances de um polo a outro, parece que o sentimento mais disseminado por todas e todos é: a revolta. A rebeldia, no entanto, parece uma promessa esquecida, uma utopia obsoleta, jogada ao relento, adormecida como o adormecido do vale de Rimbaud.

O revoltado está puto. Vai quebrar tudo. Prepare-se. É porrada que ele quer.
O rebelde observa.
O revoltado tem certeza. Foi cometida contra ele a maior das injustiças: roubaram seu pirulito, pediu o café, o café não veio, por que estão gritando a essa hora?

Os olhos do rebelde te devoram e te atravessam. Há um alvo, um plano, um fim. Por isso, ele não tem muitas certezas. Certezas podem se transformar em obstáculos intransponíveis.

Revoltado com o ônibus que passou direto, o homem pôs-se a gritar. Parecia um animal a caminho do sacrifício. Seus motivos eram todos muito corretos. Um homem honesto e branco não pode ser deixado às 4h30 da manhã na rua. Não pode ser desprezado assim por um motorista, não pode ser tratado como uma pulga pedindo carona no meio da noite. Onde está o fiscal desta porra?

“Deve ter ido comer coxinha”, responde, rebelde, um adolescente. Se levanta e vai embora. A pé. “Foda-se o ônibus”, diz.

O homem revoltado é uma bomba, um grito em uníssono, o estouro da boiada.

O rebelde é insubmisso: jamais fará parte do rebanho.

O revoltado está reunindo uma turma de revoltados para surrar Emmett Till, o garoto negro que assobiou para uma moça da turma.

Rebelde, Emmett Till olhou safado para a moça da turma e ela retribuiu com tesão. Um dos revoltados viu tudo e resolveu tomar uma atitude. Estou misturando histórias. Não importa.

O revoltado lincha.

O rebelde incomoda.

O revoltado segue às cegas uma causa, um princípio, uma moral, uma ideologia, um deus.

O rebelde olha ouve fareja tateia saboreia.

Rebelde, Rosa se sentou no banco destinado a pessoas brancas e se recusou a se levantar.

O rebelde, no átrio do templo, quebrou as mercadorias, gritou, esperneou e fez cantar a chibata. Disse que deus não está a venda. Revoltados, os donos das mercadorias pediram a cabeça do rebelde numa bandeja. Chamaram-no de terrorista.

O rebelde foge da multidão, vira herói romântico.

Os fãs de hoje são os revoltados de amanhã. Revoltados lincham seus ídolos quando estes fazem algo inesperado. Rebeldes sempre fazem coisas inesperadas.

Rebeldia fez Rimbaud abandonar a poesia aos 20 anos, logo após revolucioná-la. Revoltada por ter sido trocada por um boy, Mathilde Verlaine acusou o marido de sodomia e de outros crimes, obrigando-o a cumprir uma pena de alguns anos. Na prisão escreveu um poema intitulado “Crimen Amoris”.

O rebelde, em tempos de formalidade, aparece na foto com a gravata torta e o cabelo bagunçado.

O revoltado veste uniforme.

Revoltados amam a ordem, por isso não hesitam em vandalizar, destruir, quebrar e saquear o que veem pela frente. Rebeldes detestam a ordem. Por isso se ausentam dela. Seja para destruir. Seja para preservar.

Obrigados a comer o sal extraído pelos ingleses, indianos caminharam até a praia e declararam o sal um bem da natureza. A ordem era ir ao trabalho de trem. O trem era dos ingleses. Por isso, decidiram ir a pé, proporcionando o caos.

Rebeldes podem conviver com o caos porque sabem que ele é uma etapa rumo a uma vida menos esculhambada.
Rebeldia é estratégia.
Revolta é reação.
Rebeldia é senso crítico e duradouro descontentamento.
Revolta é sangue nos olhos.

Há rebeldes que se revoltam.
Há rebeldes que se rebelam.
Tudo depende da hora.
Revoltados apenas se revoltam, mesmo quando os rebeldes iluminam suas almas com grandes sonhos.
Rebeldia é Tesão.
Revolta é retaliação.
Revoltados querem o polegar para baixo.
Rebeldes mostraram o dedo do meio para o César.

Revoltados só estavam seguindo a ordem, a moral e os bons costumes.
Rebeldes perguntaram por quê e foram punidos por isso.
Revoltados, ao se juntar à massa, esqueceram seus princípios.
Rebeldes não se juntaram à massa, não formaram uma massa, mas uniram-se em favor de uma causa maior.

O rebelde quer o fim do poder instituído.
O revoltado quer instituir um novo poder.

Rebeldes invadiram as escolas e exigiram respeito, transformando-as em algo bem melhor do que eram antes.

Rebeldes mudam a natureza das coisas.

Revoltados se enfurecem.

Jornada dupla no Sesc Ribeirão Preto

1

Estarei nos próximos 4 dias em Ribeirão Preto para uma jornada dupla. Primeiro, uma oficina. Depois a performance: Em caso de incêndio queime lentamente.

Poesia. Objeto lúdico.
De 27 a 29 de outubro, no Sesc Ribeirão Preto, sempre às 19h, ministro a oficina “poesia. objeto lúdico.” Projeto que venho inventando desde longa data, o propósito é descobrir a poesia como uma prática experimental. Embora não exista uma didática específica para a criação poética, penso numa oficina como um espaço de trocas, de descobertas. Será esta a nossa brincadeira. Traga seu fogo.

Para mais informações: http://www.sescsp.org.br/programacao/74477_POESIA+OBJETO+LUDICO

Em caso de incêndio queime lentamente
Esta performance que inaugurei em 2013, traz poemas de Use o assento para flutuar. Gosto de estar em cena, e terei o prazer de estar diante da admirada plateia de Ribeirão Preto.

Para saber mais sobre a performance, é aqui: https://salamalandro.redezero.org/performance/em-caso-de-incendio-queime-lentamente/
Para se informar sobre a apresentação, o link do Sesc é: http://www.sescsp.org.br/programacao/74481_EM+CASO+DE+INCENDIO+QUEIME+LENTAMENTE