ESSA É A ÚLTIMA SEMANA para quem quiser votar no futuro do mercado distrital de santa tereza. estão no páreo três propostas interessantíssimas. e pelo que andei vendo, está disputadíssimo. mas acho que ainda tem muita gente para votar. uma grande oportunidade para o cidadão escolher o destino de um determinado espaço da cidade, que sempre está à mercê da especulação financeira.
os três projetos são os seguintes:
centro de artes, cultura e tecnologias sócio-ambientais (proposto por tambor mineiro, ietec educação tecnológica, lume estratégia ambiental e mundo mico – coletivo de artistas)
mercado mineiro de santa tereza (proposto por associação do bairro de santa tereza, instituto de estudos do desenvolvimento sustentável e incubadora de artes do espetáculo)
mercado cultural de santa tereza (proposto por grupo giramundo, centro cultural galpão cine horto – grupo galpão e agentz produções)
****
muita gente que passeia pelo salamalandro, provavelmente não sabe: o bairro santa tereza é um dos lugares mais vivos da cidade. é ali que acontece grande parte das melhores movimentações culturais da capital. do festival de cinema ao lira, é lá que belo horizonte tem seu belo lado interiorano-cosmopolita.
pois há um dos lugares ali no bairro que tem ficado ao relento, mas tem tudo para ser dos mais interessantes da cidade. o mercado distrital de santa tereza. deixou de ser mercado há algum tempo. não se sabe por que. muitas tentativas houveram naquele espaço e nada de muito duradouro vingou. acredito que, com sua localização no alto de uma ladeira, o espaço não deu certo para os fins originais. nas configurações da belo horizonte atual, o espaço simplesmente não funciona com o mercado.
não quero deixar oculta a minha opinião: já votei no projeto mercado cultural de santa tereza, proposto pelo galpão. ouvi gente aí reclamando que o projeto tem muita grana envolvida e que isso é motivo para desconfiar. já vi gente achando que artista não sabe gestionar um espaço (que papo furado!). já vi muita desconfiança em relação a ele. mas tudo, para mim, não passa de medo-do-sucesso, medo-do-dinheiro-quando-ele-é-para-cultura. fenômeno típico de uma mineirice que tem medo de ser feliz. a única crítica em relação a essa proposta é que ele é muito boa. e eu não tenho dúvidas de que se ele ganhar, transformará não só o bairro, mas toda a cidade num grande polo cultural e uma das grandes potências do teatro no país.
para quem quiser mais idéias e dicas:
para votar no projeto de sua preferência
(para votar, basta ter um título de eleitor de belo horizonte)
informações oferecidas pela prefeitura de belo horizonte sobre o páreo: www.portalpbh.pbh.gov.br/pbh
debate interessante sobre o assunto, no blogue do marcelo terça-nada!: www.virgulaimagem.redezero.org
VIVA A DEMOCRACIA E O SAGRADO DIREITO DE OPINIÃO!!!
Só não concordo, em hipótese nenhuma, quando você diz que é medo-do-sucesso etc etc etc …
O que ocorre é que um espaço PÚBLICO está se tornando sede particular de alguns grupos, espaço permanente para suas produções…
Não basta para BH os milhares de metros quadrados que a Praça de Liberdade vai disponibilizar para a cultura? Será que não tem um espaço entre tantos prédios que abriguem as produções de Galpão, Giramundo, Tambor Mineiro etc ???
O que a população do Bairro quer é um belo balcão de hortifrutigranjeiros, um bom açougue, uma boa duma cerveja gelada tomada em pé, um teatro de arena para shows ao vivo, uma farmácia, uma lotérica, enfim, um Mercado Central de Bairro…
Mais: quem lutou, gritou, chamou imprensa para protestar com a decisão de levar pra lá um ‘quartel’ foi a população local… Não me lembro de nenhum grupo cultural ter tomado iniciativa nenhuma contra a decisão arbitrária da Prefeitura…
Sinceramente, é com muita pena que vejo que o dinheiro, mais uma vez, vai falar mais alto que o bom senso!
Oi André,
Que bom saber que a população do bairro está mobilizada e que já se definiu por um dos projetos, isso mostra que vai ser tranquilo reverter a vantagem em relação ao projeto que está na frente (a diferença não chega nem a 1500 votos). Sinal também que se o projeto da associação não vencer, a população pode reivindicar outro espaço.
Sobre o projeto da Praça da Liberdade, os ocupantes dos prédios já estão definidos desde o início e não houve votação ou abertura para a participação de grupos (sejam eles iniciantes, sejam eles consagrados). Procure saber mais a respeito.
Abraços,
Marcelo
André e Marcelo,
Obrigado pelos comentários. Também lanço o meu Viva à democracia e ao direito de opinião.
Mas André, eu queria dizer a você que eu acho muita graça no que diz: qual é o problema de haver espaços destinados a artistas para ampliarem seus projetos? Por que a sociedade não pode proteger seus artistas? O que você quer dizer com “sede particular”? Como pode ser particular um espaço que vai ser usado e freqüentado por gente do mundo inteiro, como já é o caso do Palácio das Artes?
Não dá pra entender. Você prefere mesmo ficar tomando cerveja em pé do que ir ao teatro?
Veja bem, em nenhum momento defendo que arte é melhor do que hortifrutigranja, produção alimentícia local etc. Só que se você observar bem, o Santa Tereza está repleto de espaços que JÁ possuem muito melhor potencial para se tornar esse mercado que você diz.
Pense bem.
Mas não deixe de receber o meu abraço.
Desculpem perguntar, mas alguém aqui (além de mim) é morador do bairro? O grande Leminski que está aí no índice, à esquerda, já tomou muita cerveja em pé comigo em Santa, e achava o maior barato. E outra, o Palácio das Artes só vai deixar de ser particular quando parar de cobrar ingresso. Entende a diferença, brother?
E outra, toda essa discussão está desatualizada. Vejam as novidades em http://www.votosantatereza.com.br
Marco,
Não moro exatamente no Santa Tereza, mas moro bem perto e com certeza freqüentarei (indo a pé, da minha casa) o Mercado, seja qual for o resultado. Aliás, ontem mesmo eu estava tomando algumas cervejas em pé no Santa Tereza. Eu e o Marcelo, inclusive. Uma hora dessas, tomemo-las todos juntos. Só marcar.
Eu queria comentar que as discussões em torno a essa votação tem me mostrado alguns aspectos do lugar onde vivo. É que eu acredito muito na força da cultura como tranformadora de um povo e de um lugar. E acho muito estranha a forma como as pessoas tratam de seus aspectos como se estivessem falando de assuntos unicamente financeiros. Como se estivéssemos falando da Coca Cola. Poxa, será possível que ninguém vê? Arte é coisa séria. E quem faz precisa receber por isso. Senão, como tomar uma cerveja em pé com os amigos?
Um pouco de história: o projeto do bairro já existia desde a época em que ninguém falava ainda em Santa Tereza. Um dos objetivos da instalação da Guarda no local foi justamente tentar abortar esse projeto. Nenhum desses concorrentes que apareceram depois enfrentou os cassetetes ao nosso lado, quando expulsamos a Guarda de lá. Derrotada, a Prefeitura instituiu um concurso calhorda que abriu as portas a meia dúzia de aventureiros, que não têm nenhuma tradição de compromisso com o bairro. Essas caras estão captando dezenas de milhares de votos no Barreiro e em Venda Nova, a dezenas de quilômetros de Santa Tereza, de eleitores ingênuos que, certamente, nunca terão a disposição de percorrer a distância necessária para usufruir do resultado. A nossa sorte é que o Ministério Público está atento, e não vai permitir que o patrimônio público seja rifado nessa gincana promovida pela Prefeitura.
Quanto a esse papo de cerveja em pé, é uma tentativa sórdida de qualificar-nos como suburbanos idiotas, incapazes de gerir um projeto de alto nível, e só pode ser motivado por duas razões: tentar nos desmoralizar, ou então, uma total ignorância de quem realmente somos.
Meu caro Marco,
Me desculpe se te feri. Acho que isso quer dizer que você não aceita o meu convite de tomar cerveja em pé no Santa Tereza, né. Tudo bem. Quanto ao caso do Mercado, parece que está resolvido. E a escolha foi excelente. Não nos façamos de rogados. Entre mortos e feridos (e quantos feridos!), esperemos que a escolha tenha sido a que voa mais alto. Sobre o assunto que para mim faz sentido, o do papel do artista na sociedade e como esta deveria encará-lo, fico ainda com o que dizia Ezra Pound:
“uma nação que negligencia as percepções de seus artistas entra em declínio. depois de um certo tempo ela cessa de agir e apenas sobrevive”.
Se mudar de idéia, só avisar.
Abraço.
Eu peço desculpas se carreguei nas tintas. Eu jamais negligenciarei as percepções de nossos artistas, pois tenho a pretensão de ser um também. Mas arte é uma coisa, e show business é outra.
Quanto ao Mercado, eu concordo que está tudo resolvido, e que a escolha foi excelente. Estou, obviamente, falando da escolha do juiz Octavio Augusto De Nigris Boccalini, que anulou o concurso.
Mais detalhes no site da Assembléia Legislativa: http://www.almg.gov.br/not/bancodenoticias/Not_718745.asp
Faz tempo que eu não tomo cerveja, mas a ocasião merece uma celebração (se o seu convite ainda estiver de pé).