maiakovski – liubliu [amo]

o adulto tem os seus assuntos.
enche os bolsos de rublos.
fazer amor?
faça, então!
pela bagatela de cem rublos.
e eu,
sem prumo nem rumo,
as mãos
no bolso
com furos,
eu passava, de olhos bem abertos.
à noite,
você sai em pano puro.
procura repouso nas esposas, nas viúvas.
mas eu,
moscou me sufocava me apertava
nos penduricalhos de seus bulevars-rios.
nos peitos,
nos relógios,
os amantes fazem tic-tac.
no leito de amor, as parceiras estão em êxtase.
eu, na praça da paixão,
eu escutava
as selvagens pulsações do coração das capitais.
bem aberto —
com o coração semi-descoberto —
eu me ofereço ao grande sol e à poça d’água.
entrem com as suas paixões!
entrem com os seus amores!
doravante não sou mais dono do meu coração.
sei  nos outros onde fica o coração.
no peito – todo mundo sabe.
comigo
a anatomia perdeu a razão.
meu corpo é todo coração-
ele bate em toda parte.
quantos forem eles
durante vinte anos nesse ser
de apenas primaveras levadas na sua erupção.
seu peso acumulado é muito para carregar.
pesadão não
para o verso
mas no que os olhos podem ver.

Traduzi este trecho do poema “liubliu” [amo] de vladímir maiakovski, assim, de improviso, a partir de uma tradução francesa que tenho, feita por Christian David. por enquanto. Um dia traduzirei direto do russo.

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