Fahrenheit 451

Existe mais de uma maneira de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas carregando fósforos acesos. Cada minoria, seja ela batista, unitarista; irlandesa, italiana, octogenária, zen-budista; sionista, adventista-do-sétimo-dia; feminista, republicana; homossexual, do evangelho-quadrangular, acha que tem a vontade, o direito e o dever de esparramar o querosene e acender o pavio. (…) Beatty, o capitão dos bombeiros em meu romance Farenheit 451, explicou como os livros foram queimados primeiros pelas minorias, cada um rasgando uma página ou parágrafo desse livro e depois daquele, até que chegou o dia em que os livros estavam vazios e as mentes caladas e as bibliotecas para sempre fechadas.

2 pensou em “Fahrenheit 451

  1. basta que as minorias tomem (ou tenham contato com) o poder… como os inúmeros exemplos da História já mostram.

    da minha parte, tenho pensado que é preciso ter cuidado com certas releituras, que pensam muito em política e tendem esquecer-se da literatura, da experiência que ela é. entretanto acredito na força libertadora que elas possam ter. mas quando se entra nessa de minoria é preciso não se filiar… tenho achado que em muitas situações a verdadeira atitude é o silêncio.

  2. b. r. b,

    a arte pode falar de tudo. até de amor. até de política. até de nada. como um passarinho que pousa onde bem quiser. filiar-se ou não filiar-se é escolha de cada um. há, é claro, o medo de cair no panfletarismo vazio. mas o que faz uma obra ruim, muitas vezes não é o assunto e sim o medo.
    quanto ao silêncio, tenho repetido sempre um ditado chinês: “onde as palavras não fazem sentido, o silêncio é a melhor resposta”.
    de qualquer modo, respostas só são respostas se ativas. silêncio ativo. fala ativa. mas no geral, sabemos, o silêncio não passa de passividade.
    abraço.

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