Canção do carcereiro
Aonde vai meu carcereiro
Com essa chave manchada de sangue
Vou libertar aquela que amo
Se é que ainda é tempo
E que eu mesmo aprisionei
Ternamente cruelmente
No meu mais oculto desejo
No meu mais profundo tormento
Nas mentiras de futuro
Nas besteiras das promessas
Eu quero libertá-la
Quero que ela seja livre
E mesmo que me esqueça
E mesmo que vá embora
E mesmo que ela volte
E que ainda me ame
Ou que ame um outro
Se um outro lhe apraz
E se eu ficar na solidão
E ela tiver partido
Eu guardarei apenas
Eu guardarei para sempre
No oco de minhas duas mãos
Até a minha última hora
A doçura dos seus seios modelados pelo amor
(Jacques Prévert em tradução improvisada e em processo de refeitura a cada vez que o coração pede novamente, por Leo Gonçalves)
Chanson du geolier
Où vas-tu beau geôlier/Avec cette clé tachée de sang/Je vais délivrer celle que j’aime/S’il en est encore temps/Et que j’ai enfermée/Tendrement cruellement/Au plus secret de mon désir/Au plus profond de mon tourment/Dans les mensonges de l’avenir/Dans les bêtises des serments/Je veux la délivrer/Je veux qu’elle soit libre/Et même de m’oublier/Et même de s’en aller/Et même de revenir/ Et encore de m’aimer/Ou d’en aimer un autre/Si un autre lui plaît/Et si je reste seul/Et elle en allée/Je garderai seulement/Je garderai toujours/Dans mes deux mains en creux/Jusqu’à la fin de mes jours/La douceur de ses seins modelés par l’amour
Bonita tradução, sensível e acho que a moça aí foi embora, pra gente merecer um poema desses tem que ser capaz de ir embora. rs, bj!
É mesmo, Célia! E eu tenho uma forte admiração pelas moças que vão embora. É necessário firmeza de caráter para se fazer um corte verdadeiro. E muitas vezes ficar significa arrastar para sempre a pedra até o alto da montanha. Acho também que ela mereceu o poema. Não tava certo ela ficar lá, aprisionada. Beijos.