O poeta e tradutor Leonardo Gonçalves apresenta a vídeo conferência
“Negritude, magia e política: a poesia de Léopold Sédar Senghor”
O poeta e tradutor Leonardo Gonçalves apresenta, no dia 12 de março de 2008, às 15h, a vídeo-conferência entitulada: “Negritude Magia e Política: A Poesia de Léopold Sedar Senghor”. A vídeo-conferência será exibida ao vivo pela internet no site: http://200.244.52.177/embratel/main/mediaview/tvpontocom. O evento fará parte da Série Panorama Arte e Cultura, que é promovida juntamente com a Diretoria de Arte e Cultura da PUC Minas. O Projeto Biblioteca Digital Multimídia é uma parceria da PUC Minas com o Instituto Embratel 21 e cerca de outras dez instituições universitárias e culturais. A transmissão será através do Portal do Conhecimento, com direção e apresentação do Professor Haroldo Marques.
A obra de Léopold Sédar Senghor, embora pouco conhecida no Brasil, é uma das experiências mais instigantes da poesia do século XX. Produzida numa região conflituosa da linguagem, sua poesia soma diferenças que vão do rítmico-sonoro ao lingüístico-cultural (tratando de temas como a pele negra, a tradição africana dos ancestrais ou a participação dos senegaleses na segunda guerra mundial). A poesia de Senghor é uma somatória africana de paixões eletrizantes em face de um mundo frio e excludente. Senghor, amante das diferenças, foi também um ardoroso defensor de conceitos como “negritude”, “francofonia” e “civilização do universal”. Tratava-se, já, da defesa de culturas mais fragilizadas em meio ao mundo que se globalizava. Numa entrevista concedida no final dos anos 1970, ele propunha “uma civilização do Universal pela diferença e na diferença”. É o que se vê desde o princípio em sua escrita.
Nascido em 1906 e falecido em 2001, o poeta figura entre os maiores criadores da língua francesa e uma das melhores cabeças do século XX. Foi também presidente do Senegal pelo partido socialista, onde governou o país durante 20 anos (1960-1980). Sua produção intelectual não se limitou à poesia: escreveu também sobre antropologia, lingüística, crítica literária, política, filosofia, educação. Embora ainda pouco lido no Brasil, suas principais bandeiras tiveram profundas inserções entre nós. É de se destacar a imensa disseminação do termo “negritude” ao limite da exaustão e do desgaste da palavra. Nos anos 1960 ele recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia e recentemente o governo brasileiro, na Lei 10.639 do MEC, incluiu seu nome entre os autores obrigatórios para o ensino das culturas africanas e afro-brasileiras.
Leonardo Gonçalves colaborou, em 2006, com 5 poemas traduzidos de Senghor no primeiro número da revista “Roda – arte e cultura do Atlântico Negro”, dirigida pelo poeta Ricardo Aleixo. Além disto, fez parte da mesa redonda entitulada “Léopold Sédar Senghor – vida e obra” na Semana Cultural do Senegal, em Belo Horizonte em sua versão comemorativa do centenário de nascimento do poeta-presidente. A “Semana” foi um evento promovido pela Casa África e contou com a apresentação de diversos artistas e pensadores mineiros. Leonardo vem traduzindo os poemas do poeta senegalês há alguns anos e prepara para breve a sua edição.
Para Gonçalves, a tradução desses poemas é a celebração de uma confluência. Segundo ele, pensar a negritude não resulta apenas em uma luta anti-racismo, como costuma-se pensar. A negritude de Senghor está ligada, antes, ao conjunto de valores de civilização dos povos chamados “negros”. Neste sentido, a idéia da negritude possui a mesma força e importância criativa da “antropofagia” de Oswald de Andrade: não se trata mais de fazer arte baseado em moldes e valores europeus, mas naqueles que foram forjados e desenvolvidos entre os povos africanos e americanos, em meio à barbárie civilizatória do período colonial. Basta lembrar que mais tarde, nos tempos de política senghoriana, o conceito de negritude seria utilizado com base para a implantação de melhorias no ensino, na agricultura e nas ciências do Senegal.
O conferencista, Leonardo Gonçalves, é o poeta de “das infimidades” (edições in vento, 2004) e o tradutor de “Canções da Inocência e da Experiência” de William Blake (em parceria com Mário Alves Coutinho – Editora Crisálida, 2005), “Isso” de Juan Gelman (em parceria com Andityas Soares de Moura – na coleção Poetas do Mundo da editora UnB, 2004) e da comédia “O Doente Imaginário” de Molière (Crisálida, 2002).
Você encontra mais informações, poemas e traduções de Senghor aqui mesmo no salamalandro: é só clicar aqui
Informações: (31) 3238-5606 / 5698.
leo, tenho muito interesse em saber mais sobre o Senghor estadista e sobretudo o que ele entendia pelo pan-humanismo citado, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa na Universidade da Bahia em 1964, e disse: “No Brasil se gesta a civilização pan-huana do século XXI”.
Acompanhei sua palestra na web hoje. Parabens.
[]’s do Aloysio Azevedo, mineiro de Araxá e morador de São Paulo.
salve, aloysio,
eu também tenho muito interesse. podemos trocar idéias, informações. isso tá fácil, já que ambos somos moradores de são paulo.
abraço,
leo.