Eu, Também
Eu, também, canto a América
Eu sou o irmão mais preto.
Quando chegam as visitas,
Me mandam comer na cozinha.
Mas eu rio
E como bem,
E vou ficando mais forte.
Amanhã,
Quando chegarem as visitas
Me sentarei à mesa.
Ninguém ousará,
então,
me dizer,
“Vá comer na cozinha”.
Além do mais,
Eles verão quão bonito eu sou
E se envergonharão –
Eu, também, sou a América.
***
Negro
Sou Negro:
Negro como a noite é negra,
Negro como as profundezas da minha África.
Fui escravo:
Cesar me disse para manter os degraus da sua porta limpos.
Eu engraxei as botas de Washington.
Fui operário:
Sob minhas mãos ergueram-se as pirâmides.
Eu fiz a argamassa do Woolworth Building.
Fui cantor:
Durante todo o caminho da África até a Georgia
Carreguei minhas canções de dor.
Criei o ragtime.
Fui vítima:
Os belgas cortaram minhas mãos no Congo
Estão me linchando agora no Mississipi.
Sou Negro
Negro como a noite é negra
Negro como as profundezas da minha África.
(Traduções de Leo Gonçalves)
***
I, Too
I, too, sing America.//I am the darker brother./They send me to eat in the kitchen/When company comes,/But I laugh,/And eat well,/And grow strong.//Tomorrow,/I’ll be at the table/When company comes./Nobody’ll dare/Say to me,/”Eat in the kitchen,”/Then.//Besides,/They’ll see how beautiful I am/And be ashamed-//I, too, am America.
Negro
I am a Negro:/Black as the night is black,/Black like the depths of my Africa.//I’ve been a slave:/Caesar told me to keep his door-steps clean./I brushed the boots of Washington.//I’ve been a worker:/Under my hand the pyramids arose./I made mortar for the Woolworth Building.//I’ve been a singer:/All the way from Africa to Georgia/I carried my sorrow songs./I made ragtime.//I’ve been a victim:/The Belgians cut off my hands in the Congo./They lynch me now in Mississipi.//I am a Negro:/Black as the night is black,/Black like the depths of my Africa.
Fonte:
Hughes, Langston. Vintage. New York: Vintage Books, 2004.
Belos e comoventes poemas, Leo! Emocionaram-me, fortemente! Grata pela tradução!
parabéns, camarada!
Lindos poemas, claros como agua, fortes como fogo.
As tuas traducoes sao otimas, Leo, obrigada!
legal o seu trabalho.
Obrigado, Lany! Abraço.
lindo esses poemas eles me ajudaram muito pra o meu trabalho de escola amei parabens
Que bacana, Sabrina! Deve ter ficado legal seu trabalho.
Langston Hughes é detentor de belos poemas. É muito marcante a simplicidade e clareza dos seus versos, todos livres, como livre deve ser a vida, sem amarras estéticas, São poemas feitos para gente simples. Como deve ser o poema, simples, encantador, penetrante na alma como uma oração devocional. Hghes está entre os maiores poetas do mundo, isso é indiscutível.
detentor não, wilson! autor. dos melhores! detentores somos os leitores. abração.
a muito tempo eu vinha procurando esses poemas ,eu lilos na minha adoleceñcia, mas nas livrarias nao tem esses livros , sao musicais os poemas dele , isso mim encanta
Ele fala diretamente com nossa alma, como fazem os grandes poetas. Quando leio I, too, é como de ao escrever estivesse vendo o futuro através de uma tela. Isso me da uma emoção tão grande.
Emocionante! Ele escreve com a alma, consegui fazer meu trabalho escolar com exito, obrigada!
adorei o poema vai me ajudar muito no meu trabalho de escola ele e muito sentimental amei
Que bom, Juliana!
Grato pelo belo poema!
Poemas negros e belos quanto o manto da escuridão da noite pontilhado de estrelas. Hughes canta sua dor, mas com a liberdade de um pássaro que sabe voar; como um profeta, prevê um futuro brilhante para sua raça. Obama governou a América ” eu também sou a América”.
Lindo poema !
Encontrei um canal com tradução simultânea do inglês para o português, espanhol e francês do poema Negro
https://youtu.be/qVYGXSsG100