sorriso morto dentro de uma gaveta
fatos feito fogo,
fugas em ré menor
o ano começou em guerra
não deram trégua, não há trégua
uma mulher morta próxima à janela
uma mulher morta é ainda apenas uma mulher
alguém risca a parede com as unhas e avisa que é tarde
seu sorriso é como uma cidade
contraditório e inexato
e seus dentes grandes-brancos-imperfeitos mastigam os compromissos diários e a estupidez daqueles que contratam e carimbam e contratam e
hoje as horas cantam velozes e catam estilhaços sangue abismos
uma cidade inteira a ver navios.
(poema da minha amiga renata cabral, escrito em face aos acontecimentos recentes na faixa de gaza)