Você mal lê algumas linhas sobre o poeta jamaicano Claude McKay, e fica logo instigado pela sua imensidão. Nascido na Jamaica em 1889, passou para os Estados Unidos com a família em busca de oportunidades, mas o que encontrou ali foi nada mais que racismo, segregação, violência. Poderia ter ficado só nisso, mas acabou conhecendo o Harlem em pleno seu esplendor.
Claude McKay foi uma das figuras mais proeminentes da Harlem Renaissance, movimento literário e cultural que circulava em torno ao Jazz e o Blues num período em que o bairro se tornou um local de reagregação, felicidade e redescoberta para o povo negro tão assolado pelas leis estilo Jim Crow e toda a crueldade racial que os white people impuseram aos negros naquele país.
Mas Claude não ficava quieto. Cansado do racismo estadunidense, saiu pelo mundo afora, se tornou comunista e visitou a recém revolucionada Moscou, associando-se a grandes personagens daquele país. Passou depois para outros países da Europa e no final dos anos 1920 acabou se instalando por uns tempos em Paris.
Poeta e romancista, escreveu livros como Banjo, romance que retrata uma Marselha repleta de pessoas negras, e Gingertown, sobre sua experiência no Marrocos.
Claude McKay morreu em Chicago, em 1948, de um ataque do coração, deixando um legado de muita ação e de alegre inventividade.
IF WE MUST DIESe temos que morrer, que não seja como suínos
Num lugar inglório, caçados e estripados,
Enquanto latem ao redor e mostram seus caninos
Os cães raivosos sobre nossos nacos amaldiçoados.
Se temos que morrer, que seja de nobre morte,
Para não derramarmos nosso sangue precioso
Em vão; e até os monstros que cruzaram nossa sorte
Se vexem da mesma morte que lhes trouxe o gozo!
Oh, meus irmãos! Que tal conhecer o inimigo!
Mesmo em menor número, devolvamos-lhes a sova,
E, digamos, entre os mil, botar ao menos um caído!
Quem sabe, antes de nós, inaugurando a cova?
Com coragem encarar os assassinos, vão nos matar
Com covardia, morreremos, mas não sem revidar.
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If we must die, let it not be like hogs
Hunted and penned in an inglorious spot,
While round us bark the mad and hungry dogs,
Making their mock at our accursèd lot.
If we must die, O let us nobly die,
So that our precious blood may not be shed
In vain; then even the monsters we defy
Shall be constrained to honor us though dead!
O kinsmen! we must meet the common foe!
Though far outnumbered let us show us brave,
And for their thousand blows deal one death-blow!
What though before us lies the open grave?
Like men we’ll face the murderous, cowardly pack,
Pressed to the wall, dying, but fighting back!