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zé celso & os sertões no rio de janeiro
assim como outras peças do oficina, “os sertões” é um capítulo da luta que o grupo trava contra o grupo sílvio santos (ss) há 25 anos. “as bacantes”, “boca de ouro”, “ham-let”. isto porque o teatro está construído exatamente no lugar onde sílvio santos planeja construir um imenso shopping center. uma história sórdida que está documentada no site do oficina e que merece ser acompanhada na íntegra. uma guerra de davi e golias, a velha guerra entre arte e capitalismo.
numa entrevista à revista folhetim, zé celso comenta:
“o teatro oficina é uma coisa muito estranha porque não é mais nem uma metáfora: eu comecei não querendo entregar o teatro, quando voltei do exílio, por uma questão até de birra, porque saí de lá à força, com a polícia invadindo etc. e de repente, eu me vi pensando: “não, eu podia fazer exatamente tudo que eu faço em outro lugar, como posso fazer todas as peças que faço noutro lugar, mas, se eu fizer nesse lugar, eu vou ter mais problemas e, conseqüentemente, esses problemas vão me inspirar mais, porque se trata realmente de ver até que ponto existe um poder na cultura e na arte e qual é o confronto que elas estabelecem com as forças reais da sociedade, até que ponto o teatro tem algum poder.”
agora, no princípio de outubro, a peça “os sertões” se apresenta mais uma vez na íntegra. desta vez, no rio de janeiro, depois de ter passado pelo recife e salvador em uma mini-turnê (que infelizmente não inclui belorizontem) a obra se insere na programação da 8º riocenacontemporânea.
para mais informações:
a ditadura militar acabou ou não?
na verdade, fazendo um diagnóstico, o que deixa a gente revoltado diante dessa situação é que no fundo no fundo, todos estão morrendo de medo. o policial não sabe em quem ele bateu, o garoto não pode denunciar porque a polícia pode ameaçar a família, a família quer entregar nas mãos de deus para não continuar tendo problemas com ninguém, nem com a lei da favela, nem com a do governo. e a revolta só sobe de nível, enquanto quem manda no brasil é uma deusa chamada apatia. até quando, isso é o que eu não sei.
quanto custam os seus sonhos?
você no meio de uma guerra mercadológica
11 de setembro – apontamentos para wtc babel
um esclarecimento: não faço nenhuma apologia à morte de 3.000 pessoas, assim como lamento a existência de 800 milhões de telespectadores idiotizados pelo mundo afora. o que me atentou para certos aspectos desse atentado foi me deparar com a situação de que tudo foi mostrado como um grande espetáculo no qual não nos foi mostrado um mortozinho sequer. a mídia dramatizou à exaustão a ausência dos mortos e seus recados derradeiros. todos se indignaram com um atentado que, se a verdade está estampada de fato nas notícias de imprensa (talibã, al-qaeda, fundamentalismos etc), não passa de uma reação ao abuso do poder pelo mundo afora que não cessou nem mesmo com o fim de ditaduras e as declarações de liberdade dos países. todo esse acontecimento nos faz pensar nos 45 anos de guerra fria e suas rebordosas pelos anos 90 e 2000 afora. o que foi essa influência dos EUA sobre o mundo? fazendo um balanço, foi positiva? existe algo de positivo nela? e os poetas, em relação a isso? eles uivam, cássio? vivemos um mundo novo depois da explosão desse aviãozinho no prédio? e o que foi feito da bomba atômica? ela continua nos ameaçando? se continua, essa bomba é aquela que não encontraram no iraque?
tenho muitas perguntas a esse respeito.
11 de setembro: americanos são ótimos críticos dos americanos
curioso como os próprios americanos têm ótimos críticos deles mesmos. uma pena que eles mesmos não ouvem. o vídeo, para quem não sabe, é um trecho do controvertido farenheit 9/11, de michael moore.
um poema de william burroughs
dia de ação de graças, 28 de novembro de 1986
agradeço pelo peru selvagem e os pombos passageiros, destinados a virar merda nas saudáveis tripas americanas.
agradeço por um continente a espoliar e envenenar.
agradeço pelos índios por garantirem uma módica dose de desafio e perigo.
agradeço pelas vastas manadas de bisões para matar e depelar e depois deixar as suas carcaças à putrefação.
agradeço pelos troféus de caça de lobos e coiotes.
agradeço pelo sonho americano, por inventar lorotas até que elas brilhem à luz do dia.
agradeço pela klu klux klan. aos policiais que matam negros e os contabilizam. às decentes beatas de igreja com suas mesquinhas, interesseiras, feias e perversas caras.
agradeço pelos adesivos de “mate uma bicha em nome de jesus cristo.
agradeço pela aids de laboratório.
agradeço pela proibição e pela guerra contra as drogas.
agradeço por um país onde a ninguém é permitido cuidar da seus próprios problemas.
agradeço por uma nação de dedos-duros.
agradeço, sim, todas as lembranças – ok, deixa eu ver o que você tem nas mãos!
você foi sempre uma dor de cabeça e uma encheção de saco.
agradeço pela última e maior traição do último e maior sonho dos sonhos humanos.
(tradução de leo gonçalves)
deixo o original (Thanksgiving Day Nov. 28, 1986) no vídeo de gus van sant
revista zunái