“Um pedaço de pau na água não vira jacaré”.
Ditado africano
Germaine Acogny está reflexiva e dialogante neste espetáculo, que esteve em cartaz por dois dias no Sesc Santos como parte da Bienal Sesc de Dança. O que está em jogo em meio aos seus movimentos, parece ser o lugar da África no mundo de hoje. Um mundo globalizado no qual a vida ávida sonora se confunde com os conceitos que nos construíram. A ideia-clichê de Nicolas Sarkozy de que “o drama da África é que o homem africano não entrou suficentemente na história”, uma falsa verdade, aparece aqui para discutir exatamente isso: o lugar da identidade negra num mundo que parece querer colocar de volta as coisas nos seus supostos lugares.
Germaine diz ser senegalesa e francesa. A plateia ri. Por que? Como aceitar binacionalidades? Como compreender o sentido da diáspora negra hoje? E principalmente (e esse parece ser o sentido da École des sables, sua escola em Dakar), como recriar o olhar identitário ultrapassando os discursos mais comuns e produzindo ali uma beleza que vá para além do mero exotismo?
Colocando em crise as possíveis leituras da identidade, ao final do espetáculo, que assistimos no dia 07 de setembro, Germaine recorda ao público que aquele era o dia da Fête de l’indépendance brasileira. E para celebrar, convida todos a dançarem também. Curioso é que o significado daquela independência parecia estar vazio na plateia. Por que? Quem for brasileiro e souber, que me responda.
que beleza, ein, leo?! abração!