essas traduções ganharam “menção honrorosa” na bienal dos piores poemas, em 2004. parabéns. os autores? claro, eu, a letícia féres e o anderson almeida.
O Mar Português
Fernando Pessoa
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
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Omar, Português
Mar Morto, Mar Mita, Mar Mota
Omar Salgado, quanto do teu sal
Veio salgar meu bacalhau!
Por nos cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantas noivas na mão ficaram!
Quantas moças estão a navegar
Para que fosses o meu Omar!
Foi bom pra você? Se a sardinha não for pequena
Ainda vale a pena!
Quem quer passar a mão no beijador
Tem que pegar no trovador.
Dei, Omar, para o Pedrinho e pro Francisco dei,
Mas como você jamais provei.
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Alma minha gentil, que te partiste
Luiz Vaz de Camões
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alg?a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
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Ó maminha gentil, que te partiste
Para Glauco Mattoso
Cecil B. DeMilus, Sophia DuLoren, Laurinha Trifil
Ó maminha gentil, que te partiste
Tão cedo deste corpo adolescente,
Lembra da tua irmã, discretamente,
E viva eu aqui, sem ti, em riste.
Se lá no lado esquerdo já caíste
E sonhas em voltar aqui pra frente,
E com vergonha a sua dona, deprimente,
Não tem como esconder e fica triste.
E se ainda quiseres reerguer-te
Pois arranjes reforçado sutiã.
Dou-te com bondade esse macete.
É de graça. Mas já sei, caída irmã,
Que por enquanto só vou ver-te
Indo à puta-que-pariu de rolimã.
Tá matando a pau, Leo, maravilha de bolg!