“Os dois poemas (…) formam uma dupla autopalinódica, dando a sensação (curiosa, se pensarmos que palinódia espera uma mudança de posição através do tempo) de que tanto um quanto o outro pode ser o primeiro, e o segundo sua negação, numa espécie de oroboro que já se anuncia no anagrama de “desastres”e “destrezas”. Mas a graça principal está na fuga à dicotomia, à expressão dialética das contrariedades: em resumo, os dois poemas não se completam por oposição; eles são uma complementariedade disjuntiva, que sempre lança um espaço vazio que insiste em separá-los, pondo em xeque o nosso desejo de fechar o sentimento e sua concretização. O amor, como o corpo, é excessicamente concreto em suas dores e delícias, & ao mesmo tempo esquivo, ali onde o corpo falha, onde entra o corpo do outro, onde o próprio corpo é corpo do outro.”
Guilherme Gontijo Flores
A aparição dos meus dois poemas “Os desastres do amor” e “As destrezas do amor” no Escamandro, a convite do Guilherme Gontijo Flores e com a cumplicidade do Adriano Scandolara, Bernardo Lins Brandão e Vinicius Ferreira Barth, que também administram o blog (segunda aparição: a primeira também é recente, com minhas traduções dos poemas lésbicos de Paul Verlaine) já me trouxe algumas alegrias e diálogos interessantes. O encontro com Rosana J. Candeloro, professora de estética na UNISC, no Rio Grande do Sul foi das melhores.
Outra foi a apreciação que você vê citada acima, elogiosa sim, mas mais que isso, leitura das que gosto: afiada com o gume do poema, sem descascá-lo, apenas lançando claro-escuros. Do que agradeço.
Quem quiser ler na íntegra os Desastres e as Destrezas do Amor, é aqui:
/desastres-e-destrezas-do-amor-por-leo-goncalves/