espreita matreiro entre as folhas de relva
essa caça não é presa fácil
silêncio (a pausa exata
entre o salto da caça
e o gesto do caçador)
o cara que caça
acha a faro
o aro da presa
o arco retesa
se ergue se abaixa
o vento uiva em seus ouvidos
e mesmo de olhos abertos
e mesmo de olhos fechados
a flecha voa e acerta de cheio
uma palavra de carne: mutacalambô*
*mutacalambô: um dos nomes do orixá “oxossi” nos terreiros de angola. segundo a tradição, teria sido no local onde caiu a flecha de oxossi é que se fundou a nação de ketu. grande parte dos terreiros brasileiros de umbanda e de candomblé são consagrados a esse importante orixá. alguns o identificam com são jorge (na bahia especialmente), mas na simbiose afrocristã, o mais recorrente é são sebastião, um santo rebelde.
quando se fala em mutacalambô, o caçador, pensa-se automaticamente nas matas e na fartura. mas numa visita recente ao rio de janeiro, percebi que ele tem uma fortíssima presença, talvez em termos de malandragem, naquela cidade conhecida nos tempos coloniais como cidade de são sebastião.
oi, leo. parei aqui só pra dizer que tenho acompanhado com (grande) interesse seu novo sortimento de poemas. quando teremos um novo livro? super-abraço!
salve ricardo,
promessa não é o meu forte.
mas o desejo é de lançar imediatamente.
poesia não falta.
fico feliz pelo interesse e também por saber que você aparece por aí de vez em quando.
abraço.