Arquivo da categoria: Poesia & arredores

Let’s howl!

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Com uma atmosfera intimista, o evento traz os escritores Leo Gonçalves,Joaquim Bührer e o guitarrista e compositor Robsongs, que irão conduzir a noite de quarta-feira, inspirados na poesia e na arte da cultura Beatnik.

Iniciando os trabalhos deste 2016 que promete ser árduo, participo nesta quarta-feira, dia 13 de janeiro, do sarau Let’s howl, organizado pela Lua Palasadany e pelo Guilherme Ziggy. Quero aproveitar para saudar os poetas Amiri Baraka (aproveitando a onda beat do evento) e Juan Gelman, que faleceram há dois anos em datas próximas.

Quando: 13 de janeiro (quarta-feira) – 20h00
Onde: Kabul Bar – Rua Pedro Taques, 124 – Consolação

Ingressos:
R$15:00 Sem nome na lista
RS 10:00 Com nome na lista ou confirmação no evento.

MULHER VIP até às 22h00

Rebeldes e revoltados

Rimbaud

Estamos em tempos de revolta. Caiu na rede, jogou palavras ao vento, à esquerda ou à direita, feminista ou machista, racista ou antirracista, fascista ou progressista, direitista-conservador ou anarquista libertário, passando por todas as nuances de um polo a outro, parece que o sentimento mais disseminado por todas e todos é: a revolta. A rebeldia, no entanto, parece uma promessa esquecida, uma utopia obsoleta, jogada ao relento, adormecida como o adormecido do vale de Rimbaud.

O revoltado está puto. Vai quebrar tudo. Prepare-se. É porrada que ele quer.
O rebelde observa.
O revoltado tem certeza. Foi cometida contra ele a maior das injustiças: roubaram seu pirulito, pediu o café, o café não veio, por que estão gritando a essa hora?

Os olhos do rebelde te devoram e te atravessam. Há um alvo, um plano, um fim. Por isso, ele não tem muitas certezas. Certezas podem se transformar em obstáculos intransponíveis.

Revoltado com o ônibus que passou direto, o homem pôs-se a gritar. Parecia um animal a caminho do sacrifício. Seus motivos eram todos muito corretos. Um homem honesto e branco não pode ser deixado às 4h30 da manhã na rua. Não pode ser desprezado assim por um motorista, não pode ser tratado como uma pulga pedindo carona no meio da noite. Onde está o fiscal desta porra?

“Deve ter ido comer coxinha”, responde, rebelde, um adolescente. Se levanta e vai embora. A pé. “Foda-se o ônibus”, diz.

O homem revoltado é uma bomba, um grito em uníssono, o estouro da boiada.

O rebelde é insubmisso: jamais fará parte do rebanho.

O revoltado está reunindo uma turma de revoltados para surrar Emmett Till, o garoto negro que assobiou para uma moça da turma.

Rebelde, Emmett Till olhou safado para a moça da turma e ela retribuiu com tesão. Um dos revoltados viu tudo e resolveu tomar uma atitude. Estou misturando histórias. Não importa.

O revoltado lincha.

O rebelde incomoda.

O revoltado segue às cegas uma causa, um princípio, uma moral, uma ideologia, um deus.

O rebelde olha ouve fareja tateia saboreia.

Rebelde, Rosa se sentou no banco destinado a pessoas brancas e se recusou a se levantar.

O rebelde, no átrio do templo, quebrou as mercadorias, gritou, esperneou e fez cantar a chibata. Disse que deus não está a venda. Revoltados, os donos das mercadorias pediram a cabeça do rebelde numa bandeja. Chamaram-no de terrorista.

O rebelde foge da multidão, vira herói romântico.

Os fãs de hoje são os revoltados de amanhã. Revoltados lincham seus ídolos quando estes fazem algo inesperado. Rebeldes sempre fazem coisas inesperadas.

Rebeldia fez Rimbaud abandonar a poesia aos 20 anos, logo após revolucioná-la. Revoltada por ter sido trocada por um boy, Mathilde Verlaine acusou o marido de sodomia e de outros crimes, obrigando-o a cumprir uma pena de alguns anos. Na prisão escreveu um poema intitulado “Crimen Amoris”.

O rebelde, em tempos de formalidade, aparece na foto com a gravata torta e o cabelo bagunçado.

O revoltado veste uniforme.

Revoltados amam a ordem, por isso não hesitam em vandalizar, destruir, quebrar e saquear o que veem pela frente. Rebeldes detestam a ordem. Por isso se ausentam dela. Seja para destruir. Seja para preservar.

Obrigados a comer o sal extraído pelos ingleses, indianos caminharam até a praia e declararam o sal um bem da natureza. A ordem era ir ao trabalho de trem. O trem era dos ingleses. Por isso, decidiram ir a pé, proporcionando o caos.

Rebeldes podem conviver com o caos porque sabem que ele é uma etapa rumo a uma vida menos esculhambada.
Rebeldia é estratégia.
Revolta é reação.
Rebeldia é senso crítico e duradouro descontentamento.
Revolta é sangue nos olhos.

Há rebeldes que se revoltam.
Há rebeldes que se rebelam.
Tudo depende da hora.
Revoltados apenas se revoltam, mesmo quando os rebeldes iluminam suas almas com grandes sonhos.
Rebeldia é Tesão.
Revolta é retaliação.
Revoltados querem o polegar para baixo.
Rebeldes mostraram o dedo do meio para o César.

Revoltados só estavam seguindo a ordem, a moral e os bons costumes.
Rebeldes perguntaram por quê e foram punidos por isso.
Revoltados, ao se juntar à massa, esqueceram seus princípios.
Rebeldes não se juntaram à massa, não formaram uma massa, mas uniram-se em favor de uma causa maior.

O rebelde quer o fim do poder instituído.
O revoltado quer instituir um novo poder.

Rebeldes invadiram as escolas e exigiram respeito, transformando-as em algo bem melhor do que eram antes.

Rebeldes mudam a natureza das coisas.

Revoltados se enfurecem.

Jornada dupla no Sesc Ribeirão Preto

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Estarei nos próximos 4 dias em Ribeirão Preto para uma jornada dupla. Primeiro, uma oficina. Depois a performance: Em caso de incêndio queime lentamente.

Poesia. Objeto lúdico.
De 27 a 29 de outubro, no Sesc Ribeirão Preto, sempre às 19h, ministro a oficina “poesia. objeto lúdico.” Projeto que venho inventando desde longa data, o propósito é descobrir a poesia como uma prática experimental. Embora não exista uma didática específica para a criação poética, penso numa oficina como um espaço de trocas, de descobertas. Será esta a nossa brincadeira. Traga seu fogo.

Para mais informações: http://www.sescsp.org.br/programacao/74477_POESIA+OBJETO+LUDICO

Em caso de incêndio queime lentamente
Esta performance que inaugurei em 2013, traz poemas de Use o assento para flutuar. Gosto de estar em cena, e terei o prazer de estar diante da admirada plateia de Ribeirão Preto.

Para saber mais sobre a performance, é aqui: https://salamalandro.redezero.org/performance/em-caso-de-incendio-queime-lentamente/
Para se informar sobre a apresentação, o link do Sesc é: http://www.sescsp.org.br/programacao/74481_EM+CASO+DE+INCENDIO+QUEIME+LENTAMENTE

Jean-Joseph Rabearivelo e sua fala-canto na Modo de Usar e Co.

Jean-Joseph Rabearivelo

O poeta Jean-Joseph Rabearivelo (Madagascar 1901-1936) é uma figura enigmática no contexto da literatura mundial. Com uma imaginação gnóstica, forte influência do romantismo-simbolismo francês, especialmente Rimbaud, Baudelaire e Mallarmé, paixões que ele costumava declarar em seus textos, e uma tendência a transpor para o ambiente malgaxe esse seu gnosticismo, preenchendo de tambores, ritos, tradições e animismo seus poemas, ele pode ser considerado uma espécie de precursor da Negritude de Senghor e Césaire, bem como uma dos poetas mais interessantes do século XX.

Considero seu poema “Ny Tononkira”, escrito simultaneamente em malgaxe e em francês, extremamente significativo para aquilo que venho pensando. Ele aponta, a meu ver, para um projeto de “verbo atuante” tal como eu e meu parceiro Benjamin Abras andamos formulando. Também aponta para a fala-poema, a palavra em movimento, performáticas, das minhas interlocuções com Ricardo Aleixo. Fervuras.

Quem quiser lê-lo, é no: http://revistamododeusar.blogspot.de/2015/08/taducao-inedita-de-leo-goncalves-para.html

LANDSCAPES | improvisos de música e poesia

LANDSCAPES | improvisos de música e poesia

No próximo sábado, dia 15 de agosto de 2015 a partir das 21h, participo do projeto Landscapes | improvisos de poesia e música. Landscapes tem a curadoria de Natália Barros e Benjamim Taubkin.

Nessa edição, participam os poetas Leo Gonçalves e Iara Rennó e músicos Danilo Penteado e Lulinha Alencar.

A ideia é que a música sugira o texto, ou que palavras provoquem canções, e que novas leituras e paisagens sonoras possam surgir do trabalho de cada convidado ao serem interpretadas, sobrepostas ou comentadas, simultaneamente, pelas narrativas dos outros participantes.

Dan Hanrahan e a Língua de Aruanda

Photo: Pablo Urbiztondo
Photo: Pablo Urbiztondo

Conto aqui uma experiência que há muito sinto falta de relatar.

No final de 2013, às voltas com certo projeto, pedi ao meu amigo Dan Hanrahan um favor/desafio, desses que não se faz a qualquer hora nem a qualquer um: que traduzisse alguns poemas meus. Para minha sorte, ele topou. Mas a tarefa, embora não impossível, não era tão fácil. Isso porque os poemas que enviei estavam carregados de jogos de palavras, especificidades da cultura brasileira e, por vezes, palavras de origem africana que tinham grande importância na composição do poema.

Este que foi o começo de um grande diálogo que ainda está em movimento, foi para mim um grande presente. Isso porque Dan logo compreendeu o ritmo daqueles poemas, seus aspectos míticos e ritualísticos, dançou junto comigo, me contou histórias de experiências suas com as tradições negro-atlânticas (voodoo haitiano e arredores) e não só fez um trabalho impecável como também gravou para mim cada poema para que eu conhecesse a sua sonoridade, me presenteando com algo que ambos valorizamos: o registro oral como obra única e com semiótica própria.

Ao final, ele traduziu: “Ofó para o ventre dela [Ofo for her belly]”, “Mutacalambo” e “Língua de Aruanda [Language of Aruanda]”. Para deixar um gostinho da experiência, incluo aqui o poema em inglês (esta tradução já foi publicada na Revista Babelsprech num artigo interessantíssimo de Ricardo Domeneck sobre a poesia brasileira) e sua vocalização. Os demais, guardo para um momento mais provocativo.

Language of Aruanda

my grandmother who was the daughter of a daughter
my grandmother who was the grandma of a grandma
stuttered and sang as a young girl
a song lost in the farthest away
a song that I myself still sing by heart
not knowing what it means
unsure if I sing it right
I know that when I sing
my body hums
my blood flows
and there isn’t an evil eye that survives
this ancient song
that my ancestors carved in the echo
of my grandparents’ voices

*
Dan Hanrahan é poeta, tradutor, compositor, violonista, cantor, performer, dentre uma grande multiplicidade de vidas que encarna na sua forma de estar no mundo. Nascido em Chicago, vive em Baltimore. Crítico ferrenho da falida civilização ocidental, Dan escreve no blogue www.danhanrahan.blogspot.com.br. Acaba de lançar o disco “Three waves”, sobre o qual espero ainda falar por aqui.

Revista Mitocôndria #2: Lançamento

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Participo, no próximo domingo, do lançamento desta revista de que tanto gosto da capa ao miolo, das letras pretas ao editorial, das pessoas envolvidas à forma de fazer.

O lançamento acontece das 10 às 13h do dia 28 de junho, em Belo Horizonte, no Sindicato dos Jornalistas (Av. Álvares Cabral, 400). Ouvi dizer que a palavra vai girar por lá, ferir os ouvidos, limpar os canais da audição.

Apareça.

Discutindo a Relação

Programa Discutindo a Relação

Hoje, sexta-feira, dia 15 de maio, a partir das 21 horas, participo do programa Discutindo a Relação, comandado pelo Marcello Sahea e a Mariana Collares. O assunto do dia é ‘A crise da masculinidade: a construção de um “novo masculino” está na feminização ou na desconstrução do homem’. Para acessar o papo, entre no site da Rádio Elétrica:

www.radioeletrica.com.br

Com Dulcineia Catadora no Circuito Sesc 2015

Dulcineia Catadora no Circuito Sesc de ArtesNos próximos 3 fins de semana (a partir de hoje), integrarei a equipe da Dulcineia Catadora durante o Circuito Sesc Artes 2015.

Para quem não conhece, Dulcineia Catadora é um coletivo que confecciona livretos com capas de papelão. Sempre em contato com o Movimento Nacional dos Catadores de Reciclagem, o grupo valoriza o trabalho do catador, age em defesa da inclusão social e pretende desenvolver o potencial artístico e criativo de seus participantes.

O coletivo, enquanto editora cartoneira, publica autores brasileiros contemporâneos, tanto da poesia quanto do conto.

O Circutio Sesc Artes 2015 acontecerá em diversas cidades ao mesmo tempo. Eu participarei como poeta-animador, ao lado da equipe que estará ministrando oficinas de confecção de livros cartoneiros.

A agenda é a seguinte:
Barra Bonita – 24 de abril, sexta, das 17h às 22h
Praça da Juventude- Avenida Pedro Ometto, s/no – Centro

Taquaritinga – 25 de abril, sábado, das 17h às 22h
Praça da Igreja – Praça Waldemar D ́Ambrósio, s/no – Centro

Matão – 26 de abril, domingo, das 16h às 21h
Parque Ecológico – Avenida Bertolo Biava, s/no

Andradina – 1º de maio, sexta, das 17h às 22h
Praça Antônio Joaquim de Moura Andrade, s/no – Centro

Araçatuba – 2 de maio, sábado, das 17h às 22h
Praça Getúlio Vargas, s/no – Centro

Penápolis – 3 de maio, domingo, das 16h às 21h
Praça Carlos Sampaio Filho

Cajuru – 8 de maio, sexta, das 17h às 22h
Praça Largo São Bento – Centro

Barretos – 9 de maio, sábado, das 17h às 22h
Praça Nove de Julho, s/no (Rua 34, entre avenidas 25 e 23)

Jaboticabal – 10 de maio, domingo, das 16h às 21h
Esplanada do Lago, no 160 – Vila Serra

Os eventos e as oficinas serão todos gratuitos. Quem estiver por lá, venha falar-vociferar-vocalizar-cantar-fazer-viver poesia comigo.

Para saber mais sobre a Dulcineia, é no site: www.dulcineiacatadora.com.br

Para saber mais sobre o Circuito Sesc 2015, é no: www.circuito.sescsp.org.br/sobre-o-circuito/