Todos os posts de Leo Gonçalves
tonico mercador homenageia allen ginsberg
quem fala de mim tem paixão
rodrigo chorinho
faço parte de uma geração privilegiada. em belo horizonte, convivo com alguns dos melhores músicos do país. aqui ainda não se tornou um grande pólo como difusão de discos, mas os artistas vivem sendo exportados. kristoff silva, érika machado, vítor santana, regina spósito, dudu nicácio, makely ka e maysa moura, marina machado, o sérgio pererê e o grupo tambolelê. a lista não acaba.
mas hoje eu quero falar de rodrigo torino. fui ontem ver a apresentação que ele fez lá no teatro francisco nunes. no programa, chorinho. principalmente composições dele. mas também: guinga, joão gilberto, maurício carrilho e baden powell.
rodrigo foi o ganhador do prêmio bdmg jovens instrumentistas. faz o curso do mestre maurício carrilho no rio de janeiro, onde aprende a fazer um choro moderno, diferente daquela coisa folclórica que (embora linda) sempre acaba ficando.
o que me pareceu surpreendente foi que, aquele músico tímido que conheci há mais de dez anos se tornou agora um artista completo. um compositor pronto, com senso de grupo e boa regência de toda a música no ato de tocar os arranjos feitos pelo grupo (um amigo me dizia que música só é música quando tocada ao vivo e a cores) – o que se revela principalmente nas composições dele. músicas como “duas saudades” trazem todo um gostinho brasileiro irmão de grandes mestres. há também outras composições como “em três”, onde os acordes delicadamente dissonantes se combinam com o compasso ímpar.
quando o assunto é interpretar, o cara não deixa para menos. me delicio em dizer que peças de baden, guinga e joão gilberto não são as mais bonitas do repertório. mas nelas também se revelam os bons instrumentistas da banda que faço questão de nomear aqui: dudu braga (cavaquinho), alaécio martins (trombone), nilton moreira (flauta), ramon braga (bateria e percussão), a participação especial do baixista italiano tommaso montagnanni e o próprio rodrigo torino (violão de sete cordas). vão dizer que sou suspeito para falar? então tome uma palhinha no my space:
what can i hold you with? (um poema inglês de jorge luis borges)
eu te ofereço estreitas ruas, poentes desesperados, a lua dos subúrbios gastos.
eu te ofereço a lealdade de um homem que nunca foi leal.
(tradução: leo gonçalves)
Festival de Inverno UFMG, Diamantina – 2007
agoral: poesia e pensamento no centro do agora.
turma bonita: oficina “a arte do poeta” com antônio cícero
rufo herrera: palestra-show sobre o bandoneon. poesia em foles: fôlego.
família reis, choro diamantinense, bonito e sofisticado feito por mãos simples.
capim seco, cantando no escuro.
voz linda da cantora. timbre raro. mpb e clássicos da mpb.
ficamos sonhando ouvir as músicas da banda.
mas a promessa já foi feita.
“por que você não rasga essas cartas de amor?”, ela dizia.
é a fabrícia. ela não tem só cara, ela é rebelde mesmo. sarau agoral: poesia aqui e agora.
luciana tonelli, vera casa nova e álvaro andrade garcia, trio de gente bacana. no cabana.
um poema de antonio cicero
guardar
guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
em cofre não se guarda coisa alguma.
em cofre perde-se a coisa à vista.
guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela,
isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela.
por isso melhor se guarda um vôo de um pássaro
do que um pássaro sem vôos.
por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
para guardá-lo:
para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
guarde o que quer que guarda um poema:
por isso o lance do poema:
por guardar-se o que se quer guardar.
39º festival de inverno da ufmg
belvedere bonito de ver
chacal explica:
belvedere é um lugar que você vai para ver a vista. tinha um no final da serra das araras, na rio-são paulo, onde eu parava sempre que ia para Mendes com a minha família nas férias. naquele tempo, as viagens de carro eram custosas. depois de algumas horas rodando, chegávamos ao belvedere. era a festa. comer, beber, correr. assim é que eu me sinto aqui neste livro. depois de 36 anos de exercício poético e 13 livros publicados, dou essa parada estratégica para ver a vista. espero que você, leitor, possa se alimentar e se divertir, possa ler, ver e ouvir.
saravá! evoé!
acho que cai bem pra ocasião, o penúltimo poema do primeiro livro dele: o muito prazer.
sorte
hoje deu meu número na roleta da vida