Afra
Ressurges dos mistérios da luxúria,
Afra, tentada pelos verdes pomos,
Entre os silvos magnéticos e os gnomos
Maravilhosos da paixão purpúrea.
Carne explosiva em pólvora e fúria
De desejos pagãos, por entre gnomos
Da virgindade — casquinantes momos
Ruído da carne já votada à incúria.
Votada cedo ao lânguido abandono,
Aos mórbidos delíquios como ao sono,
Do gozo haurindo os venenosos sucos,
Sonho-te a deusa das lascivas pompas,
A proclamar, impávida por trompas,
Amores mais estéreis que os eunucos.
(de broquéis, primeiro livro de cruz e sousa)