Para ler Allen Ginsberg, assim como William Burroughs e Lawrence Ferlinghetti, é preciso esquecer a geração beat. Perdemos muito tempo tentando entender o que foi o movimento poético-cultural datadíssimo que conquista seguidores anacrônicos em pleno século XXI. Tratá-lo como um beatnik é enfileirá-lo na prateleira das coisas domesticadas ou em vias de. Perde-se assim todo o poder operatório da sua linguagem. Não. Ginsberg é como Rimbaud. Sem labels. Deixe o uivo vibrar nos seus tímpanos primeiro. E depois veja o que acontece.
Estou dizendo isso como uma resposta ao apaixonado comentário do amigo Ricardo Domeneck, que transmitiu a notícia deste filme que eu desconhecia. Howl (2010), dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman. No papel de Allen Ginsberg, o ator James Franco interpreta incrivelmente o tom de voz e o estilo sarcástico-bem-humorado.