O disco é do caralho! O título já de cara avisa que aí vem homenagem. Não, não é aos beatles. São os ieieiê daqui: Roberto e Erasmo Carlos e toda a turma da jovem guarda. Umas leves pitadas de Cauby Peixoto disfarçadas entre os gritos do cantor. Mas não é um revival dos anos doirados.
Os ritmos têm aquele gostinho de rock romântico e sonhador dos anos oitenta. Aqueles mesmos anos que a gente passava ouvindo Titãs Cabeça Dinossauro Sonífera ilha. Quem cresceu nos anos oitenta põe o dedo aqui. Lembra daquela batida de rock quadradona, aquele rock para ousados cabeludos de cabelo repicado? E aquelas músicas de dançar a dois que a gente chamava de “música lenta”. Esperávamos ansiosos pelo Rock’n Rio, não podia aparecer mulher pelada na televisão, palavrão era censurado até no meio da rua e acreditávamos em tudo o que dizia o Forastieri na revista Bizz.
Felizmente, hoje só quem for bobo se guia por revistinhas de showbizz. O mundo está todo disponível para o nosso gozo que pode ser aqui agora, basta dar um clique. E já não existe mais o showbizz. Tudo é vida. Tudo respira e pira. Milhões de discos, palavrões, dores de cotovelo e mulheres peladas são gravados, fotografados e lançados na rede a cada minuto. Sempre para o nosso gozo. Isso, é claro, sem deixar o mundo que sempre existiu. E é deste mundo que o Iê iê iê fala.
onde é que eu fui parar
aonde é esse aqui
não dá mais pra voltar
porque eu fiquei tão longe
onde é esse lugar
aonde está você
não pega celular
e a terra está tão longe
(da música “Longe”)