Arquivo mensais:agosto 2007
chacal em bh
andityas soares de moura
Língua de fogo do não
Taciturnos até. Dão “bons dias”
por obrigação e recato.
Riem à toa – como patetas – e morrem.
Morrem como quem nunca quis nada.
É indecente o poema.
………………..
john cage em belo horizonte
p. leminski completaria hoje 63 anos
lançamento do jornal dez faces
ballad of skeletons – uma saudação a allen ginsberg
(música de paul mc cartney e vídeo de gus van sant)
não macule a minha faca
“quem com letícia féres, confere e será querido”.
imperdível. nas terças poéticas: jardins internos do palácio das artes. hilda hilst homenageando letícia féres. letícia féres homenageando hilda hilst. poesia em alta voltagem. samplermusic & videocolagem. julius. frederico pessoa. poesia hoje. queria conseguir dizer mais. mas precisa? vá lá e comente depois aqui comigo, vai.
à amada esquiva
dessem-nos tempo e espaço afora
não fora crime essa esquivez, senhora.
sentar-nos-íamos tranqüilos
a figurar de modos mil os
nossos dias de amor. eu com as águas
do humber choraria minhas mágoas;
tu podias colher rubis à margem
do ganges. que eu me declarasse
dez anos antes do dilúvio! teus
nãos voltar-me-iam a face
até a conversão dos judeus.
meu amor vegetal crescendo vasto,
mais vasto que os impérios, e mais lento,
mil anos para contemplar-te a testa
e os olhos levaria. mais duzentos
para adorar cada peito,
e trinta mil para o resto.
um século para cada parte,
o último para o coração tomar-te.
pois, dama, vales tudo o que ofereço,
nem te amaria por mais baixo preço.
mas ao meu dorso eu ouço o alado
carro do tempo, perto, perto,
e adiante há apenas o deserto
sem fim da eternidade.
tua beleza murchará mais tarde,
teus frios mármores não soarão
com ecos do meu canto: então
os vermes hão de pôr à prova
essa comprida virgindade,
tua fina honra convertendo em pó,
e em cinzas meu desejo. a cova
é ótimo e íntimo recanto. só
que aos amantes não serve de alcova.
agora, enquanto pousa a cor
da juventude em ti como na flor
o orvalho, enquanto por
todo poro teu a alma transpira
com urgentes fogos,
entreguemo-nos aos jogos
do amor e, amantes aves de rapina,
antes de um golpe devoremos nosso tempo
que enlagueçamos em seu lento
queixo. enrolemos nosso alento
e suavidade numa só esfera.
e rasguemos prazeres como feras
pelos portões férreos da vida.
assim, se não sustamos nosso sol,
ao menos o incitamos à corrida.
é do andrew marvell (1621 – 1678) to his coy mistress,
e a tradução é de augusto de campos (verso, reverso, controverso. ed. perspectiva, 1978)