Arquivo mensais:junho 2013

Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos

vinagre

Eu e mais essa lista de vândalos abaixo estamos nesta antologia organizada pelo meu bróder Fabiano Calixto, excelente ideia inventada no calor dos primeiros protestos brasileiros do mês de junho. A publicação já está na segunda edição e só pode ser lida online, mas já está rendendo muito assunto, com direito a cobertura das Folha de S.Paulo e da Gazeta, além de um convite para a mesa extra da Flip, criada depois das primeiras manifestações.

Leia nos seguintes endereços:
Mediafire
Calameo
Escamandro
– Aqui no Salamalandro

Adalberto do Carmo
Ademir Demarchi
Adriano Scandolara
Airton Souza
Alberto Lins Caldas
Alberto Pucheu
Alex Simões
Alexandre Guarnieri
Alexandre Lettner dos Santos
Alexandre Revoredo
Amandy González
Ana Lucia Silva
Anderson Lucarezi
André Fernandes
André Luiz Pinto
Andréa Catrópa
Baga Defente
Bárbara Lia
Beatriz Azevedo
Beto Cardoso
Bettto Kapettta
Bruno Gaudêncio
Bruno Latorre
Bruno Prado Lopes
Caetano Minuzzo
Caio Fernando
Camila do Valle
Camillo José
Cândido Rolim
Carina Castro
Carla Kinzo
Carlito Azevedo
Carlos Antonholi
Carlos Eduardo Marcos Bonfá
Carolina Tomasi
Cecília Borges
Chris Oliveira
Cide Piquet
Cinthia Kriemler
Cláudio Portella
Danielle Takase
Danilo Tobias
Davi Araújo
Denis Moreira da Costa
Diego de Sousa
Diego Vinhas
Dimitri Rebello
Diogo Mizael
Dirceu Villa
Domenico A. Coiro
Donizete Galvão
DouglaSouza
DuSanto
Edson Bueno de Camargo
Eduarda Rocha
Eduardo Sterzi
Elaine Pauvolid
Emmanuel Santiago
Érica Zíngano
Fabiano Calixto
Fabiano Fernandes Garcez
Fabiano Maffia Baião
Fábio Aristimunho Vargas
Fábio Gullo
Fabrício Corsaletti
Felippe Regazio
Flávio Corrêa de Mello
Fred Girauta
Gabriel Pedrosa
Geovani Doratiotto
Gigio Ferreira
Giuliano Quase
Graça Carpes
Guilherme Gontijo Flores
Guilherme Salla
Hélio Neri
Heyk Pimenta
Igor Alves
Israel Antonini
Ivan Antunes
Jeanne Callegari
Jessica Balbino
Jéssica Chelsea Cassiano Alves
João Campos Nunes
Jorge de Barros
José Antônio Cavalcanti
Jota Mombaça
Júlia de Carvalho Hansen
Julia Mendes
Juliana S. Müller
Jussara Salazar
Katerina Volcov
L. Rafael Nolli
Lara Amaral
Leandro Rafael Perez
Leandro Rodrigues
Leo Gonçalves
Leonardo Chioda
Lisa Alves
Lucas Bronzatto
Luciana Miranda Penna
Maiara Gouveia
Makely Ka
Mamede Jarouche
Marcelo Ariel
Marcelo Noah
Marcelo Sandmann
Márcio-André
Marco Cremasco
Marcos Visnadi
Marcus Oliveira
Mariela Mei
Maykson Sousa
Micheliny Verunschk
Nairana Melo
Nícollas Ranieri
Nina Rizzi
Nydia Bonetti
Orlando Lopes
Paula Corrêa
Paulo de Toledo
Pedro Marques
Pedro Tostes
Rafael Courtoisie
Raphael Gancz
Renan Inquérito
Renan Nuernberger
Renan Virgínio
Ricardo Domeneck
Ricardo Pedrosa Alves
Ricardo Rizzo
Rodrigo Garcia Lopes
Rodrigo Lobo Damasceno
Rodrigo Moreira Pinto
Roque Dalton
Rosana Banharoli
Rosane Carneiro
Rubens Guilherme Pesenti
Rubens Zárate
Sandra Santos
Sérgio Bernardo Correa
Silvana Tavano
Simone Brantes
Takeshi Ishihara
Tarsila Mercer De Souza
Thadeu C. Santos
Thiago Cervan
Thiago Galdino
Thiago Mattos
Tiago Cunha Fernandes
Tiago Pinheiro
Tito de Andréa
Vânia Borel
Waldo Motta
Walter Figueiredo
Wladimir Cazé
Zeca Lembaum

Celuzlose 03 (versão impressa)

Celuzlose_03iConviteCR

A Celuzlose é uma revista semestral, organizada pelo poeta Vítor Del Franco, lançada a cada edição numa mídia diferente, alternando entre o digital e o impresso. Este novo número traz poemas inéditos meus e trabalhos de um elenco para lá de bacana.

O lançamento, que será no dia 04 de julho a partir das 19h na Casa das Rosas (Av. Paulista, 37 – Bela Vista).

Para saber mais notícias, acesse o:
www.celuzlose.blogspot.com.br

Aimé Césaire 100 anos

aime_cesaire-9

Para celebrar o centenário de Aimé Césaire no dia do seu aniversário (o dia 26 de junho, data que não gosto de deixar passar em branco), um poema dele em tradução fresca e úmida, publicado originalmente em seu livro Moi, laminaire.

dorsal bossal

existem vulcões que falecem
existem vulcões que permanecem
existem vulcões que só estão lá para ficar ao vento
existem vulcões loucos
existem vulcões bêbados à deriva
existem vulcões que vivem em matilhas e vigiam
existem vulcões cuja goela emerge de tempos em tempos
verdadeiros cães do mar
existem vulcões que velam a face sempre nas nuvens
existem vulcões esparramados como extenuados rinocerontes
em que se pode apalpar o bolso galáctico
existem vulcões pios que elevam monumentos à glória dos povos desaparecidos
existem vulcões vigilantes
vulcões que uivam
montando guarda às portas do Kraal dos povos adormecidos
existem vulcões fantásticos que aparecem
e desaparecem
(são jogos lemurianos)
não esquecer os que não são os menores
os vulcões que nenhuma dorsal jamais recuperou
que de noite os rancores se constroem
existem vulcões cuja forma da boca tem a medida exata da ferida antiga

*

Il y a des volcans qui se meurent,
Il y a des volcans qui demeurent,
Il y a des volcans qui ne sont là que pour le vent,
Il y a des volcans fous,
Il y a des volcans ivres à la dérive,
Il y a des volcans qui vivent en meute et patrouille,
Il y a des volcans dont la gueule émerge de temps en temps, véritable chiens de la mer,
Il y a des volcans qui se voilent la face, toujours dans les nuages,
Il y a des volcans vautrés comme des rhinocéros fatigués dont on peut palpés la poche galactique
Il y a des volcans pieux, qui élèvent des monuments à la gloire des peuples disparus,
Il y a des volcans vigilants, des volcans qui aboies montant la garde au seuil du Kraal du peuple endormis,
Il y a des volcans fantasques, qui apparaissent et disparaissent, ce sont jeux lémuriens,
Il ne faut pas oublier, ceux qui ne sont pas des moindres, les volcans qu’aucune dorsales n’a jamais repérés
Et dont, la nuit les rancunes se construise
Il y a des volcans, dont l’embouchure, est à la mesure exacte de l’antique déchirure

Tradução de Leo Gonçalves

Aimé Césaire em Moi, laminaire.

A revolta do vinagre ou “não temos tempo de temer a morte”

df

 

Muita gente anda dizendo que não está entendendo nada. Da coluna do Antonio Prata na Folha ao pronunciamento da presidente sobre as manifestações de segunda-feira, todos parecem querer dizer a mesma coisa: “não estou entendendo nada”. O poeta Carlito Azevedo postou numa rede social: “Quem não estiver confuso não está bem informado”. A frase, que ele encontrou num dos cartazes da manifestação, foi originalmente dita pelo detestável Delfim Neto por ocasião da crise mundial. Como lembrou minha amiga Fabiana Motroni no twitter, nada mais apropriado para ambos os casos.

Mas será realmente tão difícil compreender o texto e o subtexto de todas as falas e gritos de revolta pelas ruas do país? Vinte centavos foram a gota d’água de uma série de abusos que vêm nos acompanhando incessantemente há mais ou menos uns 500 anos. Um dia o caldo entorna, e vinte centavos passam a ser uma fortuna incontornável.  Muito sobre isso já foi dito. Que não é esse o primeiro protesto decorrente de um aumento nos preços das passagens. Que o movimento pelo passe livre não é novo.

O que talvez não tenha sido dito ainda em palavras explícitas e reunidas num canto só é:

“Nesses vinte centavos, vocês querem mais uma vez nos fazer de otários. Não aceitaremos isso mais.”

E eis o texto que acompanha:

“Há tempos estamos saindo às ruas. São inúmeras as marchas. Marcha contra Belo Monte. Marcha das vadias. Marcha contra Marcos Feliciano. Marcha contra Renan Calheiros. Marcha contra a corrupção. Marcha contra a Pec 37. Marcha contra o genocídio de índios. Marcha pela melhoria da educação. Marcha contra a desapropriação da Aldeia Maracanã. Marcha disso, marcha daquilo.

Mas vocês não ouvem. Gritamos e vocês fazem ouvidos moucos, fingem-se de surdos. Fingem que não é com vocês.

Disseram e sustentam que esta é uma democracia. Mas sabemos que para vocês o país só é democrático na época das eleições. Somos obrigados a ir às urnas para escolher entre o ruim e o pior. Não bastasse isso, não se sentindo satisfeitos com a democracia de aparências, vocês procuram os desfavorecidos para comprar seus votos. Vocês já têm as cartas marcadas e nos querem usar para validar a sua democracia.

Então um dia, saímos para reclamar e vocês nos jogam na cara suas bombas de gás lacrimogênio, seus sprays de pimenta, suas balas de borracha, seus militares-cães-de-guarda e pensaram que iríamos nos acovardar. Mas nós nos cansamos, caros políticos. Não nos acovardamos desta vez. Saímos aos milhares e vocês fizeram suas demonstrações de guerra contra nós. Provaram que estão mentindo. Nós não queremos  a sua truculência. E por isso agora já somos milhões.

Podem usar a mídia para confundir os confusos, mas vocês não conseguirão conter a fúria de um povo abusado. Como diz um verso do Chico Science: “um homem roubado nunca se engana”. Estamos cansados.

Estamos cansados dessa política que é definida pelas empresas privadas, pelos capitalistas interessados, pelos altos lucros das megaempresas.

Estamos cansados de política tratada como negócio.

Estamos cansados de manipulação das informações.

Não somos crianças. Não somos idiotas. Chega de abusar da nossa paciência.

Presidente, você não tem coragem para admitir que seu país está iniciando uma insurreição e quer tratar os protestos apenas como mais uma onda de “marchas”. Você se finge de tola, mas sabe muito bem que seus panos quentes não resolverão. Queremos que você ouça as lideranças do seu país. Queremos que você converse com os índios, as mulheres, os negros, os representantes das classes. Não queremos que você seja só uma gerentona. Queremos alguém capaz de enxergar a vida para além da economia. Se quiséssemos só uma gerente, teríamos eleito um ministro da economia e não uma presidente.

Governadores, não queremos que sua polícia militar garanta a segurança de outro que não nós. Avisamos que se continuarem soltando seus cães contra nós, vocês correm o risco de que eles também se unam à nossa causa. Porque a nossa causa é também a deles. Vocês também os exploram. Os treinaram para serem cães, mas mesmo os cães quando maltratados um dia se voltam contra seus donos.

Prefeitos, não queremos que vocês vivam com as calças abaixadas para as oligarquias do transporte. Não queremos nosso dinheiro investido na Copa do Mundo quando milhões de pessoas morrem de fome, de pobreza e de falta de educação. Não queremos a cidade vendida e loteada para que só alguns ricaços apodreçam de tanto ganhar dinheiro às nossas custas.

Senadores, deputados, vereadores, não queremos que vocês votem mais leis contra nós mesmos. Não queremos Cura Gay. Não queremos Ato Médico. Não queremos impunidade. Não queremos, sobretudo, pagar tantos milhões ao ano para sustentar vocês.

Estamos cansados!”

 

É isso que dizem os cartazes. Quem não entendeu, ou é porque é mais conveniente, ou é porque não quer ver, ou é, ainda, porque preferem ter esperanças numa possível burrice dos participantes. O que talvez dê no mesmo.

A nova poesia brasileira vista por seus poetas

A nova poesia brasileira vista por seus poetas - Suplemento Literário de Minas Gerais

No próximo sábado, dia 15 de junho, será lançado na livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99 – Belo Horizonte) o número especial do Suplemento Literário de Minas Gerais. Nesta edição, 54 poetas indicam trabalhos de poetas nascidos depois de 1960 que mais lhes tenham marcado.

Participo desta edição com a seleção do poema “Lagos” da Mônica de Aquino, seguido de um comentário. Tarefa sempre difícil a de selecionar um poema dentre tantos que me marcaram. Para o meu gosto, faltaram poemas de Bruno Brum, Ricardo Aleixo, Anderson Almeida, Marcelo Sahea, Marcelo Ariel, Ricardo Silvestrin, Ronald Augusto, Luciana Tonelli, Michelle Campos, Jorge Emil e tantos outros!

Em todo caso, a edição está excelente. Esperemos que outras dessa apareçam em breve.

Quem não puder ir ao evento, pode baixar aqui mesmo (basta clicar na imagem). Quem puder, não deixe de adquirir seu exemplar impresso. É gratuito e a edição é histórica.

O que: Lançamento do número especial do Suplemento Literário de Minas Gerais
Onde: Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99 – Belo Horizonte)
Quando: Sábado, dia 15 de junho a partir das 11h